Conheça tudo sobre o Tijolo Ecológico e seu uso nas obras

Marília Gaspar

Escrito por Marília Gaspar

20 de março 2020| 10 min. de leitura

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Conheça tudo sobre o Tijolo Ecológico e seu uso nas obras

Atualmente todos conhecemos o termo sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, certo? Ele foi formulado na década de 1970 durante a Comissão de Brundtland como consequência ao temor em relação ao esgotamento dos recursos naturais. 

Ele pode ser entendido como um padrão de uso dos recursos naturais. No qual se atenda as atuais necessidades da população mas preservando o meio ambiente, de modo que também atenda às necessidades das futuras gerações. 

Atualmente já se tem incentivos econômicos para a construção sustentável. E ela já é vista como uma forma de agregar valor a edificação e a marca. Aqui no blog já falamos de várias formas de tornar sua obra mais sustentável, são elas:

Nesse artigo vamos falar sobre um material cujo uso vem crescendo por sua característica sustentável: o tijolo ecológico, também conhecido como tijolo de solo-cimento, BTC – Bloco de terra comprimida e tijolo modular.

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Afinal, o que é o tijolo ecológico?

O processo de fabricação do tijolo tradicional consiste em uma mistura de tipos de argila com água que passa pela secagem durante aproximadamente 10 dias. Após esse período, a mistura deve ser cozida em forno para resfriar em temperatura ambiente e depois passar pelo controle de qualidade. 

O tijolo ecológico é feito da compressão da mistura do solo com cimento e água, e não passa pelo processo de queima.

Como temos uma grande diversidade de composição de solo é importante observar o comportamento do material para estabelecer o traço ideal da mistura. 

O controle de qualidade pode ser verificado através dos ensaios propostos pelas normas de solo cimento: NBR12023:2012 com ensaios de compactação e NBR12025:2012 com ensaios de compressão. 

Por que ele é ecológico?

A grande vantagem do seu processo de produção é que não tem a queima, o que elimina o uso de combustíveis e a emissão de gases do efeito estufa do processo. Estima-se que para a queima da lenha necessária para a fabricação de mil tijolos convencionais são necessárias 5 árvores.

Outra vantagem é que pode ser usado praticamente qualquer tipo de solo, inclusive aquele que seria removido para fazer o corte do terreno, acredita? Isso mesmo, o tijolo pode ser feito na própria obra, o que elimina os gastos e o impacto ambiental causados pelo transporte.

Vários estudos vêm sendo desenvolvidos no intuito de usar resíduos como aditivo dessa mistura. Materiais como granito, caulim, casca de banana, restos de vegetais, lixo de aterros sanitários, bagaço de cana-de-açúcar, pó de serra, borracha, além dos resíduos construção civil, das indústrias petroquímicas e siderúrgicas e da mineração. 

Em muitos desses estudos, o uso dos resíduos além da função ecológica de evitar o seu descarte na natureza pode contribuir para a melhoria de propriedades. Características como isolamento térmico e acústico, peso e resistência mecânica e ao fogo podem ser aprimoradas.

Como ele pode ser usado

Você deve estar se perguntando:

Eu só posso usar o tijolo ecológico se produzi-lo no canteiro de obras? E se eu não tiver essa estrutura? 

Hoje temos empresas no mercado que trabalham com a venda direta do tijolo ecológico. Nesses casos, sua comercialização normalmente é feita de duas formas:

A primeira é em tijolo maciço, ideal para execução de paredes de tijolinho aparente, muito usada no estilo rústico, como a da imagem abaixo: 

Figura 1: Acabamento com tijolinho maciço. Fonte: https://bit.ly/3biKVmg

A segunda é através do tijolo de 2 furos, cuja dimensão padrão é de 7 x 12,5 x 25cm, ele permite embutir colunas de sustentação e tubulação elétrica e hidráulica. Além disso, a câmara de ar formada contribui para o conforto térmico acústico.

O tijolo possui encaixes que fazem com que a construção exija menos argamassa, que obra fique mais limpa e sua execução seja mais rápida. Como podemos observar nesse vídeo. Uma desvantagem é a necessidade de mão de obra qualificada para fazer o assentamento, apesar de os encaixes serem intuitivos.

Nenhum tipo de tijolo de solo cimento pode ser usado como alvenaria estrutural, apenas de vedação. Para essa aplicação seus resultados de ensaios são positivos. A NBR 7170: Tijolo maciço para alvenaria estabelece 4MPa como resistência mínima à compressão, tem-se relatos que os tijolos ecológicos atingem até 12,5MPa.

E quanto ao preço: é um investimento vantajoso em relação ao tijolo convencional?

Quando comparamos o preço do tijolo sozinho, o ecológico chega a ser até 4 vezes mais caro. Para executar 1m² de uma parede com tijolo de 8 furos gastamos aproximadamente R$10,00, enquanto com o tijolo ecológico de 2 furos esse valor pode chegar a R$40,00. 

Mas é claro que não podemos levar em consideração apenas o valor do tijolo. Segundo um fabricante consultado, a economia causada pela redução do uso da argamassa e pela execução 30% mais rápida faz com que a parede custe 50% menos do que a tradicional.

Outro fator que contribui para o tijolo ecológico na composição do custo é que ele pode ser usado aparente, o que traz economia com revestimento e pintura. 

Lembrando que é sempre importante considerar vários aspectos na composição de preço. O frete pode aumentar consideravelmente o valor, além disso, o material deixa de ser ecológico se há um grande impacto ambiental em seu deslocamento até o canteiro de obras. 

Vantagens e desvantagens

Como vimos até aqui o tijolo de solo cimento ou ecológico é um material promissor, vamos listar as vantagens e desvantagens do uso desse material:

Vantagens:

  • Menor impacto ambiental no processo de produção;

  • Pode ser produzido no canteiro de obras – menor impacto ambiental no transporte;

  • Matéria prima principal abundante: a terra;

  • Pode ser uma alternativa ao descarte de resíduos;

  • Se associado a outros materiais pode possuir propriedades especiais;

  • Recebe qualquer tipo de revestimento e pintura, mas também os dispensa;

  • O modelo com 2 furos possui bom isolamento térmico e acústico;

  • O modelo com 2 furos permite embutir colunas estruturais e instalações elétricas e hidráulicas;

  • Encaixes exigem menor uso de argamassa;

  • Racionalização da construção – até 30% mais rápida;

  • Obra mais limpa;

  • Custo final pode chegar a ser 50% menor do que o tradicional

Desvantagens:

  • Necessidade de mão-de-obra qualificada; 

  • Não pode ser usado como alvenaria estrutural;

  • Preço unitário até 4x mais alto do que o tradicional;

  • Necessita do uso e impermeabilizantes;

  • Baixa disponibilidade de fornecedores – a distância pode aumentar o preço e o impacto ambiental do frete.

Curiosidade: Como surgiu o tijolo ecológico

O tijolo de solo-cimento como conhecemos hoje é resultado de um processo evolutivo de milhares de anos. A construção mais antiga que se conhece utilizando uma técnica percussora a ela é a pirâmide de Quéops construída em 2600ac. Em sua produção, colocava-se em formas a mistura de terra, óleo de baleia, conchas e mariscos triturados e água.

Pirâmide de Quéops – tecnologia percussora do tijolo ecológico. Fonte: https://bit.ly/39dUth5

Nos Estados Unidos, desde o início do século XX o tijolo de solo-cimento é amplamente utilizado na construção civil. No Brasil, as primeiras pesquisas são de 1935, mas foi a partir da década de 1960 que seus estudos se intensificaram e desde de então seu processo de produção avança cada vez mais.

Conclusão

O construtor deve estar sempre antenado com as novidades no mercado, em busca de redução de custo e da adoção de práticas ambientalmente corretas. Nesse sentido, o tijolo ecológico, apesar de não ser um material necessariamente novo, tem ganhado força no mercado.

Com o desenvolvimento de pesquisas e o aumento da capacidade produtiva das fábricas o custo de compra do tijolo ecológico diminuiu, melhorando sua competitividade no mercado.

E você? Já usou do tijolo em suas obras? Que tal fazer uma cotação com um fornecedor perto de você? Conta pra gente aqui nos comentários e não esquece de curtir o post.