Produtos imobiliários no Brasil: principais tendências em 2018

Tomás Lima

Escrito por Tomás Lima

24 de julho 2018| 12 min. de leitura

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Produtos imobiliários no Brasil: principais tendências em 2018

Quais são as principais tendências em 2018 para o mercado imobiliário?

Este ano vem sendo marcado pela recuperação do setor imobiliário após quase quatro anos de crise financeira no País. Por isso, as empresas do ramo construtivo têm investido, cada vez mais, em soluções modernas e eficientes para enfrentar a concorrência.

As mudanças de comportamento e atitude dos consumidores continuarão a ser um fator disruptivo nos negócios. Hoje em dia, a busca por qualidade de vida, aliada a uma característica “nômade” dos jovens de 20 a 30 anos, mudou muito o jeito como as pessoas habitam, principalmente nos centros urbanos.  

Nômades globais

Com o avanço do empreendedorismo, abriu-se um vasto campo entre os praticantes de home office, nômades globais e profissionais liberais. Alia-se a isso a superlotação dos centros urbanos, a saturação do mercado de trabalho e os baixos salários que os jovens de hoje em dia recebem, em comparação com a geração anterior.

Além disso, passamos cada vez menos tempo em casa e as famílias estão cada vez menores. Por isso, as moradias estão ficando mais compactas.

Mas você deve estar se perguntando por que estamos dizendo tudo isso. Pois bem, vamos lá!

Antigamente, cada apartamento/casa era habitado por uma família com número variado de membros. Por causa de todos os fatores que citamos, as pessoas começaram a se agrupar de maneiras inovadoras, de acordo com seus interesses pessoais e profissionais.

Coliving

O conceito de coliving renova o ato de morar junto com base em motivações econômicas, profissionais e pessoais, colocando sob o mesmo teto um grupo de indivíduos com propósitos parecidos ou simplesmente dispostos a conviver em harmonia.

Essa tendência é cada vez mais forte e muda totalmente o modo como as moradias são pensadas e projetadas. Em uma época na qual habitar um centro urbano é cada vez mais caro, a individualização dos espaços está com os dias contados. Por isso, as incorporadoras estão atentas a essa mudança de comportamento e repensando seus produtos imobiliários.

Quer saber mais? Então vem com a gente!

Áreas de uso coletivo

Como dissemos anteriormente, os preços dos apartamentos novos estão cada vez mais altos, e os salários dos jovens estão cada vez mais baixos. Alia-se isso o fato de as jornadas de trabalho serem mais longas. Logo, a função da “casa” de hoje em dia é ser apenas um local para dormir e passar os fins de semana. Por isso, os jovens têm preferido morar em apartamentos cada vez menores.

Em contrapartida, muitas incorporadoras perceberam que as áreas comuns projetadas de seus prédios acabam ficando subutilizadas. O salão de festas e brinquedoteca, ainda que usados esporadicamente, no dia a dia estão sempre vazios.

Então, uma tendência forte dos produtos imobiliários têm sido incorporar nas áreas comuns do prédio partes do programa que não cabem nessas unidades.  

Mas o que isso significa na prática?

Imagine que você possui uma máquina de lavar roupas, secar e tanque que são utilizados, em média, uma vez por semana. Agora multiplique esses itens pelo números de apartamentos do seu prédio. Parece um desperdício de espaço e dinheiro, não é?

Por isso, a implementação de lavanderias coletivas no térreo/subsolo dos prédios tem sido cada vez mais usual. Até porque, muitas unidades (principalmente as menores) não são entregues com ponto para tanque e, às vezes, nem para máquina. A escassez de espaço obriga o cliente a fazer escolhas.

Créditos: Carsten Schertzer/Divulgação

E a tendência de compartilhamento de espaços e troca de experiências só vem para reforçar essa mudança nas áreas comuns.

Em muitos empreendimentos residenciais voltados ao público jovem, próximos a eixos de circulação e áreas comerciais, têm sido implementadas salas de coworking. São espaços com estações de trabalho e salas de reunião, mas sem aquele “ar” corporativo de escritório.

É um local para promover o encontro dos condôminos e gerar trocas de experiências profissionais. Um ambiente colaborativo, para uma geração que tem o hábito de fazer home office com frequência. Muitas vezes, são disponibilizadas vending machines, com café e salgados, para que a permanência durante períodos longos não seja um problema e o uso do espaço esteja garantido.

tendências em 2018

Seguindo a mesma tendência de compartilhamento dos espaços, várias incorporadoras têm implementado hortas coletivas em seus projetos. Hoje em dia, a busca por qualidade de vida anda lado a lado a uma crescente substituição dos alimentos industrializados por produtos orgânicos.

Sendo assim, ter árvores frutíferas, verduras e legumes orgânicos no meio da cidade passa a ser um grande diferencial na hora da escolha do imóvel. Alguns empreendimentos chegam a prever nas hortas e pomares sistema de irrigação por gotejamento, que ajuda na economia de água, e até a utilização de água proveniente do descarte das unidades, após tratamento.  

A construtora Vitacon, de São Paulo, é uma das empresas que está investindo forte no compartilhamento de espaços em seus empreendimentos. Confira um de seus infográficos sobre a economia que pode ser gerada ao compartilhar produtos e serviços:

tendências 2018
Fonte: Cartilha do Investidor em Imóveis/Vitacon/Reprodução

Interessante, não?

Mas não é apenas o uso das áreas comuns e dos utensílios que está sofrendo modificações.

Diferenciais de facilidade

Como dissemos anteriormente, muitas incorporadoras perceberam que as áreas comuns de seus empreendimentos estavam sendo subutilizadas. Um meio de minimizar isso é mudar o programa desses ambientes, focando-o em usos mais condizentes com o interesse do público-alvo, como mostramos no item anterior.

No entanto, outros artifícios têm sido utilizados em prol da “ativação” dessas áreas. E veja como muitos deles possuem relação com a tecnologia. 

  • Wi-fi e internet de alta velocidade 

Embora as áreas comuns sejam entregues mobiliadas, alguns ambientes, como o coworking, passam a não ter serventia alguma sem internet. Um condômino sem wifi tende a se tornar um espaço ocioso.

Por isso, muitas construtoras têm entregado internet de alta velocidade nas áreas comuns, inclusive nos subsolos, onde normalmente os celulares não têm acesso ao plano de dados por falta de sinal.

  • Aplicativos de gerência condominial

Utilizados para promover a interação entre os moradores, facilitar a entrada de visitantes, avisar o porteiro de uma entrega, solicitar reparos na sua unidade ou até contratar serviços pay per use.

Cada vez mais, o morador obtém vantagens em comprar um imóvel que possa ser gerenciado por intermédio de aplicativos. Entre os benefícios, podemos citar o acesso das reservas do salão de festas ou da churrasqueira na palma da mão e ainda o serviço de churrasqueiro/chefe de cozinha pay per use

Na verdade, a oferta de serviços pode ser infinita: personal trainer e fisioterapeuta, para os prédios que possuem academia; lavanderia online, que busca e entrega a roupa em casa; serviços de faxina; entrega de comida congelada; etc.

Outro diferencial na entrega do edifício tem sido a disponibilização de bicicletas e às vezes até de carros do próprio empreendimento. Nunca a mobilidade urbana esteve tão em pauta como nos dias de hoje e se adaptar às mudanças de comportamento frente a essas questões passou a ser um diferencial também.

Por que comprar um carro que usamos tão pouco, se podemos compartilhá-lo e fazer esse investimento valer mais a pena? Dividir o carro com outros moradores pode ser um ponto positivo e um diferencial da empresa que oferece essa possibilidade.

  • Automação de iluminação, persianas e aspiração central

A automação vem aparecendo como grande diferencial nos empreendimentos, tanto nas unidades quanto nas áreas comuns. Através desse sistema unificado, é possível fazer controle de cenas, subir e baixar persianas e até controlar a iluminação da sua casa.

Se você for chegar em casa às 8 horas da noite, por exemplo, é possível deixar o sistema programado para que as luzes estejam acesas antes da sua chegada.

É importante dizer que, para a implantação desse sistema, é imprescindível sua previsão em projeto.

Persiana automatizada (Fonte: GT Casa & House/Divulgação)
  • Carregadores de carro elétrico

Com a mudança do perfil do consumidor, é importante que as tendências de comportamento influenciem o produto desde o momento da sua definição. Do momento da compra do terreno até o término da obra se vão alguns anos, e é importante pensar à frente, prevendo o uso do que existe de mais moderno no momento da formulação do produto.

Deste modo, muitas empresas estão investindo na previsão de pontos para carregadores de carro elétrico nos prédios, contando que essa migração ocorrerá no futuro.

Fonte: Vitoriainvest Construções e Incorporações/ Divulgação

Outros diferenciais

  • Produção das áreas comuns

Assim como a internet de alta velocidade, notou-se que o fato de as áreas comuns serem entregues com produção estimula muito o uso pelos moradores. Isso significa que, além de entregar a mobília, investe-se em quadros, tapetes e itens de decoração.

  • Opção de kits para personalização das unidades

Assim como a produção das áreas comuns, outro diferencial muito utilizado pelas construtoras tem sido a oferta de kits de acabamentos, iluminação, mobiliário e até enxoval para facilitar a entrada do morador na unidade.

Numa época em que o design permeia tudo a nossa volta, e o cliente deseja, cada vez mais exclusividade nos produtos que adquire, a possibilidade de customização passa a ser um grande diferencial na hora da compra.

Além disso, para o investidor é algo bastante atraente, já que agiliza a montagem do apartamento, e consequentemente, o aluguel da unidade.

Gostou dessas tendências? Se você lembrou de alguma que não colocamos nesta lista, cite nos comentários abaixo!