Como cobrar por serviços de orçamento de obra

Gustavo Prata

Escrito por Gustavo Prata

12 de janeiro 2017| 12 min. de leitura

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Como cobrar por serviços de orçamento de obra

Sabe como cobrar por serviços de orçamento de obra? A gente mostra com este post e um infográfico!

Quem pouco conhece a Ciência de Custos não consegue reconhecer a importância de um especialista na área. Esse ramo da engenharia é responsável por elaborar valores e prever gastos, não somente quando se trata do orçamento de obra. A Ciência de Custos pode estar presente em qualquer área que demande o planejamento de gastos, mas na Construção Civil ela se tornou vital. Definir os investimentos é tão importante quanto elaborar o projeto. Isso porque a obra só se torna real quando quantificada, no momento em que se estabelece como uma ideia financeiramente viável. Mas você sabe cobrar por um serviço tão importante para o sucesso de uma obra? Existem ao menos três formas de precificar o orçamento de obra.

  • Pela hora técnica
  • Pelo custo mensal
  • Pelo m² do projeto

A hora técnica é o melhor caminho para fazer o cálculo do serviço do orçamento de obra de forma mais assertiva e prática. Isso porque, nem todas as obras exigem um mês de trabalho para a elaboração do planejamento orçamentário. Há projetos mais simples, que requerem menos tempo de dedicação, o que levaria ao fracionamento dos cálculos e a uma argumentação confusa e pouco direta na hora de convencer o cliente a pagar por esse serviço fundamental.

Mais correto seria, então, trabalhar o preço do orçamento de obra a partir do m²? Você sabe que os valores do CUB (Custo Unitário Básico) residencial variam mensalmente. Mesmo que você monte uma planilha e que a atualize todos os meses, os clientes nunca terão uma noção do quanto pode custar o orçamento. Eles querem voltar a negociar com você, mas não entenderão porque o valor do serviço mudou. E não adianta explicar que é pela variação mensal do CUB.

Certo é compreender quanto vale o seu trabalho! Quanto você investiu em cursos e ainda investirá? Qual é a sua despesa com escritório? Você tem funcionários? Se você é engenheiro de custos ou contratou um colaborador para assumir essa função, precisa entender quanto vale a hora do profissional da área e não somente o tamanho dos projetos. O engenheiro Robson Faustino, professor do IBEC (Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos) e palestrante da Ciência de Custos traça o caminho do orçamento de obra, para reforçar não somente a necessidade de cobrança, mas a defesa da importância desse serviço.

 

>>Baixe o Infográfico e saiba como cobrar por serviços de orçamento de obra<<

 

As obras públicas como referência para o orçamento de obra

“Tempo é dinheiro” também na Ciência de Custos. Quanto mais longa for a produção do orçamento de obra, maior o preço. Um ótimo exemplo citado pelo professor Faustino em suas palestras e aulas está nos editais, pregões, concorrências e licitações. O poder público padroniza as despesas da Construção Civil conforme os valores dos projetos. Já o profissional da engenharia de custos deve compreender esse padrão por meio do tempo investido em cada planejamento orçamentário. O que no raciocínio do professor fica assim:

 

tabela valor x tempo no orçamento de obras


O caminho percorrido pelo engenheiro de custos até o orçamento de obra
Com essa base, é possível saber o tempo médio que os concorrentes levam para executar o
orçamento de obra. Esse período dedicado à elaboração do trabalho, multiplicado pelo valor da hora técnica do engenheiro de custos é o quanto vale o serviço que torna projetos financeiramente viáveis. Afinal, um planejamento confiável é tudo que uma empresa precisa para evitar imprevistos financeiros.

Tudo começa com o pedido do cliente. É ali que o preço do orçamento de obra está definido, mesmo que se leve um mês ou mais para chegar ao valor total. Seja o solicitante pessoa física ou jurídica, o caminho percorrido pelo engenheiro de custos, conforme traça Faustino, é o mesmo e se define em quatro passos.

1° passo: Análise das condições

Ao primeiro olhar, é possível apenas fazer suposições sobre prazos e valores, tais quais as referências citadas anteriormente, praticadas na esfera pública. À primeira vista, o engenheiro de custos busca no memorial descritivo a base para os próximos passos do orçamento de obra. De acordo com o professor, quanto mais detalhado o memorial, melhor. Nessa fase inicial, medidas como fazer uma visita técnica ao local da obra, descobrir a quem consultar em caso de dúvidas e identificar o detalhamento do projeto definem o quão rápido e assertivos serão os próximos passos.

2° passo: Prazo da proposta

Somente depois de analisar os papéis e colocar os pés no terreno, é possível pensar em um prazo, seja para execução do projeto ou para a elaboração de um orçamento de obra à altura. Sem visitar o local e se não estiver descrito no memorial, você jamais saberá se precisam estar inclusos nos custos valores para terraplenagem, corte de árvores, drenagem, além de outras despesas. Nessa fase são estabelecidos os referenciais quantitativos e são reconhecidos se os valores são exequíveis. Nessa etapa do orçamento é preciso saber qual é a metodologia global de execução da obra, se usa alguma tecnologia diferente ou convencional, como a alvenaria. Em alguns casos, para definir detalhes, acaba sendo necessário reunir todos os envolvidos — investidores, empresa executora da obra, fornecedores.

3° passo: Mão na massa

Com os quantitativos esboçados no segundo passo, é hora de se dedicar ao qualitativo: pesquisar preços e custos diretos e indiretos, além de definir despesas com a equipe executará o projeto. Aqui, um software de orçamentação pode ajudar a organizar os quantitativos e qualitativos. A tecnologia contribui para que sejam encontrados facilmente os materiais e itens de maior relevância, permitindo descobrir e alterar quantidades, fornecedores e outros dados. O que é importante se o orçamento de obra está sendo desenvolvido usando a Curva ABC, possibilitando acompanhar e refazer o planejamento, principalmente, dos materiais da faixa A, que correspondem a 80% dos custos. Aqui também começam a ser calculados o lucro e o BDI (Benefícios e Despesas Indiretas).

4° passo: Fechamento do orçamento

O orçamento só estará pronto quando for completamente revisado, desde o número de sacos de cimento à quantidade de pequenos pregos. Assim, o cálculo das despesas indiretas pode ser fechado e a lucratividade definida. O professor Faustino deixa claro que “BDI não é só lucro”. Um BDI corretamente calculado garante a sobrevivência de uma construtora e precisa estar ao lado do lucro, não sendo confundido com ele em meio aos cálculos do orçamento de obra.

Saiba cobrar pelo orçamento de obra

Agora que você reconhece a complexidade do trabalho do engenheiro de custos, pensar em como cobrar pelo orçamento de obra ficou mais fácil. São horas valiosas de dedicação voltadas ao projeto, que garantem o sucesso de qualquer empreendimento. Nesse caminho percorrido pelo especialista em custos, uma série de investimentos em infraestrutura, capacitação e até na saúde do profissional precisam ser levados em conta. A história, ou seja, a experiência de um especialista também precisa estar nesse cálculo. Não é qualquer profissional que pode assumir esse papel.

Para respeitar a metodologia vigente e criar seu próprio passo a passo, Faustino se especializou, entrou para o IBEC, atuou como professor e pesquisador na área.

“Antes mesmo de conhecer a Ciência de Custos, eu era um profissional comum, que formatava planilhas e não tinha esse conhecimento na área da Engenharia de Custos. Era pura e simplesmente formatador de planilhas em Excel. Quando se fazia algum levantamento, era pontual. Não era utilizando essa ciência de custos. Eu trabalhava Ciência de Custos como arte, era um formatador de planilha! E quando tinha que se chegar a um preço, que era o que a empresa queria apresentar, aplicava um desconto linear e sem critérios. Não tinha norma, tampouco utilizava toda essa metodologia que a gente hoje emprega com a utilização da Ciência de Custos”.

Hoje o professor busca reverter a regra geral de que qualquer um está preparado para fazer um orçamento de obra. Ele defende a ideia de que todos os cidadãos que precisam consumir e comprar, necessitam da Engenharia de Custos. Mas a minoria, mesmo entre bacharéis em engenharia, pode fazer um bom plano orçamentário.

“O problema hoje é que temos profissionais que estão usando a Ciência de Custos como uma arte e não como ciência”.

Calcule a hora técnica

Você faz o orçamento de obra como arte, usando o feeling ou como ciência, partindo do raciocínio metodológico? A resposta define quem você é na engenharia de custos.

O IBEC publica todos os anos tabelas de honorários profissionais, que classificam a hora técnica do cadista ao profissional máster. Você pode calcular a sua identificando os custos diretos, somados aos indiretos, acrescidos do valor da ART, mais as despesas de seguro de vida. Sobre o valor total aplique os impostos: 27,5% de IRPF e 5% de ISS. Assim você calcula uma despesa mensal.

Para chegar ao valor da hora técnica, basta dividir o resultado das despesas, contando impostos , pela carga horária de um profissional que atue 7 horas diárias, durante 20 dias úteis do mês. Assim você consegue precificar o orçamento de obra, desde um empreendimento de grande porte até edificações menos expressivas.