Construção Circular: entenda o que é e qual sua importância

Escrito por Redação Sienge

3 de agosto 2023| 17 min. de leitura

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Construção Circular: entenda o que é e qual sua importância

A crescente preocupação com as questões ambientais e a busca por soluções sustentáveis têm impulsionado a adoção de práticas mais conscientes em diversos setores da sociedade. Nesse contexto, a Construção Circular emerge como um conceito inovador e promissor, desafiando os paradigmas tradicionais da indústria da construção civil. 

Esse novo enfoque busca transformar radicalmente a forma como projetamos, construímos e gerenciamos edifícios, privilegiando a economia de recursos e a minimização de resíduos ao longo de todo o ciclo de vida das edificações.

Ao contrário do que se possa inicialmente imaginar, a Construção Circular não se limita apenas à reciclagem de materiais de construção após a demolição de um edifício. Trata-se de um conceito abrangente, que engloba toda a cadeia de fornecimento, desde o momento do projeto até o fim de vida útil da construção. Seu objetivo primordial é a redução do consumo de matérias-primas virgens, priorizando a reutilização, recuperação e reciclagem dos materiais já existentes.

Neste artigo, exploraremos em profundidade o conceito de Construção Circular, seus princípios fundamentais e como essa abordagem inovadora está impactando positivamente a indústria da construção. Além disso, veremos exemplos notáveis de projetos que incorporam os princípios da Construção Circular e os benefícios que essa abordagem traz para o meio ambiente, a sociedade e o setor da construção como um todo.

O que é Construção Circular?

A Construção Circular representa uma abordagem inovadora e transformadora dentro da indústria da construção civil, que vai além da mera reciclagem de materiais após a demolição de um edifício. Esse conceito abrangente está fundamentado nos princípios da Economia Circular, cujo objetivo é maximizar o uso eficiente de recursos, minimizar o desperdício e reduzir o impacto ambiental ao longo de todo o ciclo de vida das edificações.

Ao contrário do modelo convencional, em que os edifícios são projetados com uma vida útil limitada, a Construção Circular promove uma abordagem holística, na qual os profissionais da área, como arquitetos, engenheiros e empreiteiros, desempenham um papel fundamental na busca por soluções sustentáveis.

Um dos pilares centrais da Construção Circular é a reutilização de materiais e produtos sempre que possível. Isso significa que, desde a fase inicial de projeto, é necessário considerar a possibilidade de reutilizar os materiais empregados em uma construção ao final de sua vida útil, evitando que se tornem resíduos descartados.

Essa mudança de paradigma envolve uma reavaliação dos materiais utilizados, dando preferência a recursos renováveis e de baixo impacto ambiental. Além disso, busca-se a implementação de técnicas que permitam a desmontagem e recuperação de materiais de forma segura e eficiente, favorecendo a reintegração desses elementos em novos projetos.

Os princípios da Economia Circular aplicados à Construção buscam, ainda, minimizar a utilização de matérias-primas virgens, reduzindo assim a exploração de recursos naturais escassos e valiosos. Essa abordagem sustentável não apenas contribui para a preservação ambiental, mas também pode trazer benefícios econômicos, ao reduzir os custos de aquisição de novos materiais e de gestão de resíduos.

E a Economia Circular?

A Economia Circular é um conceito econômico e ambiental que se fundamenta na ideia de criar uma sociedade mais sustentável, reduzindo o desperdício, otimizando o uso de recursos naturais e minimizando os impactos ambientais negativos. Em contraste com o modelo econômico linear tradicional, que se baseia na extração, produção, consumo e descarte, a Economia Circular propõe um ciclo contínuo de uso, reutilização e reciclagem de materiais e produtos.

Em sua essência, a Economia Circular busca eliminar a ideia de “lixo”, transformando resíduos em recursos valiosos. Nesse contexto, os materiais utilizados nos produtos e edificações são projetados e escolhidos de forma a permitir sua reutilização ou recuperação após o uso inicial, evitando que sejam descartados como resíduos. Além disso, enfatiza-se a necessidade de prolongar a vida útil dos produtos e materiais, buscando maximizar seu valor econômico e ambiental.

A importância da Economia Circular

  • Preservação de Recursos Naturais: Com a crescente demanda global por recursos naturais, a Economia Circular se torna uma resposta viável para reduzir a exploração excessiva de matérias-primas e proteger os ecossistemas vulneráveis.
  • Redução de Resíduos: A Economia Circular visa minimizar a geração de resíduos, ao mesmo tempo em que busca formas eficientes de reciclagem e reintegração desses materiais na cadeia produtiva.
  • Maior Eficiência Energética: A reutilização de materiais e produtos implica menor consumo de energia, uma vez que a reciclagem geralmente requer menos recursos do que a produção a partir de matéria-prima virgem.
  • Inovação e Criação de Empregos: A transição para uma Economia Circular requer inovação em tecnologias e processos, abrindo espaço para novos modelos de negócio e criação de empregos em setores relacionados à sustentabilidade.
  • Resiliência Econômica: A Economia Circular pode tornar as indústrias menos dependentes de matérias-primas voláteis e com preços instáveis, proporcionando maior estabilidade econômica.
  • Combate às Mudanças Climáticas: Reduzir a extração e a produção de matérias-primas contribui para diminuir as emissões de gases de efeito estufa e, assim, combater as mudanças climáticas.

Assim, a Economia Circular tem o potencial de oferecer soluções inovadoras e eficientes para os desafios ambientais e econômicos enfrentados pela sociedade. A abordagem sistêmica e integrada dessa economia promove a cooperação entre diversos setores e estimula a adoção de práticas sustentáveis em todas as etapas da produção e consumo, garantindo um futuro mais equilibrado e responsável para as gerações presentes e futuras.

Economia Circular na Construção Civil

A aplicação dos princípios da Economia Circular na indústria da Construção Civil é um dos passos cruciais em direção a um setor mais sustentável, responsável e alinhado com os desafios ambientais contemporâneos. A construção e operação de edifícios têm um impacto significativo no meio ambiente, incluindo o consumo intensivo de recursos naturais, a geração de resíduos e as emissões de gases de efeito estufa. A abordagem da Economia Circular oferece uma perspectiva inovadora para mitigar esses impactos negativos, transformando o setor em um motor de mudança positiva.

1. Design Sustentável e Ciclo de Vida Prolongado:

A Economia Circular na Construção Civil começa com o design sustentável dos edifícios. Os arquitetos e engenheiros desempenham um papel fundamental na concepção de estruturas que privilegiem a eficiência energética, o uso de materiais renováveis e de baixo impacto ambiental, além de contemplarem a desmontagem e reutilização futura dos elementos construtivos. Ao pensar em um ciclo de vida mais longo para as edificações, é possível reduzir a necessidade de construção de novos edifícios e, consequentemente, economizar recursos naturais.

2. Reutilização e Reciclagem de Materiais:

Uma das características mais marcantes da Economia Circular aplicada à Construção Civil é a ênfase na reutilização e reciclagem de materiais. Desde o processo de demolição, os materiais retirados dos edifícios antigos podem ser recuperados e reintegrados em novas construções. Além disso, a busca por técnicas e tecnologias que viabilizem a reciclagem de materiais de construção, como concreto e aço, é essencial para evitar o desperdício e a geração de resíduos.

3. Economia de Recursos e Custos:

Ao adotar a Economia Circular, a Construção Civil pode se beneficiar da economia de recursos e custos associados. A reutilização de materiais reduz a necessidade de adquirir matérias-primas virgens, o que pode levar a uma diminuição dos custos de produção. Além disso, a gestão mais eficiente dos materiais evita desperdícios, otimizando o investimento inicial e reduzindo os gastos com tratamento e disposição de resíduos.

4. Estímulo à Inovação:

A implementação da Economia Circular na Construção Civil estimula a inovação e a criação de novos modelos de negócio. A demanda por técnicas de construção mais sustentáveis, materiais reciclados e processos de desmontagem e reutilização favorece o surgimento de empresas e profissionais especializados em soluções circulares, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do setor.

5. Contribuição para a Sustentabilidade Global:

A adoção da Economia Circular na Construção Civil é uma resposta concreta aos desafios ambientais globais, incluindo a escassez de recursos naturais, a poluição e as mudanças climáticas. Ao tornar a construção mais sustentável e responsável, o setor contribui significativamente para a preservação do meio ambiente e para a promoção de um desenvolvimento mais equilibrado e justo.

Como você pode ver, a Economia Circular na Construção Civil representa uma mudança de paradigma fundamental, transformando o setor de uma fonte de impactos negativos para um agente de mudança positiva. Ao integrar a sustentabilidade em todas as etapas do ciclo de vida das edificações, a Construção Circular se apresenta como uma via promissora para alcançar um futuro mais resiliente, responsável e harmonioso com o nosso planeta.

Resíduos da Construção Civil: O que são e Qual a Classificação

Os resíduos da construção civil, comumente chamados de entulhos, são materiais gerados em atividades como construção, reformas, reparos e demolições de obras. Além disso, incluem os resíduos provenientes da preparação e escavação de terrenos. Esses resíduos constituem uma parcela significativa dos resíduos sólidos urbanos e representam um desafio para a gestão ambiental.

A Resolução CONAMA 307/2002 estabelece a classificação dos resíduos da construção civil em quatro categorias: Classe A, Classe B, Classe C e Classe D, de acordo com suas características e possibilidades de reciclagem e reutilização.

Classe A: Reutilização e Reciclagem

Os resíduos de Classe A são aqueles que podem ser reutilizados na própria obra ou encaminhados para reciclagem. Materiais como tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas e outros componentes podem ser reaproveitados na construção ou enviados para unidades de reciclagem de materiais de construção civil. A destinação correta desses resíduos permite que sejam utilizados em novas obras, reduzindo a necessidade de extração de novos recursos naturais e diminuindo o impacto ambiental.

Classe B: Recicláveis para Outros Fins

Os resíduos de Classe B são aqueles que podem ser reciclados para outros fins. Nessa categoria, encontram-se materiais como papel e papelão, plásticos, metais, vidros, madeiras e gesso. Esses materiais, quando separados adequadamente, podem ser encaminhados para reciclagem e transformados em novos produtos, contribuindo para a economia circular e reduzindo a pressão sobre os recursos naturais.

Classe C: Não Recicláveis por Falta de Técnicas

Os resíduos de Classe C são aqueles que ainda não têm técnicas viáveis para o seu processo de reaproveitamento ou reciclagem. Portanto, é necessário adotar uma atenção especial durante a execução da obra para evitar desperdícios. Exemplos de resíduos da Classe C incluem materiais não enquadrados nas outras classificações, exceto os da Classe D. Esses resíduos devem ser segregados dos demais e destinados a aterros específicos.

Classe D: Resíduos Perigosos

Os resíduos de Classe D são materiais considerados perigosos, capazes de causar danos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Nessa categoria estão inclusos tintas, solventes, vernizes, materiais e telhas de amianto, e também resíduos das Classes A, B e C que estejam contaminados por substâncias tóxicas. O manuseio e a disposição adequada desses resíduos devem ser realizados de forma controlada e em conformidade com as normas ambientais.

Em conclusão, a classificação dos resíduos da construção civil é essencial para a gestão adequada desses materiais e para a promoção de práticas sustentáveis na indústria da construção. Ao adotar ações que priorizem a reutilização, reciclagem e destinação correta dos resíduos, é possível reduzir o impacto ambiental, economizar recursos naturais e contribuir para a construção de um futuro mais sustentável.

Soluções sustentáveis para a construção civil 

A indústria da construção civil tem um papel fundamental na busca por práticas mais sustentáveis e responsáveis em relação ao meio ambiente. Diversas soluções têm sido desenvolvidas e implementadas para reduzir o impacto ambiental das atividades construtivas e promover edificações mais eficientes e eco amigáveis. 

Abaixo estão algumas dessas soluções:

  • Green Building (Construção Verde): Projeto, construção e operação de edificações de forma sustentável, priorizando eficiência energética, materiais e tecnologias ecoamigáveis, uso racional de água, qualidade do ar interno e gerenciamento adequado de resíduos.
  • Gerenciamento de Resíduos: Segregação adequada de materiais durante a obra, coleta seletiva, reciclagem e reutilização de resíduos para reduzir o volume destinado a aterros.
  • Eficiência Energética: Uso de tecnologias e práticas que reduzam o consumo de energia, como isolamento térmico, iluminação LED, sistemas de ventilação e refrigeração eficientes, e incorporação de fontes renováveis de energia.
  • Redução das Emissões de CO2: Escolha de materiais de construção com baixa pegada de carbono, como cimento sustentável e blocos de adobe, além da criação de áreas verdes para absorver CO2 e melhorar a qualidade do ar.
  • Uso Racional da Água: Adoção de práticas de uso eficiente da água, como torneiras e chuveiros economizadores, sistemas de reuso de água e coleta de água da chuva.

Essas soluções são essenciais para uma construção circular, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a promoção de um futuro mais consciente e responsável.