Impermeabilização em obras: dicas, principais tipos e muito mais

Eng. Jonathan Degani

Escrito por Eng. Jonathan Degani

30 de agosto 2022| 13 min. de leitura

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Impermeabilização em obras: dicas, principais tipos e muito mais

Alguns dos maiores problemas de pós-obra têm a ver com infiltrações, vazamentos e umidade. Na maioria das vezes, o motivo são as falhas na impermeabilização.

Por isso, os sistemas de impermeabilização são tão importantes para o bom desempenho de um prédio. Aliás, isso também faz efeito na economia com manutenções.

Por isso, neste artigo eu vou mostrar para você como os sistemas de impermeabilização são importantes e como projetar e executar cada um deles. Além disso, trago dicas de materiais que você pode usar e exemplos práticos de como fazer isso.

Prazos de Garantia e de Vida Útil

Antes de irmos às dicas, é muito importante que você leve alguns pontos em conta, como o prazo de garantia e a vida útil do serviço. Então, veja porque esses itens são importantes:

Prazo de Garantia

O prazo de garantia é o tempo que o cliente tem para acionar o fabricante ou a empresa responsável se algum problema afetar o serviço. Quando isso acontece, o cliente tem direito ao reparo ou substituição sem custo.

Impermeabilização é um trabalho de longa vida útil

Para dar um exemplo, a garantia para estanqueidade da impermeabilização é de 5 anos. Ou seja, se tiver um problema antes de completar 5 anos a partir da entrega da obra, a construtora ou incorporadora tem que refazer o trabalho.

Portanto, para que a sua empresa seja capaz de dar esta garantia, os fabricantes dos produtos ou empresas que fazem os serviços também têm de dar uma garantia igual ou maior. Caso contrário, todo tipo de problema na impermeabilização pode cair sobre a sua empresa.

Prazo de Vida Útil de Projeto (VUP)

Como o nome já diz, esse é o prazo da vida útil da sua edificação. Para pegar um exemplo da norma de desempenho 15.575-1 anexo C, a VUP de uma vedação vertical externa deve ser igual ou superior a 40 anos.

Mas o que isso quer dizer?

Que se o proprietário ou responsável pela manutenção do prédio der as devidas manutenções periódicas (também previstas na norma de desempenho) a vedação deverá durar este prazo. Apesar disso, esse prazo pode variar de acordo com o local e o meio ambiente em que a edificação está.

Qualquer patologia que reduza este prazo sem um bom motivo fica a cargo da empresa que entregou a obra. Por isso, é muito importante fazer as manutenções em dia e usar materiais com a mesma vida útil que você precisa ter no seu produto.

Produtos específicos para cada caso

Por definição, impermeabilizar consiste em isolar e proteger os materiais de uma construção à passagem indesejável de líquidos e vapores.

Neste trabalho, são aplicados produtos específicos para cada caso, com o objetivo de proteger as diversas áreas de um imóvel à ação desses agentes.

A indicação do sistema a ser usado depende de cada tipo de estrutura sobre a qual se queira impermeabilizar.

Sendo assim, a definição dos materiais leva em consideração se a estrutura está sujeita ou não à movimentação.

Por exemplo, as lajes de grande superfície expostas ao sol e intenso resfriamento à noite apresentam grande movimentação. Durante o dia, acontecem movimentos de dilatação e à noite movimentos de retração, que podem provocar fissuras e rachaduras.

Estruturas assim exigem, para efeito de impermeabilização, produtos com características flexíveis.

Onde devemos impermeabilizar

  • Telhados e coberturas planas;
  • Lajes, terraços, sacadas e áreas expostas à chuva;
  • Calhas de escoamento de águas pluviais;
  • Caixas d’água, piscinas e tubulações industriais;
  • Pisos molhados, tais como banheiros, cozinhas e áreas de serviço;
  • Paredes onde a água escorre e recebem chuva de vento;
  • Paredes e pisos em contato com o solo;
  • Poços de elevador;
  • Jardineiras;
  • Esquadrias e peitorais de janelas;
  • Soleiras de portas que abrem para fora;
  • Água contida no terreno, que sobre por capilaridade ou infiltra-se em solos abaixo do nível freático, entre outros;
  • Saunas (vapor d’água).

A impermeabilização é o menor custo de uma obra!

Conforme consultas que eu fiz no mercado, o valor nominal é difícil de estimar, pois varia muito. No entanto, é possível fazer estimativas sobre o custo total de um empreendimento.

“O valor destinado à impermeabilização representa a menor porcentagem do valor total da obra”, diz o site da Associação das Empresas de Impermeabilização do Rio de Janeiro.

“Apesar de sua importância, a impermeabilização é deixada de lado em muitas obras. Os principais motivos da não adoção do processo são a desinformação e a ideia de que assim, é possível conter gastos”, completa.

1,5% a 2% do valor total, apenas!

O engenheiro Rafael Lonzetti é diretor-técnico de uma empresa especializada em impermeabilização no Rio Grande do Sul.  Segundo ele, hoje isso representa 1,5 a 2% do valor de uma obra, apenas.

No entanto, se for mal feita e o empreendedor tiver que refazer o procedimento, esse custo pode dobrar e subir para 4% do total investido.

A estimativa da AEIRJ é parecida: o valor, conforme a associação, representa 3% do valor total, ou seja, o menor custo de toda a obra.

Veja o gráfico:

gráfico de valor total da obra
Fonte: AEIRJ/Divulgação

Problemas do serviço mal feito

Enfim, uma das causas mais comuns de vazamentos e infiltrações nas edificações é a falta de um bom projeto de impermeabilização.

Isso deve ser pensado detalhadamente, como tudo na construção civil. As especificações precisam ser corretas tanto em relação aos termos técnicos quanto às normas existentes.

O serviço mal feito pode ocasionar, entre outros, os seguintes problemas:

  • Retrabalhos de instalações hidráulicas;
  • Enchimentos desnecessários;
  • Mudança no dimensionamento final dos acabamentos;
  • Manutenções e reparos futuros na própria impermeabilização, diminuindo sua vida útil.

Conheça os 2 tipos de impermeabilização para usa na sua obra

Podemos classificar as impermeabilizações em dois grandes grupos, que são:

Impermeabilização rígida

É a impermeabilização em forma de aditivo colocado junto ao concreto ou ao reboco/emboço, por exemplo.

Elas são fáceis de usar, mas, para funcionarem direito, você só pode aplicar esse tipo de sistema em áreas onde não haverá grande variação térmica e consequente dilatação. Áreas com grandes dilatações e retrações, como lajes de cobertura ou fachadas, geram fissuras que comprometem o seu desempenho.

Impermeabilização flexível

Como o nome diz, estes tipos de impermeabilizações são flexíveis e, por isso, têm a capacidade de absorver deformações. Sua composição é geralmente elastomérica ou polimérica, e pode tanto ser pré-fabricada, como no caso das mantas, ou moldada em loco como as membranas ou selantes.

Este tipo de impermeabilização é bom para coberturas, áreas de muito sol, áreas com cargas dinâmicas, entre outras. Nestas áreas, onde a estrutura vai sofrer deformações, estes tipos de impermeabilizantes podem acompanhar e manter a estanqueidade.

Depois desse rápido contexto, vamos para as dicas:

1. Escolha o sistema correto de impermeabilização

Escolher o sistema certo de impermeabilização vai tirar qualquer  dúvida para quem for executar o trabalho na hora de comprar os materiais. Quanto mais detalhes você incluir no seu projeto ou na sua indicação para quem for executar, melhor.

Caso você deixe a critério do executor, corre o risco de acabar com um sistema impermeabilizante menos adequado ou econômico.

2. Confirme o sistema com o fornecedor

Confirme com o seu fornecedor ou fabricante se o produto que você está usando é ideal para o trabalho que você fará. Peça a eles a sua ficha técnica e certificado de garantia. Aliás, estes documentos geralmente têm detalhes importantes na hora de fazer o serviço.

Por fim, lembre-se: nem sempre o produto mais caro é o melhor para a sua aplicação.

3. Contrate uma equipe especializada

É essencial garantir a aplicação certa da impermeabilização. Para isso, você pode:

  • contratar uma equipe especializada;
  • pedir ao fabricante ou fornecedor por um treinamento;
  • assistir vídeos no YouTube.

No fim das contas, 0 nível de preocupação que você deve ter deve ser proporcional à importância e complexidade do trabalho a ser feito.

Vale destacar aqui algumas regras básicas para a correta aplicação:

  • superfície limpa;
  • rugosidade adequada da superfície;
  • materiais e ferramentas adequados;
  • tempo de cura certo;
  • ferramentas adequadas;
  • equipe capacitada.

4. Teste a estanqueidade do seu sistema de impermeabilização

Antes de usar um revestimento de R$ 230/m2 na área comum do seu condomínio, garanta que a impermeabilização feita no ambiente está funcionando. Para isso, cubra a área com uma lâmina d’água por no mínimo 24 horas e depois veja a área em busca de infiltrações.

Uma estrutura impermeabilizada com qualidade faz total diferença no projeto

Assim, você vai identificar de forma mais fácil a origem de uma possível infiltração e não ter todo o custo e o trabalho de remover revestimentos ou acabamentos feitos.

5. Nunca deixe de se atualizar

Se você está lendo este artigo, já é um ótimo sinal de que você busca se atualizar e aprender coisas novas. Continue assim, pois as tecnologias na construção civil estão sempre evoluindo.

Mantas líquidas, Tayvek, poliuréia e DF9 são alguns tipos de produtos que você pode usar nas suas obras. Afinal, são produtos de alto desempenho que aumentam a produtividade das suas aplicações e garantem a impermeabilização.

Uma dica bônus é:

Adie o máximo possível a impermeabilização, pois isso vai evitar danos a ela. Se fizer isso no meio da obra os carregamentos podem fazer a estrutura trabalhar e afetar a impermeabilização.

Por fim, proteja a impermeabilização depois de terminar o serviço. Não permita a circulação sobre uma área impermeabilizada, ainda mais as flexíveis, como mantas e membranas. A circulação sobre estes tipos de trabalho pode causar micro danos e perfurações suficientes para lhe gerar uma infiltração. Assim, pode gerar retrabalhos.

Evite Patologias

Problemas com impermeabilização podem causar grandes prejuízos, já que a água ou a umidade podem causar danos a vários outros sistemas. Por exemplo, uma infiltração pode causar a oxidação da armação de uma estrutura, o que talvez leve alguns anos até que o problema fique à mostra.

Para dar outros exemplos, circuitos elétricos em contato com água podem ser perigosos, a umidade em forros ou paredes de gesso degrada o material e no MDF estufa. Portanto, executar uma correta impermeabilização trará tranquilidade e evitará grandes gastos no futuro.

Impermeabilização mal feita causa vários tipos de patologia

Além dos gastos, sempre que um problema como estes ocorre há um desgaste com o cliente. Afinal, isso pode manchar a imagem da sua construtora, incorporadora ou do seu escritório.  Portanto, dê uma especial atenção a impermeabilização de áreas molhadas, fundações, cobertura, fachadas, floreiras, piscinas, áreas externas, sacadas, subsolos, etc.

Se você ficou com alguma dúvida ou tem alguma informação que quer dividir, deixe aqui o seu comentário. A sua dúvida pode ser a mesma de outros profissionais e ajudar a comunidade Sienge a aprender.