Tecnologia da Informação: TI aplicada na construção civil

Gabriela Torres

Escrito por Gabriela Torres

29 de setembro 2022| 21 min. de leitura

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Tecnologia da Informação: TI aplicada na construção civil

A construção civil foi um dos últimos setores a embarcar na transformação digital e a aplicar TI (Tecnologia da Informação) em suas atividades. Um estudo da Harvard Business Review apontou o setor como o segundo pior em termos de adoção de tecnologias digitais em seus processos de negócio. Mas, hoje em dia, já há um consenso em relação à importância da TI aplicada na construção civil. 

E será cada vez mais comum o uso de tecnologia e inovação entre construtoras e incorporadoras. O movimento tem sido puxado pelas startups do setor, as construtechs.

Numa definição mais completa do termo construtech, podemos entender como: um negócio de base tecnológica que atende problemas da cadeia de valor da construção em um modelo de negócio escalável e repetível.

Trata-se de usar a TI na construção além de softwares de gestão. Estamos falando da combinação de metodologias, processos e, principalmente, TI, para tornar projetos mais enxutos, eficientes e lucrativos.

O que é Tecnologia da Informação (TI)

Em resumo, a Tecnologia da Informação ou simplesmente TI vem do inglês: Information Technology (IT). Mas é importante compreender TI como um conceito. A consultoria Gartner traz a seguinte definição:

“Esse é um termo comum para definir todos os recursos de tecnologia para o processamento de informações, incluindo softwares, hardwares, tecnologias de comunicação e serviços relacionados. No geral, a definição de TI não inclui tecnologias incorporadas, que não geram dados para o uso das empresas.”

Dessa forma, a TI engloba todas as soluções tecnológicas que são adotadas para facilitar o seu dia a dia, além de trazer mais eficiência no momento de acessar, produzir, enviar e gerenciar dados. Isso inclui desde o computador, rede WI-FI das empresas até programas e aplicativos utilizados.

A TI engloba todas as soluções tecnológicas que são adotadas para facilitar o seu dia a dia

Portanto, podemos entender que a TI é responsável por todos os recursos tecnológicos utilizados para produzir informações e dados que são importantes para parceiros, consumidores ou funcionários.

Ou seja, zela pelas informações que uma companhia possui e transmite.

TI aplicada na construção civil: conheça 8 diferentes usos

Na construção, há uma busca constante por eficiência, produtividade e qualidade dos empreendimentos. E isso passa por muitas horas de planejamento e geração de informações, ou seja, dados importantes para que a construção siga seu cronograma e orçamento.

Vivemos uma era em que os dados são essenciais para qualquer negócio, e não é diferente na construção civil. Os dados geram valor e soluções para a melhoria de processos visando resultados melhores no futuro.

E onde entra a TI nesse contexto? A TI na construção civil se apresenta como solução, por meio de uma infraestrutura de TI, para otimizar a gestão, organizar tarefas, gerenciar recursos, controlar o estoque, melhorar a comunicação entre todos os envolvidos na obra, entre outras coisas.

Mas, para isso acontecer na prática, a construtora precisa de uma estrutura. Por exemplo: profissionais de TI, máquinas e servidores para suportar o volume de dados gerados.

A TI aplicada na construção civil ajuda na comunicação

Entenda que gerenciar uma obra requer comunicação, troca de arquivos e conectividade entre o escritório e os colaboradores alocados no canteiro. Por isso, a TI aplicada na construção civil possui papel importante para que essa comunicação ocorra sem problemas, de preferência integrando tudo em um único sistema.

Dessa forma, facilita a comunicação entre os colaboradores e diminui a chance de perda de informações.

Para você entender como esta nova realidade afeta seu trabalho e/ou empresa, nós separamos as principais tecnologias e suas aplicações na construção civil.

Vamos apresentar 8 aplicações de TI, algumas já em larga escala e outras ainda incipientes. Acompanhe:

1- Sistemas de gestão

Quando falamos em uso de TI na construção, uma das primeiras coisas que pensamos são os sistemas de gestão integrada, os ERPs. Facilitam a gestão de projetos e obras e proporcionam um nível de planejamento até então inimaginável na construção.

Independentemente do porte da construtora, ter uma obra plenamente conectada pode ser fundamental para a sobrevivência no setor. Por isso, destacamos quatro aplicações essenciais dos ERPs:

  • Facilita a gestão diária da empresa;
  • Integra processos, setores e pessoas numa única plataforma;
  • Modelagem financeira de uma obra com mais precisão;
  • Maior assertividade na compra de materiais e dimensionamento de mão de obra.

A gestão móvel das obras, via app pelo celular, também é uma realidade e tende a se consolidar ainda mais em 2018.

2- BIM  

Uma das principais aplicações de TI na construção é o uso do BIM (Building Information Modeling). De fato, não se trata de uma novidade no mercado. Estamos falando de uma realidade.

O BIM proporciona o trabalho colaborativo entre projetistas e auxilia o desenvolvimento do projeto à execução. Trata-se de uma metodologia e não do software em si, como é o caso do Revit, um dos mais conhecidos do mercado.

Tal metodologia consiste em criar um modelo de informação de um projeto em 3 dimensões. A grande novidade em torno do BIM é que, em breve, deveremos ter o BIM 5D, que deverá trazer recursos de realidade virtual e aumentada.

3- Armazenamento em nuvem

A utilização da TI na construção traria, obviamente, um grande volume de dados online. Por isso, o armazenamento de dados em nuvem se tornou fundamental. É uma forma de se ter informações sempre atualizadas e organizadas, o que facilita o cruzamento de dados em tempo real.

Com as aplicações de TI, os projetos estão cada vez mais complexos. Imagine, por exemplo, a gestão de um projeto de BIM por equipes localizadas em diferentes lugares. Ou diferentes setores da construtora com acesso a uma mesma planilha de gastos. Como evitar discrepância de dados após cada modificação?

Por isso, uma simples solução de nuvem pode proporcionar o compartilhamento em tempo real de dados do projeto para qualquer lugar.

Assim, fica mais assertiva e eficiente a administração dos projetos em todas as etapas, os fluxos de trabalho, sem contar a segurança e transparência. Há muitas vantagens em utilizar cloud para armazenamento de dados.

4- Internet das Coisas

Antes de falarmos da aplicação de IoT (Internet of Things) na construção, vamos entender do que se trata e por que ela é tão importante. A IoT pode ser definida como a comunicação entre máquinas via internet.

A Internet das Coisas permite que diferentes objetos (carros, máquinas, bens de consumo etc.) compartilhem dados e informações para concluir determinadas tarefas. A base para o funcionamento da IoT são sensores e dispositivos, que tornam possível a comunicação entre as “coisas”.

Com tantos dados circulando, é preciso um sistema de computação para analisá-los e gerenciar as ações de cada objeto conectado a essa rede. Complexo? Então, olha essa: até 2020, teremos mais de 34 bilhões de aparelhos conectados, segundo o Gartner. Haja dado!

Mas como aplicar a IoT no setor da construção? Vamos listar algumas aplicações a seguir:

  • Saber em tempo real o que está acontecendo em cada ponto do canteiro;
  • Automatizar processos de pedidos de materiais;
  • Controlar procedimentos de segurança do trabalho;
  • Gerenciar riscos, manutenção de equipamentos e inventário de materiais;
  • Monitoramento de produtividade, qualidade e segurança da mão de obra.

Tais aplicações são específicas para a obra. Agora, se pensarmos nos imóveis prontos, as possibilidades são ainda maiores.

5- Machine Learning

Este é, sem dúvida, um fato relevante para a TI. Relacionado à Inteligência Artificial e à Deep Learning, podemos entender, de maneira básica, que Machine Learning é a capacidade dos computadores “pensarem”.

As máquinas aprendem com experiências anteriores a para processar grande volume de informações. A TI possibilita o uso de algoritmos para coletar dados, aprender com eles, e então fazer uma determinação ou predição sobre alguma coisa no mundo.

Mas o que você precisa entender é como aplicar machine learning na construção civil, certo? Para facilitar esse entendimento, vamos exemplificar com o case da Smartvid.io.

A Smartvid.io lançou uma plataforma que agrega dados visuais do canteiro de e os analisa de forma inteligente. A plataforma gera insights sobre segurança, qualidade, uso de equipamentos e rastreamento de progresso da obra. Assim, possibilita inspeções digitais, sem o trabalho manual e presencial de um profissional.

6- Impressão 3D

A aplicação de TI na construção também tem relação com a Impressão 3D. É o processo de criação de um objeto físico tridimensional camada por camada, a partir da projeção digital desse mesmo objeto.

Já pensou construir um imóvel utilizando Impressão 3D? Parece algo distante, mas não é. A empresa russa Apis Cor utiliza impressora 3D e constrói casas em 24 horas. As peças impressas são montadas no próprio canteiro.

A impressora 3D ergue a estrutura a partir de um ponto central e trabalha fundações, sustentação, divisórias, paredes e o que mais for necessário. As casas de 38m² têm expectativa de usabilidade de até 175 anos e custam cerca 10 mil dólares cada.

No Brasil, esta aplicação de tecnologia tem sido iniciada com a criação de impressoras 3D. A startup Inovahouse 3D é um exemplo e trabalha para, em breve, imprimir em concreto.

Quando esta aplicação ganhar escala, teremos uma indústria mais econômica, eficiente e produtiva. Em países como EUA e China, a impressão 3D já é realidade; no Brasil, trata-se de uma grande oportunidade para inovar.

7- Realidade Virtual, Aumentada e Mista

Impossível falar da utilização da TI na construção sem citar a Realidade Virtual. Resumidamente, é uma tecnologia de interface com potencial de “enganar” os sentidos de um usuário, utilizando elementos capazes de formar um ambiente virtual.

Temos ainda a realidade aumentada (AR — Augmented Reality) e a Realidade Mista (Mixed Reality). Enquanto o objetivo na realidade virtual é trazer a pessoa para imersão em um ambiente simulado (virtual), na realidade aumentada o intuito é o contrário. A busca é por trazer elementos digitais projetados em um ambiente real.

Já a Realidade Mista é uma combinação de elementos virtuais interagindo com elementos reais. Estamos, então, falando de três tecnologias: realidade virtual, aumentada e mista. A seguir, vamos mostrar, na prática, como elas podem ajudar a indústria da construção:

  • Design de projetos: Com a realidade virtual é possível fazer uma imersão, simular diferentes conjuntos de elementos e antecipar problemas.
  • Experiência ao cliente: imagine demonstrar ao cliente o conceito por trás de um projeto, com uma simulação em um ambiente virtual, muito antes da obra ser executada.
  • Manutenção: Com a realidade aumentada será possível trazer as informações de projeto e instruções de manutenção para o contexto adequado. Você conseguirá visualizar onde a tubulação está passando na parede e ter instruções relevantes para a melhor execução do trabalho.
  • Treinamento: Simule cenários desejados e permita ao profissional desenvolver suas habilidades em um contexto muito próximo do que irá encontrar no dia a dia.
  • Tour virtual nos imóveis: A realidade virtual pode, com o tempo, chegar a um grau de perfeição capaz de permitir que as pessoas se sintam visitando o imóvel.
  • Projetos de Decoração: A partir de uma biblioteca de objetos, será possível visualizar diferentes combinações antes de se efetuar uma compra ou modificação no ambiente.

Para saber ainda mais sobre realidade virtual, aumentada e mista na indústria da construção, leia o artigo completo de Bruno Loreto no Medium.

8- Robótica

Por fim, mas não menos importante, vamos entender a aplicação da Robótica na construção civil. Você já deve ter lido que o futuro da construção passa pelo uso de robôs nas obras. E isso pode ser uma grande verdade, sim.

Temos alguns exemplos pelo mundo, como é o caso do robô projetado pelo Laboratório de Robótica (ADRL), da Suíça. Chamado de Fabricador In Situ, é um robô completamente autônomo, capaz de manipular diversos materiais de construção, trafegar por terrenos diferentes e disformes e adaptar-se rapidamente a tarefas divergentes.

O grande diferencial do robô é um avançado sistema de inteligência artificial que elimina qualquer necessidade de intervenção humana. Isso proporciona execuções mais rápidas e com precisão milimétrica, evitando erros e retrabalhos.

No Japão, a Kajima Corporation utiliza caminhões de carga, pás carregadeiras e rolos compactadores controlados por GPS, acionados remotamente por um funcionário. Um robô também é responsável pelo manuseio de barras de aço mais pesadas.

Benefícios e aplicações da TI na Construção Civil 

Gestão eficiente de projetos e obras 

A TI permite organizar e gerenciar os mais diversos dados de uma obra em tempo real. Mais do que isso, proporciona acesso simultâneo por parte de toda a equipe envolvida. Logo, a gestão de processos é otimizada, com troca rápida e objetiva de informações.

Por exemplo: é possível realizar, em segundos, tarefas que tomariam horas manualmente, ou até que seriam inviáveis de serem realizadas pelos profissionais.

Cálculos podem ser automatizados com o uso de soluções tecnológicas, do projeto ao orçamento, além de outras etapas, como a gestão dos projetos e as alterações realizadas ao decorrer do projeto. E tudo ocorre de forma ágil, segura e eficiente.

Além disso, a chance de erros humanos durante a gestão de qualquer etapa também diminui drasticamente. Dessa forma, a precisão e a confiança nas informações aumenta, melhorando a qualidade dos serviços prestados e evitando retrabalhos.

Obras mais rápidas e melhores

Também por meio da interpretação de dados, é possível prever prazos de entrega de fornecedores e de execução de cada etapa. Assim, é possível otimizar movimentações e acelerar processos construtivos.

Além disso, a capacidade de gerenciar dados em grandes volumes leva à otimização de processos produtivos. Afinal, fica mais fácil estabelecer procedimentos e métricas da qualidade. Falhas e problemas são evidenciados e permitem uma tomada de decisão antecipada.

Com processos mais otimizados e mais dados disponíveis, o desperdício perde espaço. Logo, os custos de construção tendem a ser menores com o uso de TI na construção.

E não podemos esquecer das tomadas de decisão, que deixam de ser suposições e passam a se basear em dados. Tudo isso contribui para a qualidade do empreendimento.

Abertura para mais softwares e tecnologias 

Como já falamos, as construtoras de modo geral vêm apostando no uso de mais tecnologias nas obras, buscando softwares especializados para as mais diversas etapas e desafios de uma obra.

TI aplicada na construção civil: as construtoras de modo geral vêm apostando no uso de mais tecnologias nas obras

E o número de construtechs que oferecem essas soluções só aumenta. Estamos falando de tecnologias que ajudam a:

  • Automatizar processos;
  • Melhorar a comunicação e gestão no canteiro em tempo real;
  • Aumentar produtividade e qualidade;
  • Gerar maior segurança.

Mas aí pode surgir uma dificuldade. Como gerenciar o uso e garantir a boa funcionalidade de vários softwares ao mesmo tempo?

Sabemos que usá-los pode significar uma obra mais eficiente, mas é preciso gerenciá-los, entendendo quem acessa o quê, quando acessar, onde conseguir uma determinada informação etc.

Sienge Plataforma

Portanto, temos aqui um exemplo claro da importância da TI aplicada na construção civil. A TI precisa atuar nas duas pontas: dar condições para a adoção das tecnologias e, ao mesmo tempo, garantir que todas funcionem bem, se complementando.

Uma solução para isso é a adoção de uma plataforma tecnológica, como o Sienge Plataforma, que cria um ecossistema digital em torno de si com base na participação de três tipos de players:

  • Proprietário da plataforma, que no nosso exemplo é o Sienge;
  • Fornecedores de soluções, que são nossos parceiros de integração que desenvolvem ferramentas e produtos para serem acessados a partir do Sienge;
  • Consumidores ou clientes, que adquirem e usufruem dos serviços disponíveis no Sienge Plataforma.

O Sienge Plataforma ajuda a empoderar seus clientes. Porque uma das principais características de uma plataforma é possibilitar a escolha das soluções às quais se quer conectar, da mesma maneira que você escolhe quais apps quer baixar e usar no seu celular.

Dessa maneira, o Sienge Plataforma gera um enorme potencial de revolucionar a forma como uma empresa realiza sua gestão. E com ganhos expressivos de compliance, segurança, confiabilidade nas informações, produtividade e, sobretudo, de TI.

Conclusão

É notória a importância da tecnologia da informação para a construção civil. O setor, tido por muito tempo como artesanal, tem agora a oportunidade de se reinventar e embarcar na revolução tecnológica.

Todas as etapas de uma obra, do projeto à execução, podem ser beneficiados. As construtechs estão aí para provar isso. E tudo caminha para termos um setor cada vez mais eficiente e produtivo, sem retrabalhos e desperdícios. Pode parecer distante da nossa realidade, mas não está.

Não só o conceito de TI, mas o departamento de TI merece atenção por parte das construtoras. Ela tem sua relevância ao ajudar a empresa a administrar e trocar informações, gerando uma rica base de dados.

A TI aplicada na construção civil também representa um canteiro mais tecnológico, o que nos remete ao termo “Connected Jobsites”, ou canteiro de obras conectado. O termo significa a conexão, de forma digital, de recursos (pessoas, informações, ferramentas, materiais, máquinas, equipamentos etc.) em toda a cadeia do projeto, independentemente de onde eles estejam localizados.

E para funcionar é preciso de TI, porque locais de trabalho conectados contam com um central de controle, idealmente baseado em nuvem, que permite um único fluxo de informações em tempo real. Além de permitir acesso via dispositivos móveis. Sem TI nada disso é possível.

Portanto, a TI na construção civil, como já falamos, é mais que necessária. É uma questão de sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo e tecnológico.