BIM 5D promete agilidade e precisão para extração de quantitativos

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Escrito por AECweb

31 de maio 2024| 8 min. de leitura

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BIM 5D promete agilidade e precisão para extração de quantitativos

Do AECweb

As aplicações da modelagem da informação da construção avançam na área de suprimentos e de orçamentação. Conheça as vantagens!

A elaboração do orçamento para a construção de um empreendimento é uma atividade de alta criticidade que, quando feita da forma convencional, demanda muito tempo e esforço, além de estar bastante suscetível a retrabalhos.

A necessidade de eliminar tais dificuldades vem motivando muitas construtoras e incorporadoras a aproveitarem o BIM (Building Information Modeling) para uma aplicação que vai além da análise de interferências (clash detections) e da elaboração de planejamentos. Estamos falando sobre o BIM 5D, dimensão na qual é acrescido ao modelo 3D a variável custo.

Cada vez mais presente na construção civil brasileira, o BIM consiste em uma metodologia que reúne tecnologias e processos integrados para a criação, utilização e atualização de modelos de informação de uma construção, de modo colaborativo.

“O BIM é a base da transformação digital no setor de arquitetura, engenharia e construção. Ele promove vantagens significativas para as empresas, como economia de tempo, otimização da mão de obra, redução de retrabalho e melhor aproveitamento dos dados para tomadas de decisões mais precisas e de forma antecipada”, define Priscila Sotto, gerente de projetos executivos da MPD Engenharia.

Como o BIM adiciona precisão e agilidade à elaboração de orçamentos?

A extração de quantitativos a partir de um modelo 3D é entendida como uma das aplicações do BIM com mais potencial para agregar valor para construtoras e incorporadoras. “Há um interesse muito grande por parte das empresas, o que é muito bom, uma vez que o orçamento reflete a saúde financeira do empreendimento e, por consequência, da própria companhia”, afirma Rosângela Castanheira, sócia da Tríade Engenharia de Custos e especialista em orçamentos de obras.

Os motivos que explicam esse interesse das construtoras são múltiplos. Entre elas, a possibilidade de redução de retrabalho e o aumento de agilidade na produção de orçamentos. Segundo cálculos da Tegra Incorporadora, quando executado do modo convencional, o levantamento de quantitativos pode demandar cerca de 75% do tempo de execução do orçamento. Com o BIM isso é otimizado drasticamente.

Além disso, a modelagem cria a possibilidade de que o orçamento seja atualizado constantemente. Isso significa que quando alterações são realizadas no projeto — situação muito comum — o orçamento também é alterado automaticamente.

Existem, ainda, outras vantagens associadas ao uso do BIM pelas equipes de orçamentos. É possível citar a redução de erros na extração de quantidades e o controle orçamentário mais visual, facilitando o entendimento e diminuindo possíveis erros.

Além da extração de quantidades, as informações do modelo BIM podem ajudar em processos de validação do orçamento, fazendo uma dupla checagem no levantamento de quantidades. Outro uso interessante é para a análise de elementos do projeto, como a fachada, por exemplo, para propor otimizações e substituições.

Para viabilizar essas aplicações, são usados softwares específicos e plugins já disponíveis no mercado, capazes de fazer a extração de quantitativos dos modelos 3D e automatizar a elaboração das EAPs (Estruturas Analíticas de Projeto) para os orçamentos.

“É importante lembrar, entretanto, que o BIM não alterou o modo de orçar. Seguimos associando uma composição de custo unitário a uma quantidade de serviços que serão executados em uma determinada obra. O que mudou foi o levantamento de quantitativos”, esclarece Castanheira.

Veja também: Como o BIM 5D pode alavancar sua carreira na construção?

Desafios para a implantação do BIM na área de orçamentos

Assim como ocorre em todos os processos de mudança, a implantação do BIM também encontra uma série de desafios. O primeiro deles diz respeito ao ajuste de expectativas. Afinal, embora seja uma poderosa ferramenta, o BIM não é uma solução mágica para todos os problemas. A modelagem não é capaz, por exemplo, de resolver orçamentos mal feitos, assim como não conserta projetos mal realizados. “Nenhuma tecnologia substitui a expertise do orçamentista ou do projetista. Em especial, no caso do BIM, sua função é adiantar processos e conferir mais velocidade em algumas frentes”, diz Priscila Sotto, da MPD Engenharia.

Um dos aspectos sensíveis é garantir que o modelo disponha de informações em detalhamento e formato adequados para viabilizar a extração de quantitativos. Inclusive, para que a extração de quantitativos a partir do modelo 3D tenha sucesso, é necessário haver um fluxo de entrada e saída de informações bem definido. Nesse contexto, uma prática necessária é saber de antemão o que a construtora deseja em relação ao BIM e como pretende chegar lá. “Não adianta fazer um modelo voltado para compatibilização, cuja característica marcante seja a geometria e, depois, com esse mesmo modelo, querer extrair quantitativos”, alerta a professora Rosângela Castanheira.

A capacitação dos profissionais é outro desafio a ser superado para o uso bem-sucedido do BIM para a elaboração de orçamentos. “São necessários treinamentos técnicos e metodológicos para que todos os envolvidos compreendam os processos, entendam o funcionamento e, com isso, otimizem o trabalho”, menciona Sotto. “Isso exige promover a colaboração e a comunicação efetiva entre as equipes multidisciplinares, garantindo a todos os envolvidos o mesmo nível de informações”, conclui.

Quer saber mais sobre o uso dessa tecnologia na Construção Civil? Assista ao webinar gratuito Construção Digital e BIM, com Natacha Sauer e Chase Olson.

Colaboração técnica

Priscila Sotto — Arquiteta e urbanista formada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) com pós-graduação em Gestão de Projetos pela Universidade de São Paulo. É gerente de projetos executivos da MPD Engenharia.

Rosângela Castanheira — Graduada pela Fatec-SP em tecnologia de construção civil, possui MBA em gestão estratégica de custos pelo IBEC/INPG. Sócia-diretora da Tríade Engenharia de Custos, é docente em cursos de pós-graduação, graduação e atualização profissional em várias instituições de ensino.