Retrospectiva 2018: Fatos que Marcaram a Construção Civil e a Economia

Tomás Lima

Escrito por Tomás Lima

21 de dezembro 2018| 13 min. de leitura

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Retrospectiva 2018: Fatos que Marcaram a Construção Civil e a Economia

Sabemos que um dos setores mais importantes em relação a economia de nosso país é a Construção Civil. A produtividade do setor é um grande destaque quando se trata de índices de renda e empregabilidade.

Não é necessário ser um especialista para saber que nos últimos anos a cadeia produtiva da área foi fortemente afetada. A crise econômica que viemos passando de tempos para cá atingiu consideravelmente o segmento.

Neste post iremos citar alguns fatos que marcaram a Construção Civil neste ano de 2018.
O mercado imobiliário será um dos protagonistas nesta retrospectiva, uma vez que vivenciamos um ano de variáveis econômicas no setor.

Fique comigo até o final e acompanhe na retrospectiva as consequências da crise, os altos e baixos que o mercado da construção sentiu ao longo deste ano político, econômico e socialmente instável.

Como a crise afetou o desenvolvimento econômico em 2018?

Não podemos falar do que foi esperado de 2018 e nem seus resultados, sem antes citar as consequências da crise instalada nos anos anteriores, e o peso sobre as expectativas para 2018.

Segundo a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos na FGV (Fundação Getúlio Vargas), a retração do mercado imobiliário começou em 2013. Para a economista foi em 2013 que Brasília e Curitiba deram os primeiros sinais de desaceleração, antes mesmo da crise econômica se instalar de fato.

A lembrança dos noticiários em 2017 sobre os números negativos na engenharia civil, ainda é fresca. O mercado amargou uma queda de 6% na economia pelo quarto ano consecutivo, segundo a estimativa do PIB (Produto Interno Bruto).

Empregos de carteira assinada tiveram uma queda aproximada de 1,2 milhão de postos de trabalho entre 2014 e 2017. A insegurança do trabalhador e a restrição de crédito tornaram-se um dos motivos da recessão econômica no País. Os estoques cresciam enquanto o preço dos imóveis subiram além do aumento da renda familiar, aprofundando a crise no setor.

Uma consequência da crise que fez com que o ano de 2018 se transformasse em um grande desafio para a economia, foi a paralisação das obras de infraestrutura. A Operação Lava Jato teve forte impacto sobre grandes empreiteiras e a crise fiscal do governo reduziu drasticamente os investimentos públicos.

Visto como a crise comprometeu o desenvolvimento da Construção Civil em  2018, agora vamos ver quais perspectivas o mercado teve para esse ano, se foram atendidas, supridas ou fracassadas.

Perspectivas do mercado da construção em  2018

Como falamos, foi em 2013 que o mercado imobiliário começou a sinalizar a crise que até 2017 deixou o país sem folêgo financeiramente falando. Sabemos que a retomada de um ciclo econômico estável será lenta, mas apostar numa melhora contínua em ano eleitoral foi a maior expectativa dos brasileiros.

Mesmo mediante a crise, o SECOVI – SP – sindicato do setor imobiliário – mostrou que em 2017 teve um aumento de 32,8% nas vendas imobiliárias. Em comparação a um mesmo período (janeiro/novembro) foram comercializadas 18.800 unidades enquanto em 2016 14.048 unidades.

A cadeia produtiva do mercado da construção já teve participação de 10,5% no PIB brasileiro segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). A expectativa em relação a recuperação do setor, foi baixa em 2018, já que 2017 encerrou com 7,3% de um PIB menor.

retrospectiva mercado da construção 2018

Há 3 fatores que seriam os responsáveis pela recuperação do setor em 2018:

  1. Investimento em infraestrutura: Atenção especial em projetos de concessões e parcerias público-privadas;
  2. Restabelecimento do Crédito: Retirada de impedimentos em financiamentos;
  3. Melhoria no ambiente de negócios: Adesão de iniciativas voltadas para segurança jurídica e desburocratização.

Ainda com as incertezas e considerável percentual de distratos nas compras de imóveis, estes fatores em desenvolvimento ocasionam uma melhora nas vendas e aumento de novas obras.

Outra questão pontual para o mercado imobiliário, é a situação fiscal da Caixa Econômica Federal que é responsável por 70% dos financiamentos na área. O mercado espera que a Caixa mantenha o programa de concessão de crédito se sustentando em um quadro estável.

Em ano eleitoral, prever a economia é um tiro no escuro, mas o índice de confiança na eleição de 2018 ao se manter positivo pôde confirmar uma retomada mais forte na atividade econômica.
Mas devido às incertezas, caso ocorra o contrário, o quadro pode se inverter e dificultar ainda mais as projeções atuais, impactando 2019.

Retrospectiva 1º semestre da Construção Civil: Por que o setor não cresceu?

O cenário externo que recebeu o ano de 2018, começou de forma favorável, a taxa de juros em baixa, inflação dentro da meta, permitindo o setor projetar o ano positivamente.
A expectativa dos representantes da Construção Civil era muito positiva para 2018, mas as coisas infelizmente não ocorreram como esperado.

As incertezas políticas fizeram o otimismo ruir diante do quadro fiscal preocupante e a dificuldade de promover as reformas em ano eleitoral. A quantidade de obras de infraestrutura pelo Brasil é preocupante em vista do tamanho do País. A questão da não regulamentação dos distratos, por exemplo, foi um agravante para a indústria imobiliária no primeiro semestre.

Segundo a FGV, 64% dos empresários da Construção Civil consideraram a greve dos caminhoneiros a cereja do bolo. O efeito foi visto como negativo devido ao atraso dos insumos nas obras que provocaram bruscas alterações nos cronogramas de entrega e pagamentos.

O pronunciamento do presidente Michel Temer no início do semestre surtiu efeito de esperança nas construtoras, pela a volta dos investimentos dos imóveis “Minha Casa Minha Vida”. No entanto a euforia durou pouco, uma vez que o investimento não seria o bastante para alavancar a indústria da construção como um todo.

retrospectiva mercado da construção 2018

Pontos positivos do primeiro semestre de 2018:

Apesar do primeiro semestre ter se destacado pela falta de investimento, houveram capitais que geraram mais empregos na Construção Civil. Segundo uma análise do Sienge, com base em dados do IBGE e CAGED, nove capitais abriram vagas no setor.

Os dados apontam que foram abertas mais de 46 mil vagas por todo Brasil. Dentre as nove capitais, Belo Horizonte se destacou com um saldo positivo entre contratações e demissões de 13 mil vagas. São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Goiânia vem na sequência com uma média de 10 mil vagas. Macapá, Florianópolis, Curitiba e Campo Grande também contribuíram com o índice positivo de vagas.

Nossos especialistas acreditam que estas capitais se destacaram devido ao investimento das construtoras em tecnologia para gestão e operação. O fácil acesso aos indicadores do negócio contribui para a expansão do setor como um todo.

Outro fator que marcou o primeiro trimestre do ano de 2018 foi o aumento do limite de financiamento da Caixa Econômica Federal de 50% para 80%. A queda das taxas de juros e a restauração das linhas de crédito reaqueceram as vendas imobiliárias.

Agora vamos ver como foi a última metade do ano para a indústria da Construção Civil? Será que os pontos positivos citados acima contribuíram para um fechamento positivo do ano?

Retrospectiva 2º semestre da Construção Civil

Sem dúvidas a economia saiu do limbo, mas não está fora da zona de risco, impossibilitando que visualizemos um ciclo crescente.
Atuar efetivamente na melhoria das contas públicas fará com que setores estratégicos como a Construção Civil percorram um caminho que acelere as atividades econômicas do País.

As perspectivas após o fim do primeiro semestre transformaram-se em uma crescente preocupação com o futuro. Os investimentos que foram emperrados por incertezas que inibiram o consumo do contribuinte, deixou o otimismo da indústria mais uma vez para trás, junto com as projeções.

A greve dos caminhoneiros somado ao cenário político conturbado e o fato da reforma da previdência ter sido postergada, abalou ainda mais a confiança dos empresários e consumidores. Para completar a disputa comercial entre chineses e norte-americanos, e o aumento dos juros nos Estados unidos nos fez assistir a desvalorização da nossa moeda.

A incerteza relacionada ao caminho fiscal a ser adotado pelo novo mandatário do País gerou inquietações e freiou os investimentos necessários para fazer o Brasil crescer de forma sustentada. A conta é simples: sem investimentos não há consumo, renda, tributos e nem emprego, nos mantendo em lentos passos até a estabilidade.

Diante o fraco desempenho do desenvolvimento nacional a projeção de crescimento na Construção Civil caiu para singelos 0,5%. O que frustra o mercado diante de um País com tantas carências básicas como o Brasil.

Basta olharmos à nossa volta que é nítida a gritante necessidade de infraestrutura, escolas, hospitais e mais moradias. Em Minas Gerais, por exemplo, 10 milhões de reais em investimentos gerou cerca de 400 novas vagas de emprego no setor, segundo a FGV.

Infelizmente o segundo semestre nos trouxe perspectivas de estagnação, nos levando ao risco do setor recuar pelo quinto ano consecutivo.

Pontos positivos do segundo semestre de 2018

Apesar da indústria da construção apresentar dificuldades de sair da crise, um importante destaque para esse ano foi o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. De acordo com o Secovi-SP, 35% de todos os imóveis lançados em 2018 foram dentro do programa. Em 2017, esse índice foi de 19%.

Como na vida, as experiências negativas sempre deixam aprendizado, se tem um ponto em que a área da construção vem se destacando diante tantas dificuldades, é o uso da tecnologia.
Com um mercado cada vez mais concorrido, iniciar 2019 atualizado das tendências que irão retomar o crescimento é um passo que pode ser antecipado.

Expectativas para 2019

Em 2019 novos processos, métodos de execução e tecnologias devem continuar em ascensão no setor. De acordo com o Sinduscon – PR, três vetores de inovações prometem ter um aumento considerável :

A retomada do setor será um caminho difícil no próximo ano, mas será mais fácil para quem investir em métodos modernos e eficientes. 2018 veio para deixar claro que inovação e tecnologia são as chaves para o sucesso em 2019.

Inovações e eficácia na gestão, são elementos que farão com que os empresários retomem a confiança e alavanquem a economia com novos investimentos.
A expectativa para os resultados de 2019 é de um pequeno aumento, que gire em torno de 2%, mas que representa uma forte recuperação do mercado.

Em outubro o Índice de Confiança da Construção (ICST) avançou 1,5 ponto chegando a 81,8 pontos, o que faz da confiança o ponto principal para investimentos.

Agora que você viu os impactos que a economia causa no setor da Construção Civil e as consequências de uma crise no ano subsequente, quais são as suas projeções para 2019?

Curta e compartilhe com a gente o que 2018 deixou de aprendizado para sua gestão ano que vem!

Até a próxima!