Práticas comprovadas sobre como fazer um ótimo Projeto Elétrico

Eng. Jonathan Degani

Escrito por Eng. Jonathan Degani

28 de março 2019| 10 min. de leitura

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Práticas comprovadas sobre como fazer um ótimo Projeto Elétrico

O projeto elétrico vem se tornando cada vez mais importante com o aumento do número de pontos e da complexidade do sistema elétrico das edificações. Por isso, deixou de ser um projeto opcional para ser um projeto essencial.

Neste artigo apresento pontos importantíssimos que devem ser observados na elaboração de um projeto elétrico. Ao ler este artigo você terá insights de como melhorar seus projetos elétricos e torná-los mais completos e úteis.

Mostrarei de forma prática o que um bom projeto deve conter e entrarei em mais detalhes importantes como:

  • o que apresentar em uma lista de materiais;
  • o que levar em consideração na ponderação o de carga;
  • a importância do DR, DDR e DPS;
  • outras dicas preciosas.

Vamos iniciar com o que você não pode deixar de fora do seu projeto elétrico:

O que o seu projeto elétrico precisa que ter

Além da planta baixa com as tubulações e fiações representadas o que mais o seu eletricista gostaria de receber?

Na empresa em que trabalho, usamos vistas de cada parede para representar a posição exata (X,Z) de cada ponto de luz (água, mobília, lógica, ar, etc) que irá naquela parede. Com as cotas que indicam a posição em relação ao canto da parede e ao chão, o eletricista terá as informações de posição de maneira mais clara e direta.

projetos elétricos

O método tradicional de representar as alturas dos pontos em planta baixa dá mais margem para erro na interpretação. Ele ainda deixa a planta baixa muito poluída caso sejam representadas todas as cotas necessárias.

Além das plantas mais detalhadas, o que mais o eletricista não pode ficar sem?

O diagrama unifilar é essencial para que o eletricista possa ter uma visão macro dos circuitos. Além disso, ele também contribui no entendimento da distribuição das fases em circuitos com duas ou três fases.

Se possível, use cores para facilitar a distinção de símbolos. Um projeto todo em preto e branco é mais difícil de se identificar e localizar pontos e símbolos do que um onde cada tipo de símbolo está em uma cor distinta.

E o que mais podemos entregar junto com os nossos projetos?

Uma lista de materiais detalhada

Para quem executará o seu projeto elétrico, em geral um profissional terceirizado no contexto da obra, tempo é algo muito importante. Quanto menos tempo ele precisar ficar na sua obra, mais produtivo ele se torna e, se bem negociado, menos ele precisará lhe cobrar.

Então, o que podemos fazer para agilizar ainda mais o trabalho do eletricista?

Sem dúvida é entregarmos todos os materiais necessários para que ele execute o seu trabalho. Não ter que procurar ou sair para comprar materiais que estão faltando irá acelerar o processo. Para isso precisamos entregar uma lista de materiais o mais detalhada, específica e correta possível.

Mas que nível de especificação devo ter nestas listas de materiais?

A resposta é: quanto mais específico menos erros ocorrerão. Por isso, se você souber a marca, o nome do modelo, a cor e até onde se vende, indique na sua lista para facilitar o acerto.

Mas você deve estar pensando: eu tenho que fazer tudo isso na mão?

Não! Por isso vamos ver algumas opções de softwares que podem ajudar você:

Softwares de projeto elétrico

Para auxiliar no detalhamento de seus projetos, nos quantitativos e até no equilíbrio de fases, você pode utilizar diversos softwares.

como fazer projeto elétrico 2

Na hora de escolher o software de trabalho leve em consideração alguns fatores como:

  • adequação a norma brasileira (NBR 5410);
  • possibilidade de simulação dos circuitos;
  • detalhamentos de entrada;
  • representação gráfica 3D;
  • se exporta em .IFC;
  • disponibilidade de atualizações e materiais para estudo, etc.

Eu uso o QiBuilder Elétrico para dimensionamento e elaboração dos detalhamentos de entrada, lista de materiais e simulação de circuitos. Ele já traz uma biblioteca atualizada da grande maioria de componentes e tipos de entrada de energia para cada concessionária do Brasil.

Já para a representação gráfica, é mais fácil trabalhar no Revit ou no SketchUp. Por isso uso estes programas para gerar as minhas vistas de cada parede e para apresentar o 3D do projeto na tela do computador ou no tablet para os executores.

Até se adaptar ao software, preste atenção aos resultados do cálculo de cargas.

Cálculo de Cargas

Dependendo dos parâmetros inseridos no software, o resultado do cálculo de cargas pode ser superdimensionado. Por isso é sempre bom ter em mente o padrão de uso do prédio que você está projetando.

como fazer projeto elétrico

Se o prédio que você está projetando é comercial, por exemplo, é provável que todos os espaços ou equipamentos sejam usados ao mesmo tempo. No caso de um prédio residencial é diferente pois cada morador tem horários e usos diferentes e dificilmente usarão todos os cômodos do apartamento ao mesmo tempo.

Como você pode perceber, no caso de uso comercial não se pode reduzir tanto a previsão de carga demandada quanto no uso residencial. Por isso, analise bem os parâmetros do seu programa. Certifique-se de que ele não está nem considerando uma demanda muito baixa para a carga instalada e nem uma demanda muito alta quando se pode ponderar.

Aprovação de Projetos

Atente-se aos prazos de aprovação de projeto, pois isto pode interferir na data da inauguração do prédio. Muitas concessionárias pedem uma antecedência de até 120 dias para análise de carga na rede e levam mais de 60 dias para aprovarem o projeto. Por estes motivos, aconselho pedir a análise de carga assim que você for contratado e dar entrada no projeto o quanto antes.

Isso pode definir a inauguração do prédio e causar incômodos e gastos como aluguel de geradores. Em geral é permitido fazer o pedido de ligação provisória para a construção. Este pedido leva bem menos tempo para ser atendido e garante que o prédio tenha energia pelo menos para atender à obra.

DR, DDR e DPS

Qual a diferença e para que servem?

Vamos começar pelo DR, Diferencial Residual. Ele basicamente mede o tanto de energia que “sai” da fase e compara com o que “entra” no neutro. Havendo alguma diferença ele desarma pois presume que alguém pode estar levando um choque. A sensibilidade do DR à fuga de corrente pode variar conforme especificação do dispositivo.

O DPS, Dispositivo de Proteção contra Surtos, é um dispositivo que entra em ação em caso de um pico ou sobrecarga na rede como no caso de descarga atmosférica. Ele se localiza no quadro de distribuição e está ligado a um aterramento para onde a corrente do surto é direcionada instantaneamente para o sistema de aterramento.

E o DDR, o que é?

Agora que você já conhece o DR, o DDR é a junção de um DR com um disjuntor comum. Com isso, o DDR é capaz de proteger de sobrecorrentes, picos de corrente e fuga de corrente ao mesmo tempo.

Além do sistema elétrico, você deve saber quais os sistemas irmãos e que cuidados tomar com eles.

Lógica, Automação, Segurança

E, para finalizar este artigo, gostaria de lembrar de alguns sistemas que andam juntos ao sistema elétrico. O sistema lógico, por exemplo, depende de alimentação. Portanto, sempre onde houver um ponto lógico, deverá haver um ponto de energia também.

Estendendo este conceito, podemos usar a mesma analogia com os pontos de automação e segurança. Todos estes sistemas dependem do sistema elétrico. Portanto, não esqueça de compatibilizar estas disciplinas.

Outra questão importante é atender à NR 10 de segurança e se atentar para a possível interferência eletromagnética entre a rede elétrica e os cabos de dados. Evite usar a mesma tubulação para levar a rede elétrica e uma rede de dados.

Espero que você tenha gostado do artigo e que melhore seus projetos elétricos com as dicas e insights compartilhados aqui.

Eu gostaria muito de saber quais dicas você tem a respeito dos projetos elétricos. Compartilhe suas dicas nos nossos comentários.