Construsummit 2021: o que foi destaque na trilha Construção

Romário Ferreira

Escrito por Romário Ferreira

1 de outubro 2021| 13 min. de leitura

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Construsummit 2021: o que foi destaque na trilha Construção

Não é novidade que a transformação digital vem causando uma verdadeira revolução nos setores produtivos mais inovadores. Por isso, a proposta da trilha Construção, do Construsummit 2021, foi justamente traçar um panorama sobre como a tecnologia e a inovação podem ser aliados de quem constrói o país.

Diego Mendes, COO da Trutec e Co-Founder da ConstruCode, abriu a trilha falando como a Inteligência Artificial oferece possibilidades de hiperautomação na tomada de decisões em canteiros de obras.

Antes disso, ele lembrou que a construção civil brasileira ainda apresenta baixa eficiência, comparada a indústrias de outros setores. Esta baixa produtividade é responsável por dados como:

  • 80% das obras sofrem com aumento de custos e atrasos;
  • 73% de todo tempo gasto nas operações de canteiros são convertidos em desperdícios, sejam aparentes ou ocultos.

“Continuamos executando como antigamente. Consumimos toda informação levantada em uma obra numa folha de papel, sem nenhum tipo de sincronia automatizada, ou seja, passamos mais de semanas trabalhando com dados defasados. Como chegamos nisso?”, questiona Mendes. 

Para ele, a resposta está no fato de que “a cultura come a inovação”, ou seja:

  • o mercado de A&C não elabora base de conhecimento;
  • inexistência de comunicação assíncrona; 
  • cloud esbarra em dependências de infra;
  • skills são ativos individuais. 

Trutec aposta na “engenharia artificial”

Para solucionar esses problemas, o COO da Trutec revela que a empresa passou a investir na criação de ferramentas de “engenharia artificial”, com o objetivo de “desenvolver tecnologias que simulem a inteligência humana para facilitar a vida em sociedade”. 

Construsummit - Trilha Construção
Palestra do COO da Trutec e Co-Founder da ConstruCode, Diego Mendes.

Para auxiliar o setor nas melhores escolhas e decisões, a empresa focou o desenvolvimento de suas ferramentas na solução de três problemas: Coleta de informações; Análise de informações; Geração de inteligência construtiva que funcione por meio de interações humanas e sistemas digitais.

Assim nasceram: 

  • ConstruCode – Coleta e distribui informações do canteiro;.
  • Construflow – Valida informações e compatibiliza os projetos para uma construção mais assertiva.
  • Construct IN – Fornece visão realista de tudo o que está acontecendo no canteiro em tempo real.

“Ao conectarmos nossas ferramentas, permitindo que funcionem de forma integrada, nós propiciamos uma visão mais holística do canteiro e resolvemos problemas com mais facilidade”, relata Mendes. 

Ainda segundo ele, um dos desafios do mercado é consumir diferentes tecnologias ao mesmo tempo. Apesar de haver um desgaste inicial para que a tecnologia seja aceita, após serem adotadas, elas são grandes aliadas dos trabalhadores do setor. 

Disseminação do BIM em destaque no Construsummit

Dando continuidade à trilha Construção, Leonardo Santana, analista de Produtividade e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), apresentou os esforços para ampliação e disseminação do uso do BIM no Brasil. 

Santana iniciou sua participação no Construsummit lembrando que o uso do BIM já possui alguns marcos no país:

Uma das principais formas de disseminar o uso da metodologia é por meio da Plataforma BIMBR, instrumento de difusão do BIM que, em parceria com a Biblioteca Nacional, agrupa informações sobre seu uso. 

Construsummit - Trilha Construção
Palestra do analista de Produtividade e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Leonardo Santana.

“Estimulamos o upload e download de objetos da Biblioteca Nacional BIM (BNBIM), cujos principais atores são fabricantes, que disponibilizam seus produtos e catálogos, enquanto os projetistas utilizam informações disponibilizadas para fins de análises e simulações relevantes a projetos”, explica o analista. 

Outra forma de disseminação do BIM tem sido pelo curso “Democratizando BIM”. Oferecido de forma gratuita e online, o treinamento já foi realizado por mais de 5 mil alunos. “O próximo passo é oferecermos módulos de capacitação práticos”, adianta Santana. 

Segundo o analista, a capacitação é um dos pontos primordiais da disseminação do BIM, tendo em vista que sua adoção representa uma mudança de paradigma muito grande para o setor, ao lado da introdução de novas ferramentas e conceitos. 

“Sabemos que o setor é conservador e faz uso de métodos majoritariamente tradicionais. A pandemia, contudo, acabou impulsionando as plataformas digitais em substituição ao papel em nossos canteiros. O BIM é o presente e promove verdadeira revolução de produtividade”, frisa Santana.

Digitalização da Dimas Construções

Dando sequência à programação do Construsummit, Maria Natalia Villagran de Dios, gerente de Obras da Dimas Construções, mostrou na prática como a digitalização pode melhorar os processos da construção civil. 

Ele contou que, há oito anos, a Dimas vem investindo em tecnologia e hoje a construtora é definida como uma “empresa de tecnologia que constrói”. A engenheira recordou que em 2015, diante da crise econômica mundial, a direção da construtora percebeu que o único jeito de se manter no mercado seria mudar. 

“Tudo que estava dando certo para as startups, levamos para a construção civil. Foi assim que começamos nosso caminho dentro do mundo da tecnologia”, diz Maria Natália.

Construsummit - Trilha Construção
Palestra de gerente de Obras da Dimas Construções, Maria Natalia Villagran de Dios.

Para que a estratégia desse certo, foram oferecidos treinamentos para que uma real mudança de mindset ocorresse dentro da empresa. A partir desta mudança de visão, a Dimas passou a trabalhar com o conceito de projetos, cujas diretrizes deveriam focar em:

  • Identificar e diminuir desperdício;
  • Diminuir passos para executar tarefas;
  • Apresentar melhoras reais. 

Foram implantadas ferramentas, dentre as quais o próprio Sienge Plataforma, para digitalização e armazenamento de certidões, bem como manter atualizado o diário da obra em tempo real. 

Também foram instaladas catracas com reconhecimento facial, que barram a entrada de funcionários, caso alguma documentação esteja pendente. Houve ainda investimento em plataforma de visualização e armazenamento com acesso online a todos os projetos referentes a uma determinada obra. 

“Diante disso tudo, sempre fica aquela pergunta: é gasto ou investimento? É investimento, com certeza”, defende a engenheira. 

Segundo ela, uma colaboradora da Dimas realizou um estudo importante sobre os impactos das tecnologias em apenas três setores da Dimas.

“O resultado foi uma economia de 0,5% sobre uma obra que teve custo total de R$ 65 milhões. Para além da economia financeira, vale pensarmos em todo o desgaste físico poupado com essas tecnologias, assim como qualidade de execução mais controlada e maior transparência nos processos. Isso tudo é ganho proporcionado pela tecnologia”, finaliza. 

Tendências de métodos construtivos e construção modular

Caio Bonatto, CGO na Tecverde Engenharia, e Jonathan Degani, gerente de Pós-obra da Basil Cubo, compartilharam com o público do Construsummit a quantas anda o cenário da industrialização da construção, que acabou ganhando visibilidade considerável durante a pandemia. 

Construsummit - Trilha Construção
Painel mediado por Orlando Canezim com as presenças de Caio Bonatto, da Tecverde Engenharia, e Jonathan Degani, da Brasil ao Cubo.

Bonatto pontuou que os principais benefícios do sistema de construção industrializada são a rentabilidade e o cumprimento de prazo. “Antigamente, construíamos uma casa em um mês, hoje, com a industrialização da construção, entregamos sete mil casas por ano”, revela o CGO da Tecverde. 

Além da rapidez, o sistema de construção industrial permite a identificação e correção de falhas de forma sistêmica, com menos pessoas no canteiro, gerando menos resíduos. 

Esse apanhado de benefícios foi o que permitiu, por exemplo, que a Brasil Cubo entregasse sete obras de hospitais permanentes, concluídas em somente 33 dias. “Conseguimos levantar e finalizar a obra em prazo menor do que hospitais de campanha”, conta Degani.

Construsummit discute os desafios da construção industrializada no país

Os convidados falaram ainda sobre as resistências do mercado em relação à industrialização da construção. Na avaliação de Bonatto, houve uma mudança drástica do mercado nos últimos quatro anos e esse movimento tem sido muito importante para o setor. 

“Era difícil conseguir agenda com construtora para falar de construção industrial. Hoje percebemos uma busca ativa das empresas por soluções inovadoras. Prova disso é que observamos o direcionamento de grandes players para a industrialização, como a Gerdau e a Tenda”, pontua Bonatto. 

Para o gerente da Brasil Cubo, um empecilho ao crescimento da construção industrializada ainda é o desconhecimento sobre o assunto. “Nesse sentido, a pandemia acabou colaborando para disseminar o conceito”, afirma Degani. 

Para quem deseja aderir à construção industrializada, Bonatto orienta a empresa a focar em parcerias que ofereçam soluções complementares a seus negócios.

“É um tabu achar que inovação precisa de grandes investimentos. Hoje, não falta capital disponível para quem quer inovar e os resultados são compensadores”, conclui Bonatto.

Gerdau: integração da cadeia de aço 

A trilha Construção foi encerrada com a participação de Luciano Soares, gerente Técnico Nacional da G2Base, empresa da Gerdau, que desenvolve soluções para aumentar a produtividade da sua fundação.

Construsummit - Trilha Construção
Palestra de encerramento da trilha Construção com Luciano Soares, gerente Técnico Nacional da G2Base, empresa da Gerdau.

Além da venda de perfis metálicos, a G2Base oferece todo o serviço de execução de fundação, trabalhando com parceiros de excelência e melhores equipamentos. 

“Estamos em toda a cadeia do aço prontos para garantir qualidade e produtividade nas obras de nossos clientes”, salienta Soares. 

A G2Base trabalha em cima de alguns diferenciais para desenvolver soluções. São elas:

  • Ponto único de contato para gestão de obra
  • Maior produtividade nas execuções
  • Mais tecnologia, IoT, por exemplo
  • Melhor gestão na evolução de atividades – diário de obra online
  • Sustentabilidade

“Nossa proposta de valor é agregar toda a cadeia do aço, liderando negociação junto ao cliente, ajudando a prospectar, garantindo os melhores resultados, influenciando nas soluções a partir de geração de valor e acompanhamento da proposta de valor prometida”, garante Soares. 

A criação da G2Base, portanto, vem para atender às construtoras da melhor forma, avaliando inclusive se é válido para o seu negócio migrar para a estaca metálica por meio da melhor consultoria, considerando a inovação como aliada em todo este processo. 

Quer saber mais sobre o Construsummit 2021? Então confira agora quais foram as principais lições da plenária do evento.