- A NBR 15575, conhecida como Norma de Desempenho, estabelece padrões de qualidade para edificações habitacionais na construção civil.
- Ela define critérios para materiais e processos construtivos que influenciam diretamente a qualidade do imóvel após sua construção.
- A norma promove sustentabilidade, inovação em técnicas construtivas e gerenciamento eficiente de obras, sendo importante para garantir construções de alta qualidade e durabilidade.
A NBR 15.575 é uma das normas técnicas mais importantes para a Construção Civil. Publicada originalmente em 2013 e revisada em 2021, ela é popularmente conhecida como Norma de Desempenho e tem o objetivo de estabelecer parâmetros de qualidade para os diversos sistemas que compõem uma edificação habitacional.
Assim, ela cria uma linguagem comum para que projetistas, construtoras, incorporadoras e compradores de imóveis entendam quais requisitos devem ser atendidos pelo imóvel residencial para proporcionar conforto ao usuário e durabilidade aos seus componentes.
Ela também cria um laço de confiança entre quem vende e quem compra imóveis novos: afinal, se a construção é executada com qualidade, vai durar muito tempo e não dará dor de cabeça aos proprietários.
Neste artigo, vamos abordar detalhes dessa norma e explicar por que ela é tão importante para a indústria da Construção Civil.
O que é a NBR 15.575?
A Norma de Desempenho, formalmente conhecida como NBR 15575:2021 Edificações habitacionais — Desempenho, representa um marco na Construção Civil brasileira.
Ela define um alto padrão de qualidade para edificações habitacionais e estabelece critérios claros sobre como os materiais e processos construtivos influenciam diretamente a qualidade de uso do imóvel após sua construção.
A Norma de Desempenho também implementa mecanismos de análise para assegurar que as construções atendam a esses padrões, refletindo diretamente em seu memorial descritivo.
Criada para demonstrar a relação direta entre os produtos utilizados na construção e a experiência do usuário final, a NBR 15575 é um guia para construtoras, projetistas e fabricantes de materiais.Ela abrange desde aspectos estruturais até o conforto acústico e térmico, segurança contra incêndios, durabilidade e sustentabilidade.
Seu objetivo é assegurar que as edificações habitacionais atendam a requisitos mínimos de qualidade durante toda a sua vida útil. E, nesse contexto, são muito importantes as orientações contidas no manual de uso, operação e manutenção do imóvel, com orientações práticas para os usuários e a descrição detalhada dos materiais e componentes utilizados na construção – o chamado memorial descritivo.
Este documento, aliás, deve incluir informações minuciosas sobre materiais e componentes utilizados na construção, incluindo não apenas a descrição do tipo de material, mas também as normas ABNT pertinentes, detalhes sobre modelos, acabamentos, requisitos acústicos, térmicos, estruturas e formas de instalação.
Expressões genéricas devem ser evitadas, priorizando especificações precisas e referenciando desempenhos equivalentes quando necessário. A precisão e o detalhamento no memorial descritivo são essenciais para garantir que a construção atenda às exigências de qualidade e desempenho.
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Por que a NBR 15575 é importante para a Construção Civil?
A NBR 15575, ao estabelecer padrões rigorosos para a construção de edificações habitacionais, transcende a mera regulamentação técnica, tornando-se um poderoso vetor de transformação na Construção Civil brasileira. Esta transformação é evidente em várias frentes.
Segundo Sergio Botassi, consultor e coordenador de cursos de pós-graduação lato-sensu na PUC-Goiás, anteriormente ao documento, o que existiam eram as chamadas normas prescritivas que, de uma maneira geral, estabeleciam parâmetros e qualidade do produto, mas não deixavam claro o quanto de desempenho o produto deveria propiciar.
“Isso quer dizer que ao construir um edifício com uma alvenaria de bloco cerâmico e acabamento de argamassa cimentícia, a norma especificava aspectos para esses elementos, mas não o quanto eles proporcionariam de qualidade durante o uso”, afirma Botassi.
Com a vigência da norma ficou explícito que, independente da solução construtiva adotada, o importante é atender aos parâmetros de qualidade de uso como o conforto térmico e acústico.
“A partir daí, o empreendedor e o gestor de projetos passaram a ter uma preocupação mais contundente em tentar garantir que uma edificação tenha a qualidade adequada de conforto, para que o usuário tenha a satisfação atendida.
Além de traçar estratégias mais focadas e que serão respeitadas. Como a própria filosofia do PMI – Project Management Institute – deixa claro, é preciso conhecer muito bem as entradas e saídas de cada processo. E a saída principal do final de toda a cadeia é a satisfação do consumidor, quem irá usufruir o bem”, comentou.
Vamos ver a seguir mais algumas vantagens que a norma trouxe para o setor.
Estímulo à sustentabilidade
Embora ainda faltem parâmetros claros de avaliação de sustentabilidade no processo construtivo aceitos pelo mercado brasileiro, a Norma de Desempenho introduz alguns requisitos técnicos inovadores ligados à construção sustentável.
Entre eles, destaque para os critérios mínimos de durabilidade e Vida Útil de Projeto de diversos sistemas construtivos, assim como para as recomendações de operação e manutenção do imóvel. No longo prazo, ambos contribuem para a redução do impacto ambiental decorrente das grandes intervenções para recuperação da performance da construção e o consumo de materiais que acarretam.

Novas soluções construtivas
A necessidade de atender aos padrões de desempenho estimula a pesquisa e o desenvolvimento de novos materiais, técnicas e tecnologias construtivas. Isso resulta em edificações mais inteligentes, com melhor isolamento térmico e acústico, maior durabilidade e menor custo de manutenção.
Além disso, a busca por soluções que atendam aos requisitos da norma fomenta a competitividade no mercado, incentivando as empresas a inovar constantemente em novas tecnologias, como o steel frame, o wood frame e as casas contêineres.
Inovação no gerenciamento de obras
A adoção da NBR 15575 impulsiona uma mudança paradigmática no gerenciamento de obras. Com o emprego de novas tecnologias e sistemas construtivos inovadores, a norma fomenta a adoção de práticas mais eficientes de planejamento, execução e controle.
Isso inclui a utilização de softwares de gestão de projetos e sistemas de ERP, técnicas de construção enxuta e métodos de trabalho que priorizem a qualidade e a eficiência. Além disso, a norma exige uma documentação mais detalhada e rigorosa, o que estimula a colaboração entre diferentes especialistas – arquitetos, engenheiros, construtores e fornecedores – promovendo uma visão mais integrada do processo construtivo.
“É importante destacar que o nível de exigências de desempenho está associado à vida útil e à durabilidade do empreendimento. Como a edificação precisa ter um nível de desempenho e qualidade não somente no ato da entrega do empreendimento, como também ao longo do tempo, a responsabilidade do gestor de projetos também ficou melhor definida.” afirma Sergio Botassi.
Influência da NBR 15575 em diferentes fases da obra
Mas se engana quem pensa que a NBR 15575, ou Norma de Desempenho, se restringe apenas ao momento da entrega do imóvel. Pelo contrário: seus requisitos impactam a cadeia produtiva da Construção Civil de ponta a ponta, desde a concepção inicial até a vida útil da edificação. Adaptar-se a ela exige uma mudança de mentalidade e a integração de todas as áreas da empresa.
1) Fase de projetos
A fase de projetos é a primeira e uma das mais importantes para o atendimento à NBR 15575. A norma exige que os projetistas adotem uma visão sistêmica da edificação, indo além das antigas normas prescritivas.
A responsabilidade do gestor de projetos é ampliada, focando na satisfação do consumidor final e na durabilidade do empreendimento. Isso significa que a preocupação com o desempenho (como conforto térmico e acústico) deve existir desde o nascedouro do projeto, e não apenas na execução.
O alinhamento entre as diversas disciplinas (arquitetônico, estrutural, instalações) é fundamental. Por exemplo, a escolha de um sistema estrutural deve ser compatível com o sistema de vedação. É preciso prever a exequibilidade e as soluções construtivas que melhor garantem a qualidade de uso ao longo do tempo.
Outro exemplo claro é a escolha do terreno. Se a obra estiver próxima a uma via de grande circulação, a acústica da fachada precisa ser pensada e resolvida já no projeto. A compatibilização e a integração entre os projetistas e o empreendedor são essenciais para evitar problemas futuros.
2) Compras e suprimentos
Quanto ao setor de compras, a NBR 15575 o deixa muito mais estratégico. Isso porque o setor deve alinhar as aquisições estritamente às especificações do projeto, que já foram definidas para atender aos requisitos de desempenho. Isso exige que o comprador priorize a qualidade e a durabilidade do material em detrimento do menor preço.
A norma aumenta a responsabilidade de toda a cadeia de fornecimento. O profissional de suprimentos precisa buscar e exigir de fabricantes e fornecedores os laudos técnicos e índices de desempenho (como isolamento acústico e resistência mecânica) que comprovem a conformidade do produto.
Além da compra de materiais, o setor é responsável pela contratação de serviços e empreiteiros. A NBR 15575 também exige que esses parceiros sejam qualificados e tenham capacidade técnica para instalar os componentes de acordo com o desempenho esperado.
3) Gerenciamento da obra no canteiro
A NBR 15575 exige que a fase de execução da obra garanta a concretização do desempenho. A gestão no canteiro deve ir além da simples aplicação de materiais, focando na eficiência dos processos construtivos e na funcionalidade do imóvel final.
A norma estimula a adoção de práticas construtivas que visam melhorar a eficiência e minimizar falhas ou retrabalhos. Isso é atingido por meio do uso de processos verificáveis e da correta aplicação de materiais que satisfaçam os critérios de desempenho.
Em termos de controle de qualidade, a norma impacta a gestão ao exigir a avaliação contínua do desempenho. Isso permite que a equipe identifique desvios precocemente e implemente correções imediatamente, assegurando que a obra atinja a conformidade total com os padrões estabelecidos no projeto.
4) Setor de qualidade
A NBR 15575 eleva o setor de qualidade a uma posição central na Construção Civil. Sua função primordial é garantir que os requisitos de desempenho definidos em projeto sejam concretizados em campo.
O setor é o elo entre a especificação e a execução. Isso envolve a elaboração de Fichas de Verificação de Serviço (FVS) detalhadas e inspeções rigorosas. O foco é assegurar que materiais sejam instalados conforme as boas práticas e o desempenho esperado, especialmente em sistemas críticos.
É o setor de qualidade que planeja e executa os ensaios e testes de desempenho exigidos pela norma. Estes testes fornecem a comprovação objetiva da conformidade da edificação em aspectos como estanqueidade, isolamento acústico e resistência. A documentação dessa atuação é vital para a transparência e para a garantia da obra.
5) Pós-obra e usuário final
A Norma de Desempenho estende a responsabilidade da construtora para além da entrega das chaves. O objetivo é garantir que a edificação mantenha o desempenho prometido durante toda a sua Vida Útil de Projeto (VUP).
O principal reflexo da norma nessa fase é a obrigatoriedade do Manual de Uso, Operação e Manutenção. Este documento detalhado serve como um guia para o usuário final. Ele especifica a correta manutenção dos sistemas e componentes do imóvel.
A norma estabelece uma divisão clara de responsabilidades:
- a construtora garante a qualidade e o desempenho inicial
- o usuário final assume a responsabilidade pela manutenção preventiva adequada
O cumprimento das orientações do manual é crucial para preservar o conforto e a durabilidade, e é condição para a validade das garantias.
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3 cuidados que a NBR 15575 exige das construtoras
A NBR 15575 é uma norma bem detalhada, o que pode tornar difícil cumprir todos os requisitos sem deixar nada de fora. Para facilitar, ela foi dividida em 6 partes:
- Requisitos gerais;
- Sistemas estruturais;
- Sistemas de pisos;
- Sistemas de vedações verticais internas e externas;
- Sistemas de coberturas;
- Sistemas hidrossanitários.
Veremos mais sobre eles no resumo sobre a NBR, ainda neste artigo. De modo geral, para aplicá-la de maneira eficaz em seus empreendimentos, as construtoras devem estar atentas aos seguintes pontos.
1. Escolha do sistema construtivo
Um dos primeiros e mais importantes passos em qualquer projeto de construção habitacional, a escolha adequada do sistema construtivo é crucial para garantir que a edificação atenda às exigências da NBR 15575.
Essa decisão determina o método pelo qual a estrutura será construída, influenciando diretamente a eficiência, custo, tempo de execução e até mesmo a sustentabilidade do projeto.
Os profissionais devem considerar fatores como o tipo de solo, condições climáticas locais, requisitos de isolamento acústico e térmico, e a durabilidade esperada da construção. Sistemas construtivos variam desde métodos tradicionais, como alvenaria estrutural, até abordagens mais modernas e sustentáveis, como estruturas de madeira ou construção modular.

2. Seleção dos materiais
A seleção de materiais é um aspecto crítico que afeta quase todos os aspectos da construção, desde a durabilidade e manutenção da edificação até seu desempenho em termos de isolamento térmico e acústico.
Os materiais devem ser escolhidos não apenas com base em sua qualidade e durabilidade, mas também considerando seu impacto ambiental. A NBR 15575 requer que os materiais utilizados na construção sejam capazes de atender aos padrões de desempenho especificados, o que implica em uma cuidadosa análise das suas propriedades técnicas.
Vale lembrar que o uso de materiais sustentáveis em uma construção com desempenho garantido aumenta a percepção de valor do imóvel, o que o torna sua revenda no mercado muito mais fácil.
3. Detalhamento do projeto
A norma exige um nível elevado de detalhamento no projeto arquitetônico e nos projetos complementares (estrutural, hidráulico, revestimentos, entre outros). Isso inclui a especificação precisa de dimensões, tolerâncias, localização e instalação de componentes e sistemas, além da vida útil de projeto.
O detalhamento ajuda a assegurar que todas as partes da edificação sejam projetadas e construídas para atender aos requisitos de desempenho estabelecidos pela norma, como conforto térmico, acústico, durabilidade e segurança.

O que mudou na revisão da NBR 15575 em 2021?
A Norma de Desempenho, NBR 15575, passou por significativas atualizações, principalmente no que diz respeito ao isolamento acústico e térmico, áreas fundamentais para a qualidade e conforto das edificações habitacionais.
Isolamento acústico
Uma das principais mudanças ocorre na abordagem do isolamento de ruído. As novas diretrizes da norma especificam métodos rigorosos para avaliar o isolamento sonoro tanto de ruído aéreo quanto de impacto em sistemas de pisos.
Os critérios são baseados nas normas ISO 140-7 e ISO 140-4, oferecendo uma metodologia detalhada para caracterizar o comportamento acústico das edificações. Isso inclui a avaliação do nível de pressão sonora de impacto-padrão, essencial para garantir conforto acústico entre unidades autônomas e áreas comuns.
Isolamento térmico
Em 2021, a norma recebeu uma emenda específica voltada para o desempenho térmico. Essa atualização define critérios mais precisos para a eficiência térmica das edificações, considerando aspectos como a porcentagem máxima de janelas por fachada e a necessidade de simulações térmicas anuais.
Além disso, passou a ser exigido que as simulações considerem cargas térmicas advindas de ocupação, iluminação artificial e equipamentos. Essas mudanças impactam diretamente na construção de novos empreendimentos residenciais, exigindo uma adaptação cuidadosa por parte dos construtores.

2 erros comuns na aplicação da NBR 15575 que você precisa evitar
Na aplicação da NBR 15575 (Norma de Desempenho), existem equívocos frequentes que podem comprometer a eficiência e a conformidade dos projetos de construção. Estes erros não apenas podem atrasar a compreensão adequada das práticas diárias, mas também têm o potencial de desvalorizar os esforços qualitativos já realizados pela construtora.
Abaixo, são detalhados dois erros comuns que devem ser evitados.
1. Confusão entre NBRs e NRs
É fundamental distinguir as Normas Brasileiras (NBRs) das Normas Regulamentadoras (NRs). Embora as siglas sejam semelhantes e ambas as normas estejam relacionadas ao setor da construção, elas possuem naturezas distintas.
- As NBRs, como a NBR 15575, são normas técnicas desenvolvidas por especialistas do setor e emitidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Elas são diretrizes que estabelecem padrões de qualidade e desempenho para projetos e construções.
- Por outro lado, as NRs são normas reguladoras emitidas pelo Ministério do Trabalho, com foco em segurança e saúde no ambiente de trabalho, e são de cumprimento obrigatório.
2. Falha no detalhamento do memorial descritivo
O memorial descritivo é um documento crucial em qualquer projeto de construção, e com a implementação da NBR 15575, tornou-se ainda mais detalhado. Um erro significativo seria atender aos padrões da norma sem documentar adequadamente esses procedimentos no memorial descritivo.
Não é suficiente apenas declarar a conformidade com a norma; é essencial detalhar e quantificar os elementos utilizados, como materiais, processos e técnicas de construção. Isso garante transparência e facilita a verificação da conformidade com a norma.
Para auxiliar neste processo, o Sienge oferece um modelo de memorial descritivo que pode ser baixado gratuitamente, proporcionando um guia valioso para a documentação adequada de acordo com a NBR 15575.
Resumo da NBR 15575
A NBR 15575, também conhecida como Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, estabelece parâmetros mínimos de desempenho para edificações residenciais, com o objetivo de que as construções entreguem segurança, conforto e durabilidade ao longo de toda sua vida útil.
Essa norma é aplicada a novas edificações habitacionais, abrangendo desde o projeto até a entrega final do empreendimento. Vamos ver abaixo os principais pontos da NBR.
Estrutura e etapas da norma
A NBR 15575 é dividida em seis partes, cada uma dedicada a um sistema específico da edificação. A Parte 1 apresenta os requisitos gerais, determinando responsabilidades e condições mínimas de desempenho. Já as Partes 2 a 6 abordam, respectivamente, o sistema estrutural, pisos, vedações verticais internas e externas, coberturas e instalações hidrossanitárias.
Cada uma dessas seções define critérios técnicos que orientam construtores, projetistas e fabricantes na busca por soluções mais seguras e duráveis. A norma também define três níveis de desempenho — mínimo, intermediário e superior — permitindo que o mercado diferencie produtos e técnicas conforme a qualidade entregue ao usuário final.
Requisitos de desempenho
Como já mencionamos, a NBR 15575 determina seis principais requisitos de desempenho que toda edificação habitacional deve atender: o desempenho térmico, acústico, lumínico e estrutural, além da segurança contra incêndio, durabilidade e manutenibilidade.
- Desempenho térmico: avalia a capacidade da edificação de manter conforto térmico interno, considerando ventilação, insolação e isolamento das fachadas e coberturas.
- Desempenho acústico: mede o isolamento de ruídos entre unidades, pisos e paredes, reduzindo sons externos e impactos para oferecer conforto auditivo.
- Desempenho lumínico: analisa a iluminação natural nos ambientes, buscando equilíbrio entre conforto visual e eficiência energética.
- Segurança estrutural: garante que a estrutura suporte as cargas de uso, vento e peso próprio, mantendo estabilidade durante toda a vida útil projetada.
- Segurança contra incêndio: define critérios para evitar propagação de fogo e fumaça, proteger rotas de fuga e assegurar resistência dos materiais às altas temperaturas.
- Durabilidade e manutenibilidade: estabelece a vida útil mínima de sistemas e materiais, exigindo manuais de uso e manutenção que orientem o proprietário na conservação do imóvel.
Quando aplicados de forma integrada ao projeto, à execução e ao uso do imóvel, esses requisitos fazem com que o desempenho não dependa apenas de materiais de boa procedência, como também de uma concepção construtiva completa, pensada para atender o usuário final com eficiência, segurança e conforto ao longo dos anos.
Responsabilidades dos agentes da Construção Civil
A NBR 15575 define que o desempenho de uma edificação depende da atuação conjunta de todos os envolvidos no processo, desde o projeto até o uso e manutenção. Nesse sentido, cada agente tem papel específico para que o desempenho previsto seja alcançado e mantido ao longo da vida útil da construção.
“Isso fica claro na parte 1 do documento, ao explicitar a responsabilidade de cada parte envolvida no projeto: desde o incorporador que deve se preocupar, por exemplo, com as questões ambientais no momento de escolher o terreno, passando pelo construtor que precisa garantir a qualidade da construção, até o usuário final do empreendimento, para que possa utilizá-lo de maneira adequada prolongando a vida útil do produto” afirma Sergio Botassi.
Segundo a NBR, as principais responsabilidades são:
- Incorporador: define o padrão de desempenho do empreendimento, contrata profissionais qualificados e assegura que todas as etapas atendam à norma.
- Projetistas: desenvolvem projetos compatíveis com os requisitos de segurança, conforto e durabilidade, considerando a vida útil dos sistemas.
- Construtor: executa a obra conforme o projeto e utiliza materiais adequados, mantendo o controle de qualidade e o registro técnico da execução.
- Fabricantes e fornecedores: entregam produtos e sistemas com comprovação de desempenho, além de instruções corretas de instalação e manutenção.
- Usuário / proprietário: segue o Manual de Uso e Manutenção, realizando cuidados e inspeções preventivas para preservar o desempenho da edificação.
Segundo o tecnólogo Carlos Eduardo de Souza Gilli, coordenador de Suprimentos e Desenvolvimento Tecnológico da RMA Construtora e Aurinova Desenvolvimento Imobiliário, “o compromisso não fica restrito às construtoras, mas recai sobre toda a cadeia da construção, especialmente os fornecedores”, já que os sistemas deverão ser projetados com base em memórias e cálculos, normas prescritivas e especificação de componentes mediante informações técnicas passadas pelos fornecedores, laudos e ensaios.
A norma reforça ainda que o resultado final depende da integração entre projeto, execução, materiais e uso. Ou seja, o desempenho não é responsabilidade isolada de um agente, mas da soma de decisões e práticas técnicas de todos os envolvidos na Construção Civil.
→ [BAIXE GRÁTIS] Infográfico sobre a Norma de Desempenho para Projetistas (NBR 15.575)
Dicas práticas para uma aplicação eficaz da NBR 15575
Existem alguns aspectos fundamentais a serem observados pelos profissionais, especialmente os envolvidos na especificação e aquisição de materiais, para os itens que compõem cada sistema. São eles:
Estrutura
Dimensão dos espaçadores de cobrimento das armaduras; índices de cimento e componentes do concreto; os certificados do aço; verificações dimensionais e desvios padrão, de modo que cada item utilizado atenda as normas pertinentes (prescritivas), para que o desempenho da estrutura seja atendido em conformidade com o projeto.
Pisos
Composição dos materiais; granulometria; espessura; índices de isolação acústica; dureza e flexibilidade; durabilidade; resistência; índice de atrito; permeabilidade; resistência ao fogo e vida útil.
Vedações
Composição dos materiais; verificações dimensionais e desvios padrão; resistência mecânica; permeabilidade e estanqueidade; funcionalidade e durabilidade; resistência ao fogo; índices de isolamento acústico e de isolamento térmico; materiais e fixação adequados.
Coberturas
Composição dos materiais; verificações dimensionais e desvios padrão; resistências mecânicas; permeabilidade e estanqueidade; resistência ao fogo; funcionalidade e durabilidade; índices de isolação térmica e de isolação acústica.
Instalações Hidrossanitárias
O departamento de suprimentos deverá observar na aquisição de cada elemento das instalações hidrossanitárias ou na aquisição dos sistemas completos e de empreitadas, a observância às características técnicas solicitadas em projeto, assim como os materiais empregados.
Na ampla maioria das aquisições, são materiais industrializados e produzidos por fornecedores de grande e médio porte, empresas de alto nível tecnológico creditados por certificações ISO e pelo Inmetro.
“Ainda assim, deverão ser corretamente especificados e contratados, para que não haja falta ou falha nas informações no ato da aquisição”, observa Carlos Gilli.
Conclusão
A NBR 15575, também conhecida como Norma de Desempenho, é essencial na Construção Civil brasileira, estabelecendo padrões de qualidade para edificações habitacionais. Ela assegura conforto e durabilidade, proporcionando um entendimento comum entre profissionais e clientes do setor imobiliário. A norma incentiva a adoção de aspectos como sustentabilidade, inovação em técnicas construtivas e gerenciamento eficiente de obras.
É crucial para as construtoras observar pontos chave como a escolha adequada de sistemas construtivos, a seleção criteriosa de materiais e o detalhamento exato em projetos. A norma também inclui atualizações importantes em isolamento acústico e térmico, com métodos rigorosos de avaliação.
Erros comuns como confundir Normas Brasileiras (NBRs) com Normas Regulamentadoras (NRs) e falhas no detalhamento do memorial descritivo devem ser evitados para garantir a conformidade e eficácia da norma. A aderência correta à NBR 15575 é vital para garantir construções de alta qualidade, seguras e confortáveis.
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