Barbara Kelch: paixão pela construção civil começou na Arquitetura

Martha Ramos

Escrito por Martha Ramos

23 de outubro 2019| 7 min. de leitura

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Barbara Kelch: paixão pela construção civil começou na Arquitetura

perfil da construção

Barbara Kelch Monteiro é sócia-titular da Kelch Arquitetura Consultoria e Projetos e especialista em Gestão e Controle. 

Sua empresa atende as áreas de: consultoria; arquitetura e mediação privada.

Bárbara possui visão multifocal, resultante do conhecimento técnico somado ao conhecimento de Negócios, Gestão e Controle. São mais de 25 anos de atuação profissional em distintas empresas e setores, entre eles a Zanettini Arquitetura, Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA) e a PricewaterhouseCoopers (PwC).

Nesta entrevista para o blog do Sienge ela conversou sobre sua trajetória profissional, também falou sobre as suas perspectivas para o futuro do mercado da construção civil e a situação econômica do país. Acompanhe!

Sienge – Com que tipo de público a empresa trabalha?

B.K. – Trabalho mais com empresas de pequeno e médio porte, mesmo porque é uma consultoria pequena. Então a nossa abrangência é para empresas desses portes. A não ser quando  fazemos parcerias com outras empresas, porque aí a gente consegue uma robustez maior de corpo técnico, ou de especialidade. Então conseguimos atender também empresas de maior porte. 

Sienge – Como surgiu essa demanda? Como a perceberam?

B.K. – Existem alguns setores onde o cliente vai até consultor. No caso específico da construção, não. Nós vamos até as obras, até o terreno. Então isso acaba aumentando a abrangência de atuação da empresa, da consultoria. 

Sienge – Como é a equipe de trabalho?

B.K. – Tenho uma equipe pequena, enxuta, mas, conforme a necessidade do cliente ou do serviço específico, tenho uma rede de contatos de consultores, ou de especialistas, que vou incorporando no contrato em específico. 

Sienge – Conte sobre a sua experiência na construção civil e como surgiu o desejo de estudar Arquitetura e Urbanismo e, depois, de, seguir se especializando.

Eu já atuei, especificamente em Desenvolvimento de Processos de Arquitetura durante quase 20 anos, coordenando e compatibilizando e gerenciando toda a equipe que fazia parte do projeto. E aí, durante essa atuação comecei a perceber que a Arquitetura só, não era o suficiente para você entender todo o contexto no qual o serviço de Arquitetura estava incorporado. 

Então, com isso, a primeira coisa que fiz foi começar a fazer um MBA em Tecnologia e Gestão na Construção Civil. A partir desse momento tive a certificação PMP de Gestão de Projetos.

Com esse histórico todo a PricewaterhouseCoopers (PwC) me chamou para trabalhar com eles, então lá que eu peguei todo esse conceito da parte de gestão e de controles. Então, na época, eu, o sócio e a equipe trouxemos muito da parte de controle contábil para o setor da construção. Criamos a auditoria técnica de obra, além de diversas metodologias para trazer essa parte de controle e de gestão de riscos para o setor da construção civil, com o intuito de fortalecer processos e sistemas. 

Hoje atuo na minha empresa, exatamente nessa parte nessa parte de gestão e controle.

Sienge – Qual a sua visão sobre o cenário atual da construção civil no país? 

B.K. – A gente começa a ver um aumento no otimismo do setor. Em São Paulo voltamos a ver a distribuição de panfletos de venda de imóveis nos semáforos, coisa que já fazia tempo que não se via, durante a crise até parou de acontecer. 

O que eu entendo é que agora a gente vai entrar num novo momento, onde, por conta da globalização, da questão ética que tivemos, de todos esses escândalos e tudo, as empresas terão que estar mais maduras em relação aos seus controles, em relação à sua gestão, à transparência na tomada de decisões. 

Vamos começar a receber cada vez mais empresas de fora, seja como parceiras, seja como concorrentes. Então, o mercado vai ter que se estruturar para estar preparado, afinal, vem cliente pela frente.

Sienge – E a internacionalização é um caminho para a situação econômica do Brasil?

B.K. – A internacionalização é um caminho sem volta. A situação que a gente vê hoje já é o novo normal, que eu chamo. Ou seja, a gente não vai voltar para aquela situação onde, mesmo você sendo desorganizado, mesmo você tendo projetos imaturos, você ainda conseguia ter um bom lucro, ter um bom retorno nas suas obras. A gente vai agora, cada vez mais, com essa globalização, com essa nova situação, ter margens menores de lucro para trabalhar. Por isso você tem que estar mais organizado, porque vai ter um ambiente um pouco mais restrito para trabalhar. Agora não se tem mais tanto valor investido nas obras como se tinha antigamente. 

Gostaria de finalizar, fortalecendo o fato de que, para as empresas sobreviverem nesse novo ambiente que se criou depois dos últimos acontecimentos, elas precisam se estruturar, e formalizar os seus procedimentos. É necessário ser transparente nos processos, nas suas tomadas de decisão, porque se a empresa quiser, por exemplo, trabalhar com parceiros, ou com investidores, ela tem que ter essa transparência, que a gente comentou até agora, porque esse investidor vai cobrar isso dela. 

Hoje em dia, cada vez mais, os contratantes têm o processo de analisar as empresas que eles vão contratar. Então, se a empresa estiver mais transparente, ela vai ter uma melhor possibilidade de ser escolhida por aquele cliente. 

Por isso o Compliance, a tomada de decisão a transparência nas ações, os reports, os relatórios estão sendo cada vez mais usados, para que todo mundo tenha consciência que você está tendo ações éticas, tanto para a empresa, quanto para a sociedade.