Contrato Turn Key: que é e como funciona

Martha Ramos

Escrito por Martha Ramos

23 de dezembro 2019| 9 min. de leitura

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Contrato Turn Key: que é e como funciona

Gerenciar contratos é uma das tarefas comuns da construção civil, o que não a torna menos complicada. Lidar com os muitos detalhes de acordos com vários parceiros, fornecedores e clientes pode ser muito estressante. 

Por conta disso uma forma de contrato, chamada de Turn Key, surgiu para facilitar a vida das empresas e simplificar a relação entre contratante e contratado. Como usar esse modelo a seu favor?

Neste artigo eu vou te mostrar o que é o regime de contrato Turn Key, quais suas vantagens e desvantagens e quando vale a pena usá-lo na sua empresa.

O que é o regime Turn Key?

A expressão Turn Key vem do inglês e significa “Entrega de Chave”. Ela serve para descrever um tipo de contrato em que apenas um fornecedor é contratado para realizar o trabalho do início ao fim, do projeto a entrega da chave, por assim dizer.

turn key

Hoje ainda é muito comum as empresas escolherem diferentes parceiros para realizar aspectos específicos de uma obra. Mas isso pode gerar vários problemas, como:

Em outras palavras, depois de considerar todos esses pontos, dá para ver que trabalhar com várias empresas diferentes, nem sempre é o método com melhor custo-benefício. O regime Turn Key elimina tudo isso, sem contar o adeus aos inúmeros contratos distintos que você não precisa mais gerenciar.

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Como o Turn Key funciona na prática?

Na prática o Turn Key funciona de forma bem simples: um fornecedor realiza a obra do início ao fim e recebe pelo projeto. Nada de uma empresa fazer a pavimentação, outra levantar o prédio e ainda outra realizar as instalações elétricas.

turn key 1

A ideia é tornar o trabalho todo mais rápido e prático com apenas uma empresa trabalhando em todas as etapas do projeto. Por conta disso, existem 2 tipos de contrato Turn Key que são usados de modo mais comum. Eles são:

EPC

A sigla EPC vem do inglês “Engineering, Purchase, Construction”, que traduzido fica “Engenharia, Compra e Construção”. E o nome é bem autodescritivo:

A empresa responsável vai elaborar o projeto, comprar os materiais (pode ser com capital próprio ou com dinheiro do cliente, depende do contrato) e executar a obra em si. 

Isso exige não apenas profissionais de planejamento, como engenheiros e arquitetos, mas também mão de obra qualificada em todas as etapas de uma construção.

EPCM

O modelo de contrato EPCM não é tão diferente. A sigla, nesse caso, é “Engineering, Purchase, Construction Management”, ou seja, “Engenharia, Compra e Gestão da Construção”. 

E o detalhe da mudança está na palavra “gestão”, pelo seguinte:

Nesse tipo de contrato a empresa responsável também elabora o projeto e compra os materiais, mas não executa a obra, e sim gerencia a equipe que fará isso.

4 vantagens do contrato Turn Key

Há várias vantagens em trabalhar no modelo de contrato Turn Key, também conhecido como empreitada integral. Veja quais são algumas delas:

1. Tempo menor de obra

A primeira vantagem é o tempo menor de obra. Afinal, com apenas uma empresa cuidando de todos os processos há menos burocracia e espaço para um planejamento mais eficiente das atividades.

É possível, por exemplo, mobilizar equipes para trabalhar ao mesmo tempo em diferentes partes do projeto sem que uma interfira na outra. Fazer o mesmo com diferentes empresas envolve um esforço de coordenação muito maior.

Além disso, visto que a empresa contratada recebe pelo projeto entregue, o incentivo para que faça tudo dentro do prazo é ainda maior. Por outro lado, em projetos tocados por vários prestadores de serviço, se um atrasa o trabalho do outro também pode ser comprometido.

2. Simplificação logística

A gestão de contratos com fornecedores e prestadores de serviço também fica mais eficaz quando há apenas uma empresa responsável por todas as etapas do projeto. Nesse caso, você deve lidar com apenas um contrato, não uma série deles.

Quanto mais contratos você tiver de administrar, maior a complexidade logística da operação. Afinal, cada contrato precisa ser seguido à risca, com seus próprios termos e condições. Qualquer descuido pode significar descumprir um acordo, o que pode causar consequências jurídicas e práticas, como paralisação do serviço ou cobrança de multa.

3. Menor custo de oportunidade

Pense também no custo de oportunidade quando comparar o modelo Turn Key com a diversificação de fornecedores. Quando há mais de uma empresa executando a obra, o acompanhamento do contratante fica mais complexo. 

Mas não basta acompanhar, é preciso entender o que está sendo feito e saber se está de acordo com o planejamento inicial. Isso exige maior conhecimento técnico do cliente. Dependendo de quem for a pessoa que vai acompanhar o projeto, isso pode tomar tempo de outras atividades mais importantes para o objetivo da empresa contratante.

Já o trato com apenas uma empresa responsável por toda a obra é mais prático, consome menos tempo e permite que o cliente se dedique mais às suas atividades normais.

4. Integração de soluções

A entrega da chave não é o fim da relação entre cliente e construtora. Mas não estou falando apenas da garantia do trabalho que mantém a relação viva. Há também a possibilidade de integrar as soluções de manutenção do prédio.

A mesma empresa pode ficar responsável por cuidar da manutenção predial ou até treinar os ocupantes do local sobre as melhores práticas e cuidados com as instalações. 

Para quem vende o serviço é vantajoso, pois há mais uma chance de receita. Para quem contrata é mais prático e reforça a qualidade do trabalho no longo prazo.

Quais cuidados ter ao usar o Turn Key 

Existem alguns cuidados para quem contrata e para quem oferece serviços em regime Turn Key. Veja quais são:

Para quem contrata

Para quem contrata o grande cuidado com o Turn Key é a busca por um bom prestador de serviço. Caso contrário, esse modelo pode se tornar pior do que fatiar a obra entre vários empreiteiros. 

Pense no seguinte:

No modelo de múltiplos parceiros, se um serviço fica ruim, só uma parte do trabalho foi comprometida. Além disso, existe a chance de pedir que outra empresa arrume o problema. Já no caso do Turn Key, um trabalho mal feito compromete tudo, sem chance de correção.

Para quem presta o serviço

Já para quem oferece o serviço o principal cuidado é garantir a qualidade do serviço prestado para criar uma boa reputação no mercado e conseguir novos clientes. Isso envolve estruturar bem os processos, investir em estrutura e mão de obra qualificada.

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Além disso, um cuidado válido para as duas partes é se atentar bem ao contrato. Deixar preços, prazos, atribuições e tudo que for relevante escrito antes é a melhor forma de evitar problemas no meio da obra.

O regime de contrato Turn Key é uma simplificação mais do que bem-vinda para o setor construtivo. Além de ganhar segurança jurídica, as empresas se beneficiam de maior agilidade e eficácia operacional. O único cuidado é buscar parceiros de confiança e manter a gestão da obra em dia.

Sabia que um bom sistema de gerenciamento pode te ajudar a conferir a qualidade do serviço prestado e otimizar qualquer ponto que precise de melhoria? Veja que sistema é esse e como ele funciona!