- Fachadas ventiladas são uma tendência na engenharia, proporcionando economia de energia, conforto térmico, segurança e durabilidade
- Consistem em revestimentos externos com cavidades que permitem ventilação contínua
- Vantagens incluem economia energética, proteção contra ruídos, renovação estética, entre outros; desvantagens são custo elevado e necessidade de mão de obra qualificada.
Uma das tendências nos projetos de engenharia do País são as fachadas ventiladas. Apesar de já serem utilizadas há décadas no Exterior, somente agora elas começam a se popularizar no mercado de construção nacional.
Além do apelo estético, esses sistemas proporcionam economia de energia, conforto térmico, segurança e durabilidade.
Mas em que consistem as fachadas ventiladas?
Trata-se de um revestimento externo composto por painéis ou placas modulares, fixado à fachada principal da edificação com aço inoxidável ou alumínio. O afastamento entre as duas estruturas cria uma cavidade de ar, com largura média de 10 a 15 centímetros, por onde ocorre a ventilação contínua no sentido vertical.
Isso é possível graças ao sistema de juntas abertas das placas do revestimento. Ou seja, o espaço entre elas não é totalmente vedado nas partes inferiores e superiores. Assim, o ar frio entra pela abertura inferior e o ar quente sai pela abertura superior, criando o efeito chaminé.
Veja a figura:

Sistema da fachada ventilada
Basicamente, o sistema de fachadas ventiladas é formado por:
- base suporte de fixação;
- camada de material isolante;
- câmara de ar;
- subestrutura auxiliar de fixação;
- material de revestimento;
- juntas entre os painéis ou placas;
- outros materiais necessários para seu completo funcionamento.
A seguir, veremos de forma mais detalhada cada um desses itens.
Base suporte
Elemento fixo da edificação, composto por sua estrutura e os elementos de vedação. Estes últimos devem ser capazes de sustentar todo o peso do sistema de fachada ventilada.
A base suporte deve ser protegida com uma camada de isolamento térmico para evitar problemas relacionados à umidade. Ela também pode ser pintada com aditivos hidrófugos.
Camada de isolamento
Atenua a transferência de calor ao longo dos elementos nos quais é aplicada. Sua utilização é recomendada para evitar a transferência de calor para a edificação, visto que há uma grande ascensão de ar quente na câmara de ar.
Subestrutura auxiliar de fixação
Tem por objetivo fixar o revestimento externo da fachada em sua estrutura de base. Essa subestrutura pode ficar visível ou oculta, de acordo com os sistemas de fixação utilizados nos revestimentos e os dispositivos de ancoragem na fachada da edificação.
Câmara de ar
A câmara de ar localiza-se entre a base de suporte e as placas da fachada ventilada, permitindo a ventilação natural. Graças ao efeito chaminé, cerca de 20% do calor é removido por meio da circulação de ar na câmara. Ela deve possuir uma espessura mínima de dois centímetros, mas quanto maior for essa medida, melhor será o efeito chaminé.
Revestimento externo
Protege o sistema das intempéries exteriores, proporcionando maior durabilidade. Os painéis de revestimento são fixos à estrutura de apoio por intermédio de encaixes metálicos e podem ser feitos de diversos tipos de materiais.
Juntas
É o espaço regular entre duas peças de materiais idênticos ou distintos. Nas fachadas ventiladas, elas podem ser horizontais e verticais. A definição do tipo de junta a ser utilizada depende da estrutura de fixação e do espaçamento entre as placas ou painéis.
Neste caso, existem três tipos de juntas:
- Junta aberta – neste caso, o ideal é que a altura mínima entre painéis seja de 10mm. Para evitar a entrada de água na parte posterior do painel, pode-se introduzir uma lâmina impermeável à água na região da junta.
- Junta sobreposta – É preciso certificar-se de as juntas sobrepostas sejam capazes de impedir o acesso de insetos, pássaros e outros seres vivos no sistema.
- Perfil de junta – o ideal é que o espaço entre os painéis seja de pelo menos 5mm.
Entenda as características de cada uma delas visualizando a figura abaixo:

Vantagens e desvantagens das fachadas ventiladas
Conforme Causs (2014), entre as vantagens da instalação de fachadas ventiladas, estão:
- Economia energética (de 30% a 50%) e conforto interno, com menos absorção de calor nos meses quentes e menos dispersão nos meses frios;
- Proteção contra ruídos do ambiente exterior;
- Proteção contra a corrosão da estrutura;
- Possibilidade de reabilitação sobre a fachada sem necessidade de remover o revestimento antigo;
- Renovação estética do edifício (retrofit);
- Simplicidade na montagem e desmontagem;
- Mínimo custo de manutenção, com possibilidade de substituir placas sem desmontar o restante;
- Resistência mecânica das placas;
- Possibilidade de combinar diferentes medidas de placa, cores e texturas;
- Solução para encontros arquitetônicos com outros materiais e arremates perimetrais de janelas;
- Economia com andaimes e balancins devido à rapidez na instalação;
- Maior longevidade da edificação;
- Dispersão da umidade;
- Eliminação do risco de destacamento de revestimento;
- Diminuição dos efeitos de dilatação térmica da estrutura do edifício;
- Possibilidade de correção da planimetria do acabamento final da fachada;
- Valorização estética do imóvel.
Quanto às desvantagens das fachadas ventiladas, o autor cita:
-
- Custo econômico elevado;
- Maior controle de execução;
- Substituição trabalhosa de peças, dependendo do sistema de fixação utilizado;
- Pouca especialização para instalação desses sistemas no Brasil.
- Ausência de normas brasileiras e de requisitos de desempenho que agreguem valor comercial ao produto;
- Necessidade de mão de obra qualificada e com experiência;
- Dependendo dos materiais utilizados, baixa segurança contra incêndio;
- Exigência de projetos específicos e detalhados que definam o processo de execução.
História da fachada ventilada
De acordo com Kiss (1999), a primeira definição do conceito de fachada ventilada data de 1968. Foi registrada na publicação “Directives Communes pour l’Agrément des Façades Légeres” (traduzindo do francês para o português, “Diretrizes Comuns para a Aprovação de Fachadas Leves), lançada pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB), com sede em Paris, França.
Essa norma estabelecia que a fachada era ventilada quando se comunicava com o exterior através de orifícios que possibilitassem uma ventilação permanente de baixo para cima.
Contudo, a autor afirma que o conceito mais utilizado atualmente vem da Itália e começou a ser difundido 1990.
Tipos de fachada ventilada
As fachadas ventiladas podem ser de diversos materiais, texturas, cores e formatos. Veja algumas das alternativas oferecidas no mercado:
Fachadas ventiladas de cerâmica: terracota e porcelana, por exemplo.

Fachadas ventiladas de pedra: mármore, ardósia, granito, entre outros.

Fachadas ventiladas de metal: alumínio polido e zinco.

Fachadas ventiladas compostas: polímeros, plástico, madeira, etc.

Fachadas ventiladas de vidro

Fachadas ventiladas de madeira

Conclusão
Como podemos perceber, as fachadas ventiladas são uma opção sustentável e moderna para resolver problemas construtivos relacionados à economia energética, conforto térmico, umidade e infiltrações.
Além disso, como as placas não necessitam de rejunte e assentamento, possuem maior durabilidade em comparação aos revestimentos de pastilhas de cerâmica. Isso também facilita o processo de instalação.
Outro benefício é a valorização estética da edificação, já que são fabricadas em diversos materiais, cores, formatos e texturas.
E então, o que você acha de incluir fachadas ventiladas em seus próximos projetos de engenharia e arquitetura?
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Referências bibliográficas:
CAUSS, L. W. Sistema de fachada ventilada em edificações: características, métodos executivos e aplicações. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2014.
KISS, P. Pulmões Prediais. Março, 1999. Disponível em: <http://piniweb.pini.com.br/construcao/noticias/pulmoesprediais-85227-1.aspx> Acesso em: 05/abril/2018.
SOUSA, F. M. F. – Fachadas ventiladas em edifícios – Tipificação de soluções e interpretação do funcionamento conjunto suporte/acabamento. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade do Porto. Porto, 2010.
