FGTS Futuro: como a construção pode aproveitar esse incentivo

Ricardo Nacarato

Escrito por Ricardo Nacarato

9 de maio 2024| 9 min. de leitura

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FGTS Futuro: como a construção pode aproveitar esse incentivo

Entenda como o FGTS Futuro pode impactar o acesso ao crédito habitacional e quais são os riscos envolvidos para trabalhadores e o setor da Construção Civil.

A recente aprovação do uso do FGTS Futuro pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) traz novas perspectivas para o setor habitacional no Brasil. 

Anunciado pela Caixa Econômica Federal, esse novo mecanismo permitirá que os trabalhadores utilizem os depósitos futuros de seu FGTS como garantia para obtenção de financiamento habitacional. Lembrando que este programa visa principalmente facilitar o acesso ao crédito para famílias de menor renda, uma medida que pode ter um impacto significativo no mercado imobiliário. 

Com o começo da implementação neste mês de abril, o FGTS Futuro representa uma oportunidade valiosa para a indústria da Construção Civil explorar novos horizontes e contribuir para a conquista da casa própria da população. De acordo com o governo federal, cerca de cerca de 43 mil famílias poderão usufruir da novidade. 

Se você tem dúvidas quanto a este assunto, chegou ao lugar certo. Neste artigo vamos explorar como as empresas do setor podem se beneficiar deste incentivo, destacando as principais estratégias e considerações a serem observadas. Vamos lá?

FGTS Futuro: como funciona? 

O FGTS Futuro é uma novidade transformadora para os trabalhadores com carteira assinada no Brasil, proporcionando uma alternativa para o acesso a financiamento habitacional. 

Funciona assim: a cada mês, os empregadores depositam 8% do salário do empregado no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Este programa permite que os trabalhadores, ao invés de apenas acumular esses recursos, utilizem os depósitos futuros como uma garantia ativa para obter financiamentos mais substanciais. 

Essa abordagem é especialmente vantajosa dentro de programas como o Minha Casa, Minha Vida, que busca facilitar a aquisição de moradia para famílias de baixa renda. Dessa forma, o  FGTS Futuro eleva a capacidade de compra, possibilitando ao trabalhador adquirir um imóvel antes mesmo de acumular uma grande poupança, o que poderia levar anos. 

Além disso, essa modalidade ajuda a impulsionar o mercado imobiliário, aumentando a demanda por novas construções e, consequentemente, fomentando o setor da Construção Civil. 

FGTS Futuro para compra de imóvel

Especificamente no que tange à compra de imóveis, o FGTS Futuro começou a ser aplicado em abril, após aprovação e regulamentação pelo Conselho Curador do FGTS. A Caixa Econômica Federal facilitou esse processo, permitindo que as famílias com renda até R$ 2.640, pertencentes à faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida, se beneficiem inicialmente. 

Para aderir, o titular da conta do FGTS deve autorizar o caucionamento de créditos futuros em suas contas por um período que pode chegar a 120 meses. Essa autorização é feita de forma simplificada através do próprio aplicativo do FGTS, tornando o processo menos burocrático e mais acessível. 

A possibilidade de comprometer os depósitos futuros para a obtenção de crédito representa uma mudança significativa, permitindo que os trabalhadores adquiram seus imóveis próprios com maior agilidade e flexibilidade financeira. 

Além disso, em caso de desligamento da empresa, os trabalhadores precisam estar cientes de que os valores já comprometidos não estarão disponíveis para saque imediato, sendo designados exclusivamente para a redução do saldo devedor do financiamento habitacional.

Riscos do crédito com FGTS Futuro

A implementação do FGTS Futuro como garantia para financiamentos habitacionais trouxe consigo medidas de proteção para os trabalhadores em caso de perda de emprego. No entanto, ainda existem riscos significativos que devem ser considerados. 

De acordo com as normas estabelecidas pelo Conselho Curador do FGTS, se um trabalhador perder o emprego durante a vigência do contrato de financiamento, a Caixa Econômica Federal oferece a possibilidade de suspender o pagamento das prestações por até seis meses. Durante esse período, o valor não pago é simplesmente adicionado ao saldo devedor do mutuário.

Apesar dessa medida protetiva, é muito importante que os trabalhadores estejam cientes das obrigações financeiras que persistem após o período de suspensão. Uma vez que o período de carência termine, o trabalhador é obrigado a retomar o pagamento das prestações, que agora incluem o valor acumulado durante a suspensão, além de continuar a cobrir os 8% que anteriormente eram depositados pelo empregador em seu FGTS. 

Esta condição pode muito facilmente se tornar um problema financeiro para o trabalhador, especialmente se ainda estiver desempregado.

Além disso, existe o risco da perda do imóvel, que pode ocorrer se o mutuário não conseguir retomar os pagamentos após o período de seis meses. Este é um cenário desafiador, pois a incapacidade de cumprir com as obrigações financeiras pode levar à execução do imóvel pela instituição financeira. 

Portanto, é essencial que os potenciais compradores considerem cuidadosamente sua estabilidade de emprego e capacidade de cumprir com os termos do financiamento antes de optar pelo FGTS Futuro como mecanismo de garantia para a compra de uma casa.

Como a Construção Civil pode aproveitar o incentivo do FGTS Futuro

O FGTS Futuro apresenta oportunidades significativas para o setor da Construção Civil, especialmente em um contexto onde a demanda por habitação é alta e o acesso ao crédito é frequentemente um obstáculo para muitas famílias. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a Construção Civil pode aproveitar esse novo incentivo:

  1. Desenvolvimento de projetos acessíveis: com o FGTS Futuro facilitando o acesso ao financiamento habitacional para famílias de baixa renda, as construtoras podem focar no desenvolvimento de projetos que se enquadrem nos critérios do programa Minha Casa, Minha Vida. Isso inclui a construção de imóveis com características que atendam às necessidades desse segmento, promovendo habitações acessíveis e de qualidade.
  2. Parcerias estratégicas: as empresas do setor podem buscar parcerias com instituições financeiras, especialmente a Caixa Econômica Federal, para criar pacotes de financiamento que sejam atrativos e acessíveis. Essas parcerias podem incluir termos de pagamento facilitados, aproveitando o caucionamento dos depósitos futuros do FGTS como garantia.
  3. Marketing e comunicação direcionada: comunicar efetivamente os benefícios do FGTS Futuro aos potenciais compradores é essencial. A Construção Civil pode investir em campanhas de marketing que esclareçam como o FGTS Futuro funciona e como ele pode facilitar a compra de uma nova casa, destacando as vantagens do programa.
  4. Adaptação de modelos de negócio: para se adaptar ao novo cenário que o FGTS Futuro cria, as construtoras podem revisar seus modelos de negócio para maximizar a eficiência, reduzindo custos de construção sem comprometer a qualidade. Isso pode envolver a adoção de novas tecnologias de construção ou a revisão de processos para tornar as construções mais rápidas e menos custosas.
  5. Monitoramento de políticas habitacionais: manter-se atualizado com as mudanças nas políticas habitacionais e as atualizações do programa FGTS Futuro é crucial. Isso permitirá que as construtoras ajustem rapidamente suas estratégias e planos de construção para alinhar-se com as diretrizes governamentais e as necessidades do mercado.

Ao explorar essas estratégias, o setor da Construção Civil não apenas capitaliza um nicho de mercado em expansão, mas também contribui de forma significativa para a redução do déficit habitacional no Brasil, alinhando-se com as políticas públicas e aumentando sua relevância e impacto social no mercado.