Melhores práticas para extrair quantitativos em BIM

Eduardo Sampaio

Escrito por Eduardo Sampaio

30 de outubro 2020| 12 min. de leitura

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Melhores práticas para extrair quantitativos em BIM

O BIM (Building Information Modeling) é um dos temas dentro da indústria da construção civil que mais cresce nos sites de pesquisa e em conteúdos específicos na internet. E certamente você já teve dúvidas específicas, como saber as melhores práticas para extrair quantitativos em BIM. 

Então, considerando a difusão desse conhecimento, encontramos conteúdos sobre maturidade, dimensões, plano de execução nas empresas e diversos outros associados a parte processual. Felizmente, o Sienge vem abordando tais conteúdos e você pode consultá-los através deste link.

Nesse sentido, queremos evoluir na propagação do conhecimento. Por isso, neste artigo, usarei exemplos práticos e dicas de modelagem para extração de quantitativos em BIM, ou seja, trataremos da dimensão 5D da metodologia do Building Information Modeling.

Quantitativos em BIM: Determine o que modelar e o que não modelar

Um bom modelo é importante em um fluxo de trabalho BIM e igualmente importante é gerar um bom conjunto de informações para o processo orçamentário e desenhos detalhados. Depois de dominar a modelagem básica, muitos usuários se deparam com esse aspecto vital da entrega do projeto.

É claro que não existe um software que atenda a todas as necessidades de projeto, sendo necessário definir quais objetivos se pretende atingir com a modelagem. A modelagem BIM 5D permite que os dados de custo e tempo sejam adicionados ao modelo, proporcionando um controle de custos conforme o desenvolvimento do projeto.

Assim, o modelo BIM permite também a contribuição no processo orçamentário com a melhor oportunidade de levantamento de quantidades do projeto através dos seguintes pontos:

  • Maior agilidade no levantamento de quantitativo;
  • Modificações no projeto sendo refletidas automaticamente nos quantitativos do modelo;
  • Assertividade maior em relação ao padrão 2D e mais precisa com o modelo BIM;
  • Velocidade da extração dessas informações de quantitativos.

Este artigo tem a função de disseminar conhecimento. Portanto, utilizaremos o Revit® para os conceitos que serão abordados. Além disso, vale salientar que o software não cumpre toda a função do processo orçamentário, mas auxilia para o levantamento de quantitativos.

Dessa forma, antes de definirmos a estratégia de modelagem dentro do Revit, é preciso conhecer a estrutura das composições de custos que estruturarão e indicarão o orçamento executivo do seu empreendimento, baseando-se na EAP (Estrutura Analítica de Projeto).

Análise inicial das informações para orçamento

Iniciada a análise das definições das composições, oriunda da EAP, sabe-se que nela contém as informações relevantes da constituição da composição. Assim, ela permite ao usuário ter segurança por meio de comparação de referência real e histórica da empresa.

Então, para promover um entendimento melhor do processo, utilizaremos o catálogo de preços de referência de insumos da SINAPI para a determinação das composições de serviços necessários para o orçamento executivo que abordaremos aqui nesse artigo como exemplo.

A SINAPI trabalha com Árvore de Fatores de serviços, que é uma nova metodologia para a definição de composição a ser utilizada e, para o nosso caso, utilizaremos o grupo de alvenaria de vedação.

Árvore de fatores do grupo de alvenaria de vedação
Figura 1 – Árvore de Fatores do grupo de alvenaria de vedação (SINAPI, ref. 2014)

A descrição das composições já aferidas apresenta a combinação dos fatores de cada caso, ou seja, representa de forma escrita a mesma informação contida na Árvore de Composições e seus fatores destacados. 

Composições representativas

O estabelecimento de Composições Representativas pretende, assim, simplificar a etapa de quantificação dos serviços. Dessa forma, permite que o orçamentista opte por referência de custo similar e que represente, com boa aderência, os custos dos serviços quantificados individualmente.

Composição representativa de alvenaria de vedação
Figura 2 – Composição representativa de alvenaria de vedação (SINAPI, ref. 2014)

Sendo assim, utilizaremos o serviço de alvenaria de vedação para compor nosso exemplo. Vamos seguir a estrutura para extrair os quantitativos e determinar quais critérios adotaremos de modelagem para o levantamento dos quantitativos.

Existem algumas formas de ter essa diretriz e usaremos 3 conceitos amplamente difundidos no mercado:

  1. Extrair direto do modelo com um objeto do mesmo;
  2. Por meio de parâmetro de texto;
  3. Por meio de parâmetro calculado.

Então, iremos definir a forma de extração de quantidades de serviço para a composição de alvenaria de vedação e, assim, utilizar os fatores abaixo para guiar o processo de modelagem:

 

TipoDescriçãoExtração
MaterialTela de aço soldada galvanizada/zincada para alvenaria, fio d = *1,20 a 1,70* mm, malha 15 x 15 mm, (c x l) *50 x 7,5* cmParâmetro calculado
MaterialPino de aço com furo, haste = 27 mm (ação direta)Objeto+ parâmetro calculado
MaterialBloco cerâmico vazado para alvenaria de vedação, 6 furos, de 9 x 14 x 19 cm (l x a x c)Objeto + parâmetro calculado
ComposiçãoArgamassa traço 1:2:8 (em volume de cimento, cal e areia média úmida) para emboço/massa única/assentamento de alvenaria de vedação, preparo mecânico com betoneira 400 l. Af_08/2019Objeto + parâmetro de texto
ComposiçãoPedreiro com encargos complementaresParâmetro de texto
ComposiçãoServente com encargos complementaresParâmetro de texto


Aqui, então, temos toda a definição de guia de como modelaremos e quais informações iremos associar as famílias e os parâmetros a ser utilizados.

Estrutura do modelo de acordo com as regras de informações

O levantamento de área para cada composição de blocos para alvenaria, realizado a partir do modelo, extrai as quantidades diretamente dos tipos de objetos de parede, com auxílio de parâmetros e a correta alocação dos dados nas quantidades nas respectivas composições. 

Assim, no exemplo utilizado foi modelado as camadas da parede na família “parede básica” e distinguindo do tipo entre “reboco externo”, “parede de 14,00cm” e “reboco interno”. Porque o objetivo é trazer a quantidade de blocos presentes na modelagem da alvenaria de vedação.

Representação gráfica das camadas constituintes da parede de alvenaria
Figura 3 – Representação gráfica das camadas constituintes da parede de alvenaria

Então, para a correta modelagem e compatibilização dos elementos, pode-se utilizar famílias previamente modificadas, que contenham os tipos diferenciados no nome pela largura do bloco. No exemplo, utilizamos uma parede com diferentes blocos para demonstrar, de acordo com a execução, a correta paginação dos blocos.

Tabelas de quantidades

As tabelas de quantidades foram configuradas de modo a filtrar os objetos por meio da família, do tipo, do parâmetro, criado na própria tabela, de modo a identificar a quantidade de bloco por m² e, além disso, da área líquida das paredes.

Tabela de serviços que demonstram a área da família paredes com seus diferentes tipos
Figura 4 – Tabela de serviços que demonstram a área da família paredes com seus diferentes tipos

Caso queiramos modelar a nível de consideração da paginação dos blocos, podemos gerar outra informação através de detalhes dos blocos alocados na parede considerando os vãos, amarração, vergas/contravergas e outras especificações do projeto.

Quantitativo de blocos considerando paginação, amarração e outras configurações executivas
Figura 5 – Quantitativo de blocos considerando paginação, amarração e outras configurações executivas

Então, para a geração das tabelas de serviços, buscou-se extrair os quantitativos de acordo com o que foi estipulado na diretriz da modelagem. Assim, no exemplo, criou-se o parâmetro calculado de tijolos, já que a estrutura orçamentária calcula tijolos por metro quadrado.

Inserção de um parâmetro calculado que foi definido na diretriz de modelagem
Figura 6 – Inserção de um parâmetro calculado que foi definido na diretriz de modelagem

No Revit, com configurações diferentes, de modo a obter a quantidade correta para cada composição, além de uma tabela criada especificamente para comparar as quantidades de serviço por etapa de execução, existe todo o trabalho de seguir as diretrizes de modelagem para a correta extração dos quantitativos.

Regra de cálculo da tabela para extrair o quantitativo de tijolos a partir do parâmetro cálculo do objeto (modelo)
Figura 7 – Regra de cálculo da tabela para extrair o quantitativo de tijolos a partir do parâmetro cálculo do objeto (modelo)

Dicas para quem pretende extrair seus quantitativos no BIM

O BIM, portanto, é uma metodologia de processo e, por sua concepção, é a mudança estrutural que os indivíduos, empresas e mercado tem que se transformar para poder consumir os reais benefícios que ele proporciona.

A principal dica, afinal, é que o software de modelagem não vai proporcionar milagres na geração de informações automáticas. Então, conforme apresentamos, extrair quantitativos em BIM requer um grande ajuste processual e conhecimento exato do fluxo BIM que a empresa adota.

Ou seja, analisando a dimensão 5D do BIM não basta apenas ter técnicas avançadas de modelagem 3D, mas também conhecer as regras do processo orçamentário e suas definições de composições de custos. Assim, todas essas etapas são descritas dentro do fluxo do BIM adotado pela empresa.

Por fim, deixo aqui as regras de ouro para poder ter eficiência em trabalhar na dimensão 5D do BIM:

  • Aproximar as figuras dos participantes de projeto e de orçamento;
  • Desenhar o fluxo BIM que a empresa adota e sua estratégia nas dimensões do 3D ao 7D;
  • Cuidado com overmodeling, pois apenas a representação 3D fidedigna pode não trazer as informações que o processo orçamentário necessita;
  • Comece com pequenos projetos e use disciplinas finais do clico de vida do projeto executivo;
  • Conte com apoio de empresas especialistas na implementação BIM e no apoio operacional das ferramentas;
  • E por último, mas não menos importante: estude muito!

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