José Luiz Fonseca, da MRV Engenharia: responsabilidade social na Construção

Helena Dutra

Escrito por Helena Dutra

30 de outubro 2018| 9 min. de leitura

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José Luiz Fonseca, da MRV Engenharia: responsabilidade social na Construção
perfil da construção

 

perfil da construçãoDesde 2012, José Luiz Esteves da Fonseca é gestor-executivo de Segurança, Saúde e Meio Ambiente, Qualidade e Sustentabilidade da MRV Engenharia, uma das maiores construtoras do Brasil.

Em 1988, ele se formou em engenharia civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No ano seguinte, concluiu a graduação de engenheiro de segurança do trabalho pela Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC). Em 2004, especializou-se em Gestão Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

Atualmente, José Luiz desenvolve à frente da MRV Engenharia intensas ações de urbanização nas áreas em que a empresa constrói seus empreendimentos, além de diversos projetos sociais junto às comunidades do entorno.

Nesta entrevista ao blog do Sienge, ele nos fala da política de responsabilidade social da MRV Engenharia e da conquista da certificação ISO 14000:2015. Confira!

SIENGE – Qual é a importância do investimento social privado para geração de valor na MRV Engenharia?

A MRV Engenharia sempre pensou em investimento social privado no sentido de promover a qualificação dos arredores de seus empreendimentos. Isso acabou sendo integrado ao nosso processo interno. As obras da empresa sempre começam pensando na  urbanização do entorno, isto é, nas melhorias que podemos implementar em termos de pavimentação, paisagismo e áreas de lazer.

Com o passar do tempo, constatamos que esses investimentos não somente aumentavam o valor agregado do imóvel, mas também impactavam na velocidade das vendas e no bom relacionamento com a vizinhança da obra.

Essas ações foram sendo aperfeiçoadas e hoje a vizinhança dos empreendimentos também está participando do processo. Temos um projeto chamado “Vizinho Amigo”, que atua como um canal para recebimento de sugestões, críticas e esclarecimento de dúvidas. Eventualmente, também trabalhamos com parceiros para realizar estudos, pesquisas e ações sociais.

SIENGE – Por que participar do desenvolvimento das comunidades faz parte da estratégia da MRV Engenharia?

Quando instalamos um empreendimento em uma cidade, vamos para fincar raízes e nos consolidar como uma empresa local. Por isso, fazemos questão de nos integrar à comunidade e ajudar a melhorar suas condições de vida. Queremos que os moradores entendam que não estamos ali somente para explorar o potencial econômico da região, mas também para colaborar com seu desenvolvimento.

SIENGE – Como o projeto Vizinho do Bem foi concebido?

Esse projeto, desenvolvido em parceria com o Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro (Seconci – Rio), teve início em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro. Adquirimos um terreno em uma área bastante degradada do bairro Vila Lage. Então, passamos a buscar alternativas para valorizar o imóvel e as adjacências.

SIENGE – Que ações em benefício da comunidade foram desenvolvidas?

O empreendimento seria vizinho de um conjunto habitacional chamado Araribóia, que se encontrava em situação precária. Havia esgoto a céu aberto passando em frente ao local, muita pichação e fachadas mal conservadas.

A MRV começou tratando o esgoto e pavimentando as vias. Depois, investiu 600 mil reais em paisagismo, sinalização viária e semafórica, pintura dos 54 prédios do conjunto Araribóia, reforma de um campo de futebol e inauguração de uma ciclovia.

Por sua vez, o Seconci-Rio realizou uma pesquisa junto à comunidade para levantar suas principais necessidades e nos propôs um projeto para qualificação de pintores.

Isso deu origem a um curso de Pintor Profissional, que durou um ano e formou dez turmas, sendo duas somente de mulheres. Os alunos, todos moradores da região, tiveram como tarefa prática executar a pintura dos 54 prédios. Depois, alguns desses profissionais foram contratados em um obra que a MRV estava finalizado em outro bairro de São Gonçalo.

Paralelamente, fazíamos cafés da manhã com a comunidade, em um sábado do mês, para conhecê-la e entendê-la. Foi uma oportunidade de ouvir as demandas dos líderes comunitários da região.

Além disso, o Seconci-Rio desenvolveu um projeto de inclusão digital. Um caminhão com vários computadores foi levado à obra, possibilitando que crianças, jovens, adultos e idosos participassem de cursos de informática.

Isso culminou com o Dia do Bem, uma grande ação social que ocorreu em abril deste ano em parceria com o Seconci-Rio e apoio do Ministério do Trabalho, Detran e Defensoria Pública. Na ocasião, foram oferecidas diversas atividades gratuitas de saúde, serviço de documentação e recreação, além de cortes de cabelo, inscrições em cursos, distribuição de bolsas de estudo e outras atividades.

Também contamos com a parceria do Instituto MRV, que contemplou dez ONGs da região com aporte financeiro para projetos sociais e apoio de gerenciamento.

SIENGE – Como foi a repercussão do projeto? Ele terá continuidade?

Esse projeto foi muito bem-sucedido. Além dos benefícios à comunidade, foram agregados valores intangíveis à marca MRV. Também temos notado que o Valor Geral de Vendas (VGV) da região melhorou significativamente após o trabalho que fizemos na região.

Agora vamos implementá-lo em outros quatro municípios do Rio de Janeiro. As cidades de São Paulo, Campinas e Salvador também se mostraram interessadas em reproduzir a iniciativa, adaptando-a à sua realidade local.

SIENGE – A MRV Engenharia é referência em sustentabilidade e inovação. Como a empresa busca aplicar esses dois conceitos em seus empreendimentos?

As áreas de sustentabilidade e inovação atuam em conjunto. Recentemente, lançamos as linhas Eco, Bio e Premium, que contam com aplicativos para operacionalizar o condomínio, energia solar, bicicletários e bicicletas compartilhadas, dispositivos economizadores de água e luz, sistema de segurança,  pomar e wi-fi nas áreas de lazer.

Além disso, temos o selo MRV+Verde, que assegura a sustentabilidade de nossos projetos habitacionais, bem como o selo Obra Verde MRV, que garante a gestão sustentável dos insumos e resíduos  das obras.

SIENGE – Quais são os maiores desafios de gerir a área de sustentabilidade de uma grande construtora?

A MRV atua em mais de 150 cidades e 22 estados, além do Distrito Federal. Entregamos um apartamento a cada três minutos. Dessa forma, o maior desafio é manter a padronização dos projetos em regiões com características tão diversas.  Por isso, estamos sempre estudando a cultura dos locais em que vamos instalar empreendimentos.

SIENGE – Que projeto de sustentabilidade você destacaria em sua gestão na MRV?

Na área de sustentabilidade, cito a certificação da empresa na ISO 14001, processo que iniciou em 2014. Atualmente temos 202 canteiros de obra em andamento e todos atendem aos requisitos da norma.

A adoção de energia solar fotovoltaica em todos os apartamentos, que foi uma iniciativa de outras áreas da MRV, também merece destaque.

Por fim, menciono a elaboração de nosso diagnóstico sobre a relação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, trabalho que envolveu 33 áreas e mais de 7 mil colaboradores da empresa.

SIENGE – Como foi o processo de certificação da ISO 14001?

Como se tratava de um tema novo, contratamos uma consultoria e buscamos exemplos de outras empresas certificadas.

Devido ao tamanho da empresa, decidimos realizar um trabalho de implementação progressivo, que era ampliado anualmente. Começamos com um projeto-piloto em Belo Horizonte.

Seis meses após a primeira certificação, expandimos as ações para outras duas regionais. Nosso último desafio foi atualizar documentação, controles e registros para atender à ABNT NBR ISO 14000:2015.

SIENGE – Como a conquista da certificação impactou a gestão da empresa?

Após implementar um sistema de certificação, temos condições de identificar com mais facilidade a matriz de risco, de falhas e de oportunidades da empresa, enxergando com clareza onde é possível implementar melhorias. Isso traz consistência e padronização ao processo de gestão da empresa.