Inovação: um caminho para o futuro

Paulo Sérgio Ferreira de Oliveira

Escrito por Paulo Sérgio Ferreira de Oliveira

12 de junho 2019| 9 min. de leitura

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O BCG publicou em março deste ano um relatório relevante sobre inovação denominado “Most Innovative Companies 2019: AI, Platforms, and Ecosystems”. O documento extrai dados de pesquisas recentes. Participaram da composição do texto deste relatório os executivos: Michael Ringel, Florian Grassl, Ramón Baeza e Justin Manly, cujos nomes dispensam apresentação.

Mais do que um conteúdo relevante, são abordadas as principais tendências e quais são as empresas no mundo que os executivos consideram como as 50 mais inovadoras.

Entender como as plataformas colaborativas, os hubs e os ecossistemas estão mudando a inovação é algo tão relevante hoje quanto encontrar o mapa da mina.

A introdução do material relata um caso interessante registrado em 2016. Foi quando um grupo de pesquisadores médicos finlandeses ganhou uma competição global para prever as taxas de sobrevivência do câncer de próstata com precisão. Do ponto de vista da inovação, dois fatos se destacam:

  • A competição foi virtual: foi hospedada e gerenciada em uma plataforma baseada em nuvem que facilitou a colaboração científica;
  • Antes de entrar no concurso, a equipe finlandesa não era ativa na pesquisa do câncer.

Estes fatos comprovam que a inovação hoje pode vir de qualquer lugar e, cada vez mais frequentemente, vem de fora da empresa.

Inovação compartilhada

A tecnologia e a ampla divulgação de bases de dados e de informações por múltiplos canais de comunicação ajudou a nivelar o campo competitivo. Assim, tornando mais fácil para qualquer um e em qualquer lugar acessar todo o conteúdo necessário para se inspirar. E, com isso, desenvolver novas ideias e conceitos.

Além disso, explorar o conhecimento de profissionais conectados virtualmente ou atuando em hubs ou labs de inovação compartilhada, em diferentes áreas de conhecimento e de especialização.

Não se trata somente de explorar incubadoras ou aceleradoras “empoderadas” e mescladas a estruturas tradicionais. Embora, em tempo, este modelo esteja em elevada ascensão e tenha bom potencial para a oxigenação de negócios.

Talvez possamos qualificar estes dois conceitos como a diferença entre revolução/transformação e a promoção de melhorias e mudanças.

Grandes avanços na área de P&D estão sendo realizados por várias das empresas consideradas como as mais inovadoras. Estas têm criado organizações férteis, num ambiente propício à criatividade.

Assim, explorando processos, incentivos e tudo o que for necessário para trazer ideias externas para o contexto de suas áreas de interesse. Dessa forma, encurtando o tempo e o caminho para atingir os resultados, produtos e soluções desejados.

Novamente isso traz à tona que, no centro da inovação, mais do que a própria tecnologia está o Capital Humano. Este é o principal ativo das organizações e não se limita aos seus muros.

Afinal, uma liderança preparada para articular redes de profissionais e pesquisadores de elevada competência certamente é o principal diferencial para que este novo modelo dinâmico funcione. É preciso contar com habilidade para atrair e reter talentos internos e externos. Isso mesmo que estes estejam voltados especificamente para um projeto com objetivos específicos.

Plataformas de inovação

O relatório do BCG destaca que o uso crescente de plataformas como a Synapse está tornando a inovação mais multipartidária e colaborativa. Esta foi a plataforma que hospedou o desafio do câncer de próstata, por exemplo.

Isso constitui uma evidente tendência. Ou seja, um claro caminho para o sucesso no próximo ciclo de desenvolvimento tecnológico e científico que já estamos vivendo.

Google, Amazon, Apple, Samsung, Tesla têm explorado plataformas baseadas em Inteligência Artificial e na Internet das Coisas (IoT). Isso tem possibilitado a criação e a rápida oferta de novos serviços para os seus clientes. Como resultado, consolidam propostas e soluções muito mais engajadas em suas expectativas e necessidades.

Talvez o texto abaixo, extraído do relatório do BCG seja uma chave importante para entendermos os principais modelos de ecossistemas em atividade.

“As tecnologias digitais permitem plataformas de colaboração. Estas plataformas de colaboração possibilitam que os ecossistemas reúnam um grupo de organizações para construir um novo recurso ou oferta de produto ou serviço. Isso para que um novo campo de ciência ou tecnologia possa avançar.

“Alguns ecossistemas representam expansões de formas tradicionais de organização e realização de negócios. Eles tendem a ter no seu centro um orquestrador, com o qual todos os outros participantes interagem, juntamente com hierarquias e estruturas estabelecidas.

“Outros ecossistemas – incluindo muitos que estão envolvidos na fase inicial de P&D – tendem a ser mais dinâmicos. Ou seja, menos dependentes de um orquestrador central. Além disso, são mais vinculados a interações multifacetadas entre os participantes.

“Vários tipos de “cola” ligam os participantes do ecossistema. O dinheiro é um deles, é claro. Mas o conhecimento, os dados, as habilidades e a comunidade podem ser igualmente importantes.”

O papel dos ecossistemas e hubs de inovação

Vale destacar um ponto no meio destas transformações. Os ecossistemas e hubs de inovação, seja lá qual for o seu modelo de funcionamento, tendem a ocupar, cada vez mais, um papel estratégico e crítico na definição do futuro da competição.

Isso sobretudo nas indústrias que têm como bases de seus negócios o B2B.

Recentemente, participei da reunião de conselho de uma empresa relevante no setor em que atua. Fui articulador de um tema interessante. Discutimos questões estratégicas envolvendo o futuro do seu mercado. Ou seja, onde estarão as oportunidades, que serviços e produtos serão mais demandados e que inovações deverão ser buscadas.

Certamente, desenhar este projeto é algo que ainda deverá requerer muitas horas de discussão e análise. Sempre visando à conclusão de um planejamento consistente.

Isso apesar da discussão enriquecedora com os conselheiros e principais executivos. Ocasião na qual conseguimos avaliar o cenário e apontar campos onde a inovação fará a diferença. Além disso, indicar as transformações necessárias para que esta organização possa “comprar o ticket para esta viagem para o futuro”.

Conclusões sobre inovação e o futuro das empresas

Uma conclusão é que nada é mais importante no mundo corporativo atual do que planejar o futuro. Isso sempre entendendo as transformações pelas quais estamos passando. Tudo para endereçar de forma estratégica a inovação. Em paralelo, definindo que ações e projetos deveremos colocar em marcha, rapidamente, para fazermos a diferença no mercado futuro.

E certamente neste caminho a ser pavimentado há alguns pontos de atenção. Dentre eles, a formação e preparação da liderança para estes novos tempos. Além disso, a gestão adequada do Capital Humano.

Sempre potencializando e explorando amplas formas de múltipla colaboração. Por fim, a integração por meio de hubs e ecossistemas. Certamente terão papel decisivo e definitivo para o sucesso e sobrevivência das organizações.

Segue um quadro do relatório do BCG com a relação das 50 empresas mais inovadoras em 2019: