Urban 3D: a startup que vai usar a tecnologia para construir casas populares

Vanessa Farias

Escrito por Vanessa Farias

6 de abril 2018| 7 min. de leitura

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A paulistana Anielle Guedes, de 25 anos, tem um sonho nada modesto: transformar a indústria da construção em um dos setores mais fortes e acessíveis. Para realizar seu objetivo, em 2015, a empreendedora fundou a Urban 3D, startup que almeja resolver a questão da falta de habitação no mundo. O propósito é construir moradias com impressão em 3D e fazer isso de maneira ágil, menos custosa e sustentável.

Como surgiu a Urban 3D

A ideia nasceu depois que Anielle passou uma temporada na Nasa, onde participou de um programa de pós-graduação na Singularity University, no Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Lá, ela teve experiência como tradutora de um programa que levou 45 pessoas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para viver um período em favelas paulistanas, em 2012.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Anielle disse que essa experiência mudou a sua vida. “Nasci em São Paulo, mas nunca tinha visitado diversas partes da cidade”.
Hoje, a Urban 3D trabalha com a meta de erguer prédios de quatro e cinco andares em poucas semanas e reduzir o custo da construção de uma obra em até 80%. Essa redução é possível graças à maior flexibilidade para estabelecer os desenhos e à perspectiva de uso de material mais em conta.
De acordo com Anielle, existe um problema de produção que abala toda a construção civil. Há mais demanda que oferta. Isso faz os preços de imóveis subirem e – pior – faz com que as pessoas mais pobres recorram a habitações irregulares. Para se ter uma ideia, no Brasil, são 11,42 milhões de pessoas vivendo em favelas, segundo o Censo divulgado pelo IBGE, em 2010. Esse número corresponde a 6% da população do país.

Como é a ideia

Urban 3D - Fábrica automatizada de concreto
Imagem da fábrica automatizada de concreto da Urban 3D (Divulgação)

Na prática, a startup vai construir moradias populares usando tecnologia inovadora que alia robótica e impressão 3D. Grandes máquinas vão imprimir pavimentos, paredes, vigas. O preço final estimado de um imóvel como esse é estimado em um valor entre 10 e 15 mil reais.
A Urban 3D estabelece uma rede de contatos com construtoras que possuem interesse no negócio. Depois disso, cria um projeto e prepara o concreto pré-fabricado a partir de tecnologia moderna.
Para executar essas tarefas, a startup conta com um robô que consegue ler um projeto em três dimensões. Com isso, ele identifica onde há parede de concreto, onde estão os possíveis buracos e canos. Então, o robô imprime um molde em 3D. Mas é possível usar o concreto reciclado e, inclusive, existe a opção de materiais como plástico na massa, cumprindo a missão de tornar uma obra mais sustentável e barata.
Para garantir os certificados necessários para qualificar a técnica e conseguir financiamento de projetos como o Minha Casa, Minha Vida, a startup precisa ter pronta uma primeira construção.
A empreendedora já possui um cliente do setor da construção civil e investidor. No entanto, Anielle aponta algumas dificuldades. “Há poucos agentes dispostos a financiar tecnologia no Brasil. Ainda mais tecnologia de interesse social”, comentou à Folha.  
Enquanto não fica pronta a primeira versão da construção, a Urban 3D começa a gerar receita com outro produto. É um software de rastreamento de material, desde a sua fabricação até o momento de ser utilizado no canteiro de obras.

Quem é Anielle Guedes?

Anielle Guedes
Divulgação

Anielle, como é de se imaginar, é uma mulher à frente de seu tempo. Ela foi tradutora da Anistia Internacional com apenas 12 anos de idade. Já palestrou em dezenas de países, em organizações como a ONU, G20 e Banco Mundial.
Também viajou para “vender” a Urban 3D em diferentes lugares do mundo e fala para empresas internacionais e investidores de alto nível de igual para igual.
Fora isso, foi considerada um dos 30 jovens mais talentosos com menos de 30 anos, segundo a Revista Forbes, em 2016.

Desafio

Ainda que existam muitos obstáculos a serem superados no universo do empreendedorismo, Anielle aponta um dos principais: quebrar o preconceito que existe com a atuação feminina na indústria da construção civil. O setor é predominantemente formado por homens e, para ela, ser mulher é ter que provar sempre a própria capacidade.
Mas, se depender dessa jovem de 25 anos, o estereótipo de achar que a mulher precisa, por força, provar credibilidade para ser alguém, deve acabar logo. Levando em conta os planos de Anielle, o preconceito se esgotará com suas ações. E agir é o que ela mais quer.

Conheça mais sobre a Anielle e seu projeto neste vídeo

Urban 3D no Construtalk BH

O case da Urban 3D será um dos destaques da programação do Construtalk BH – powered by MRV, que será realizado pelo Buildin no dia 24 de abril, no Órbi Conecta, em Belo Horizonte.
O evento contará com a presença da fundadora da startup, Anielle Guedes.
Você terá a chance de conhecer mais detalhes sobre a Urban 3D e seu propósito. Além disso, terá a possibilidade de fazer muito networking e benchmarking.
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