7 aplicações práticas de inovação na construção para ficar de olho

Juliana Nakamura

Escrito por Juliana Nakamura

19 de fevereiro 2019| 12 min. de leitura

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Você já sabe que a inovação na construção transformou-se em um requisito básico para a sobrevivência das empresas em mercados competitivos. Mas também já deve ter notado que ainda são poucas as organizações que conseguem implantar, de fato, uma rotina de inovação. Por que isso acontece?

Por vários motivos. Ou seja, que vão da falta de uma cultura voltada para a inovação na construção no Brasil à dificuldade de saber por onde começar.

Não custa lembrar que a inovação na construção não consiste, necessariamente, em uma ideia mirabolante. Na verdade, trata-se de uma ação nova e criativa para solucionar um problema ou atender a uma determinada demanda. Assim, gerando valor, aumentando a produtividade e, muitas vezes, reduzindo custos.

A boa notícia é que, apesar de todos os desafios inerentes ao ato de inovar, já há empresas e entidades se movimentando para tirar proveito da inovação na construção.

Assim, listamos a seguir algumas experiências reais – e bem sucedidas – para você conhecer e se inspirar.

Confira!

1. AlphaInova – Alphaville Urbanismo

O programa desenvolvido pela Alphaville Urbanismo visa selecionar startups que possam se tornar futuras fornecedoras da empresa de desenvolvimento urbano. Conta com apoio das empresas Innoscience e StartSe.

Dessa forma, o interesse recai principalmente sobre potenciais parceiros capazes de solucionar questões estratégicas, como:

  • Produzir de forma mais eficiente com menos custos e mais sustentabilidade;
  • Melhorar o atendimento e o relacionamento com clientes a partir do uso de novas tecnologias;
  • Otimizar a geração de funding para os projetos e gestão de inadimplência;
  • Fortalecer nos clientes da Alphaville Urbanismo a sensação de pertencimento e comunidade;
  • Garantir maior eficiência em processos internos;
  • Aumentar a geração de leads com o uso de tecnologias digitais.

2. Vetor AG – Andrade Gutierrez

Resultado de parceria entre Andrade Gutierrez e Next Consulting, o programa de aceleração de startups pretende testar em campo tecnologias que gerem redução de custos, de mão de obra e de tempo de obra.

Com duração de cinco meses, o Vetor AG prevê duas etapas. A primeira consiste na seleção de sete startups capazes de resolver fragilidades que a construtora detectou em sua operação.

A segunda fase é a realização de uma residência, em São Paulo. Ou seja, uma fase de teste da aplicação das soluções inovadoras pré-selecionadas em projetos-pilotos.

Com essa iniciativa, a AG acreditar que é possível potencializar sua eficiência operacional. Com isso, adquirir repertório com a implementação de novas soluções e acessar tecnologias cada vez mais disruptivas.

Assim, dentre as áreas estratégicas trabalhadas pelo projeto estão:

  • Gestão de frota e equipamentos;
  • Apontamentos de produtividade em campo;
  • Gestão de canteiros;
  • Produtividade da mão de obra.

Confira mais informações sobre o Vetor AG, o programa de aceleração e inovação na construção da Andrade Gutierrez. Inclusive sob a perspectiva de Aldo Mattos.

3. MoviMente – Secovi-SP

O programa MoviMente foi criado por um grupo de jovens empreendedores do Secovi, sindicato que congrega as empresas do mercado imobiliário do Estado de São Paulo.

O objetivo é fomentar o empreendedorismo inovador por meio do intercâmbio entre startups e incorporadores, construtores, loteadores, imobiliárias, administradoras de imóveis e condomínios.

Assim, na prática, a iniciativa prevê a seleção de startups para participar de rodadas de negócios temáticas com possíveis investidores e parceiros.

A cada edição do MoviMente, as empresas serão escolhidas em um universo de quinze startups em aceleração e cinco startups em ideação ou validação. Estas pré-selecionadas por uma Comissão Avaliadora do Secovi-SP. A primeira edição do MoviMente, em 2017, recebeu 75 inscrições de startups voltadas à inovação na construção civil.

4. Icon Hub – SindusCon-SP

O Icon Hub foi criado em 2018 pelo Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo). O programa de inovação nasceu para servir como ponto de conexão do ecossistema da construção. Ou seja, unindo indústria, comércio e serviços com a academia, empresas de tecnologia da informação e comunicação. Além disso, é claro que o programa abrange startups, investidores e entidades de fomento da inovação.

O objetivo do IconHub, que tem consultoria e execução da Spinafre, é oferecer cursos e acelerar projetos de startups. Outra intenção é promover rodadas de negócios, workshops e hackathons.

Instalado no Centro de São Paulo, o SindusCon-SP dedicará área com 160 posições de trabalho, maker space e Fab Lab, auditório e espaço de eventos para receber projetos residentes. Tudo isso para estimular a colaboração e mostrar como a tecnologia pode otimizar a mão de obra, o canteiro de obras, aumentar a produtividade e combater o desperdício de materiais.

5. Sistema Integrado de Gestão de Projetos – CCDI

O SigPro (Sistema Integrado de Gestão de Projetos) foi desenvolvido pela Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI). A finalidade era equacionar os insistentes desvios em custos e prazos apresentados em seus projetos. A empresa detectou que tais problemas eram fruto principalmente de falhas na comunicação e da utilização de informações e dados desatualizados.

A solução encontrada pela empresa passou pela integração de todas as atividades de planejamento e controle em um modelo BIM (Building Information Modeling). Assim, o sistema que permite atualizar informações em tempo real opera desde o escritório até as frentes de serviço nos canteiros.

Com isso, todas as informações necessárias para a execução dos serviços passaram a estar disponíveis nos tablets da equipe de campo. Nestes dispositivos móveis são registrados os avanços realizados, o controle de qualidade e eventuais problemas que demandem soluções de outras áreas da empresa. Tudo isso é feito de maneira integrada e totalmente online.

Dessa maneiraara viabilizar o programa, a empresa investiu cerca de R$ 2 milhões em aquisições de licenças de software e infraestrutura. Além disso, foram consumidas cerca de 1500 horas-homem de profissionais e especialistas.

O esforço foi principalmente construir um padrão para integrar todas as etapas do seu processo de produção.

De acordo com a CCDI, com a utilização desse sistema em uma obra piloto, em São Paulo, foram obtidos ganhos jamais registrados na operação da construtora. Assim, segundo os engenheiros, as tomadas de decisão tornaram-se mais participativas, assertivas e rápidas. Dessa forma permitindo recuperar o atraso inicial da obra, de quatro meses e prever uma antecipação de entrega de dois meses.

Conheça outras quatro aplicações práticas bem sucedidas de BIM!

6. Rede Construção Digital – EnRedes – CTE

Criada em 2018, a rede consiste em um núcleo de relacionamento, pesquisa e negócios. Dessa maneira, visa promover a cultura de inovação tecnológica e a digitalização na construção civil.

Grandes players do setor, como Basf, Cyrela, Deca, EZTEC, Gafisa, Gerdau, Intercement, MRV, Saint-Gobain, Samsung, Schneider Electric, Tarjab e ThyssenKrupp, fazem parte do grupo. O time é coordenado pelo EnRedes, núcleo de competência do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações).

De acordo com o engenheiro Roberto de Souza, presidente do CTE e idealizador da Rede, o plano é promover o acesso dessas empresas às novas tecnologias. Mais que isso, compartilhar experiências com fornecedores de soluções de TI, empresas projetistas, fabricantes, incorporadoras e construtoras.

Estudos e soluções em Big Data, Internet das Coisas, realidade aumentada, impressão 3D, drones e robótica, inteligência artificial estão no radar da Rede. A equipe iniciou seus trabalhos realizando um mapeamento das construtechs brasileiras e do Vale do Silício (Estados Unidos). Até o momento, trinta empresas compõem a Rede Construção Digital.

7. Vedacit Labs – Vedacit

O programa de inovação na construção da Vedacit tem como base a conexão a parceiros externos. Ou seja, capazes de agregar tecnologia e recursos à operação da companhia.

Desenvolvido em parceria com a Liga Ventures, o Vedacit Labs tem como objetivo fomentar a atuação de startups. Assim, a empresa almeja aumentar sua eficiência, reduzir desperdícios e melhorar a segurança global da construção.

https://www.youtube.com/watch?v=PIadmWF83Fs

Dentre os benefícios oferecidos às startups pelo Vedacit Labs está um investimento no valor de R$ 100 mil. Além disso, as empresas selecionadas contarão com o apoio da Rede de Mentores Vedacit.

O Vedacit Labs categoriza as iniciativas em 10 temas:

  • Internet das coisas e sensores;
  • Diagnóstico, gestão e monitoramento em obras;
  • Plataformas para a indicação e contratação de profissionais;
  • Soluções para impermeabilizar sistemas de captura e reúso de água;
  • Soluções para melhoria dos processos construtivos e impermeabilização;
  • Plataformas para a capacitação de profissionais e faça você mesmo (DIY);
  • Building Information Modeling (BIM);
  • Inteligência digital;
  • Big Data para Construção;
  • Sistemas de impermeabilização para baixa renda.

Pontos convergentes no processo de inovação na construção

É preciso salientar que há pontos em comum entre essas seis iniciativas. O primeiro deles é que a inovação na construção é vista de forma muito pragmática. Assim, o objetivo é utilizá-la para ajudar a solucionar problemas previamente identificados.

Outra constatação é a de que unindo esforços, seja em hubs de inovação na construção, seja com fornecedores de tecnologia, inovar parece mais fácil.

Quer saber mais sobre os desafios e as oportunidades trazidos pela inovação na construção? Então, não deixe de acessar o conteúdo do Buildin. Recomendamos, em especial, a entrevista realizada com Bruno Loreto, CEO do Construtech Ventures. Ele fala sobre o impacto das construtechs na indústria da construção civil.

Além disso, é importante sempre se manter sempre atualizado sobre as possibilidades de inovação na construção. Por isso, não deixe de participar de eventos do setor sempre que possível!

E como a sua empresa está se posicionando diante desse movimento? Como você entende e aplica a inovação na construção?

Compartilhe sua experiência com a gente!