A importância do Dispositivo DR na segurança contra choque elétrico

Lucio Woytovicz Jr

Escrito por Lucio Woytovicz Jr

9 de abril 2024| 13 min. de leitura

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A importância do Dispositivo DR na segurança contra choque elétrico

A segurança em instalações elétricas é um tema de extrema importância no setor da Construção Civil, exigindo constante atenção e atualização sobre as melhores práticas e dispositivos de proteção. Um dos componentes essenciais para garantir a segurança nessas situações é o Dispositivo DR (Diferencial Residual). 

Essa ferramenta desempenha um papel crucial em proteger as pessoas contra os riscos  elétricos, mesmo aqueles de pequena intensidade que, apesar de parecerem inofensivos à primeira vista, podem ser fatais se percorrerem o corpo humano.

Dessa forma, o Dispositivo DR foi projetado para atuar onde os disjuntores comuns falham, pois ele é capaz de detectar essas correntes residuais ínfimas e desligar o circuito instantaneamente, prevenindo assim os riscos de acidentes. 

No Brasil, a utilização deste dispositivo é regulamentada pela NBR 5410, norma técnica que estabelece as condições e regras para as instalações elétricas de baixa tensão, até 1000V em tensão alternada e até 1500V em tensão contínua. 

Bem, se você está com dúvidas ou tem interesse em saber mais sobre o dispositivo DR, como instalar, para que serve, preço, entre outros, continue sua leitura! Neste artigo você vai conhecer um pouco mais sobre este importante material para não deixar faltar em suas obras. Boa leitura! 

O que é e para que serve o dispositivo DR?

O Dispositivo DR, sigla para Diferencial Residual, é um componente de segurança crítico nas instalações elétricas, projetado especificamente para proteger as pessoas contra choques elétricos potencialmente fatais. Diferentemente dos disjuntores tradicionais, que são projetados para proteger a instalação elétrica contra sobrecargas e curtos-circuitos, o DR foca na segurança humana, detectando correntes elétricas residuais mínimas que podem não ser percebidas pelos disjuntores comuns.

Essas correntes residuais, embora de pequena intensidade, representam um risco significativo de choque elétrico quando entram em contato com o corpo humano. A capacidade do Dispositivo DR de identificar e interromper imediatamente estas correntes o torna indispensável para a prevenção de acidentes elétricos.

A norma técnica brasileira determina a obrigatoriedade da instalação de Dispositivos DRs com alta sensibilidade (igual ou inferior a 30mA) em áreas que apresentam maior risco de contato com água ou umidade, como cozinhas, banheiros, áreas de serviço, garagens, e outros ambientes similares. Além disso, sua instalação é mandatória em locais de elevado risco, como saunas e piscinas, bem como em todas as tomadas externas ou aquelas internas que alimentam equipamentos localizados ao ar livre.

Esta medida não apenas segue as melhores práticas de segurança e conformidade com a norma NBR 5410, que regulamenta as instalações elétricas de baixa tensão, mas também representa um passo importante na garantia da proteção efetiva contra choques elétricos em ambientes residenciais e comerciais. Portanto, o Dispositivo DR é um elemento fundamental para uma infraestrutura elétrica segura, destacando seu papel vital na proteção das pessoas e na prevenção de acidentes.

Tipos de dispositivo DR

Existem, basicamente, dois tipos de dispositivos DR, cada um com suas especificidades e aplicações: o Interruptor Diferencial Residual (IDR) e o Disjuntor Diferencial Residual (DDR).

Interruptor Diferencial Residual (IDR)

O IDR é projetado para garantir a segurança em um circuito elétrico ao detectar correntes de fuga, que podem ocorrer por diversos motivos, como o contato acidental de pessoas com a eletricidade ou o contato de componentes elétricos com superfícies metálicas. 

Essas situações representam um risco significativo de choque elétrico, e o IDR responde imediatamente, interrompendo o circuito para evitar a continuidade da corrente de fuga. Assim, seu principal objetivo é proteger a integridade física de seres humanos e animais presentes no ambiente, cortando o fluxo de energia ao identificar discrepâncias no circuito.

Disjuntor Diferencial Residual (DDR)

Por outro lado, o DDR combina as funções de proteção do IDR com as características tradicionais de um disjuntor. Isso significa que, além de detectar e interromper correntes de fuga, protegendo contra choques elétricos, ele também é capaz de lidar com sobrecargas e curtos-circuitos.

Estas condições podem danificar equipamentos eletrônicos e até mesmo causar incêndios. Portanto, o DDR estende a proteção para além da segurança pessoal, incluindo a proteção do patrimônio, como eletrodomésticos e outros aparelhos, evitando prejuízos financeiros significativos decorrentes de falhas elétricas.

Ambos os dispositivos, IDR e DDR, são fundamentais para um sistema elétrico seguro, cada um adequado a diferentes necessidades de proteção. A escolha entre um IDR e um DDR dependerá do nível de segurança desejado e das especificidades da instalação elétrica em questão.

Classificação do dispositivo DR 

A escolha de um Dispositivo DR (Diferencial Residual) apropriado para sua necessidade é fundamental para garantir a segurança elétrica, seja em residências, comércios ou indústrias. A classificação dos Dispositivos DR se dá principalmente pela corrente nominal que conseguem suportar, além de sua sensibilidade à corrente de fuga, medidas em amperes (A). Este critério é crucial para determinar qual dispositivo é o mais adequado para cada aplicação específica.

Os Dispositivos DR estão disponíveis em versões bipolar e tetrapolar, com correntes nominais variando de 25A até 100A. Esta variedade permite uma ampla aplicabilidade, desde circuitos menores e mais sensíveis até instalações de maior porte que exigem uma capacidade de corrente mais elevada.

Para a proteção contra contato direto, ou seja, quando há risco de uma pessoa tocar diretamente em partes energizadas, recomenda-se dispositivos com sensibilidade de fuga de 30mA. Este nível de sensibilidade é ideal para ambientes residenciais, onde o risco de contato direto com componentes elétricos é mais prevalente.

Dispositivos com sensibilidades entre 100mA e 300mA são voltados para a proteção contra contatos indiretos. Esse cenário ocorre quando há contato com partes metálicas que, devido a uma falha de isolamento, tornam-se acidentalmente energizadas. Estes dispositivos são adequados tanto para residências quanto para pequenos comércios, proporcionando um nível adicional de segurança, embora possam representar um investimento maior.

Por último, dispositivos com sensibilidade de 500mA ou mais são geralmente recomendados para proteção patrimonial, com foco na prevenção de incêndios. Eles são projetados para intervir em situações onde falhas elétricas possam desencadear incêndios, oferecendo assim uma dupla camada de segurança: proteção contra choques elétricos e contra incêndios decorrentes de anomalias na rede elétrica.

Dispositivo DR: como instalar

A instalação correta do dispositivo DR é essencial para garantir sua eficácia na proteção contra choques elétricos. Este processo deve ser meticulosamente planejado e executado, dada a sua importância na segurança das instalações elétricas.

O ponto de partida para a instalação é o quadro de distribuição, local onde ele será responsável por monitorar e controlar um ou mais circuitos específicos.

Para a instalação adequada do dispositivo DR, alguns passos devem ser considerados:

  1. Identificação dos circuitos: antes de qualquer coisa, é necessário identificar os circuitos que necessitam de proteção pelo DR, especialmente aqueles localizados em áreas úmidas ou externas, conforme recomenda a norma NBR 5410.
  2. Desligamento da energia: segurança em primeiro lugar. Certifique-se de que a energia elétrica esteja completamente desligada no quadro de distribuição antes de iniciar a instalação.
  3. Instalação no quadro de distribuição: o dispositivo DR deve ser instalado no quadro de distribuição, inserindo-o de maneira que possa monitorar efetivamente o fluxo de corrente nos circuitos designados. É crucial que o DR esteja acessível para testes periódicos e manutenção.
  4. Conexão dos fios: conecte os fios adequadamente ao dispositivo, seguindo as especificações do fabricante. Normalmente, isso envolve conectar o fio neutro e os fios de fase no dispositivo.
  5. Teste do dispositivo: após a instalação, é fundamental realizar um teste no DR para garantir seu funcionamento adequado. A maioria dos dispositivos vem com um botão de teste que deve ser usado regularmente.

Devido à complexidade e à importância dessa instalação, recomenda-se a contratação de um profissional habilitado. Um eletricista experiente não apenas instalará o dispositivo corretamente, mas também poderá fornecer orientações sobre a melhor forma de integrar o DR às suas necessidades específicas de segurança elétrica, garantindo a proteção adequada contra choques elétricos para todos os ocupantes do imóvel.

Preço do dispositivo DR

Ao considerar a implementação de medidas de segurança elétrica, como a instalação de Dispositivos DR (Diferencial Residual), é essencial entender os fatores que influenciam seu custo. O preço de um Dispositivo DR pode variar significativamente, dependendo de vários critérios, como a marca, a capacidade de interrupção, a sensibilidade à corrente diferencial-residual, e as características adicionais que ele pode oferecer.

Vamos ver algumas dessas questões abaixo.

  • Marca e qualidade: assim como em muitos outros produtos, a marca do Dispositivo DR pode influenciar seu preço. Fabricantes renomados geralmente cobram mais por seus produtos, devido à confiança no mercado e à qualidade percebida. No entanto, é importante não basear a decisão de compra apenas na marca, mas também considerar as especificações técnicas e a adequação às suas necessidades específicas de segurança.
  • Capacidade de interrupção: a capacidade do Dispositivo DR de interromper correntes de diferentes intensidades também afeta seu preço. Modelos projetados para lidar com altas correntes de fuga tendem a ser mais caros, dada a proteção avançada que oferecem.
  • Sensibilidade à corrente: a sensibilidade do dispositivo à corrente diferencial-residual é um fator crucial. Dispositivos com sensibilidade mais alta (por exemplo, 30mA para proteção pessoal) podem ser mais caros do que aqueles com sensibilidades mais baixas, destinados principalmente à proteção de equipamentos.
  • Características adicionais: características extras, como proteção contra surtos, indicadores de status, e facilidade de teste, podem aumentar o custo do dispositivo. Estas funcionalidades adicionais oferecem conveniência e segurança extra, mas é importante avaliar se são necessárias para suas necessidades específicas.

O preço de um Dispositivo DR no mercado brasileiro pode variar de algumas dezenas a centenas de reais, dependendo desses fatores. Para residências e pequenos escritórios, os modelos mais básicos podem ser suficientes, enquanto ambientes comerciais ou industriais com requisitos mais rigorosos podem necessitar de dispositivos mais avançados e, consequentemente, mais caros. 

A chave é encontrar um equilíbrio entre custo, características, e a proteção necessária para assegurar uma instalação elétrica segura e confiável. Consultar um profissional qualificado pode ajudar a fazer a escolha mais informada, garantindo um investimento adequado na proteção contra choques elétricos.