Marco Aurélio Alberton: indústria e ENIC 2018

Helena Dutra

Escrito por Helena Dutra

30 de abril 2018| 11 min. de leitura

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Marco Aurélio Alberton: indústria e ENIC 2018

Confira a entrevista de Marco Aurélio Alberton, presidente da Associação dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil do Estado de Santa Catarina (ASICc/SC), ao blog do Sienge.

Entre os temas abordados, estão a situação do mercado da Construção e os preparativos para o 90º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC 2018), que ocorrerá de 16 a 18 de maio, em Florianópolis, Santa Catarina.

Acompanhe!

perfil da construção
Créditos: Sinduscon/Divulgação

 

SIENGE – Como foi sua trajetória profissional até agora?

Atuo no ramo da Construção há 34 anos. Iniciei em 1984, como estagiário em obras. Em 1987, formei-me em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Há 23 anos, trabalho na Cota Empreendimentos Imobiliários, onde sou diretor técnico. Antes disso, estive por oito anos da Método Engenharia.

Neste período, acumulei mais de 600 mil m2 de Anotações de Responsabilidade Técnica de obras construídas nas mais diversas cidades.

Há alguns anos, também venho me dedicando à área institucional. Além de presidente da Associação dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil do Estado de Santa Catarina (ASICc/SC), sou diretor de Relações Trabalhistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Santa Catarina (SINDUSCON/SC) e presidente do Serviço Social da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis (SECONCI).

SIENGE – Qual é a sua percepção sobre o mercado da construção civil em 2018?

Os últimos quatro anos foram de muitas dificuldades. Contudo, neste ano passamos a enxergar uma luz no fim do túnel, mesmo que tímida. Os indicadores econômicos começaram a ficar positivos: as taxas de juro baixaram (ainda que precisem baixar mais para o consumidor final) e a taxa de desemprego está caindo.

Não há dúvida de que o mercado da Construção ainda precisa de muitos imóveis para atender à necessidade da população. Mas é preciso uma economia focada na certeza da continuidade do emprego. Afinal, a aquisição de um imóvel é uma decisão muito importante na vida das pessoas. Na maioria das vezes, significa assumir um compromisso financeiro de longo prazo, que pode durar de 10, 15, 30 anos.  

SIENGE – Em sua avaliação, o que precisa ser feito para melhorar o ambiente de negócios no Brasil?

Precisamos diminuir a burocracia e o tempo de aprovação dos projetos, além de ajustar as condicionantes ambientais. Muitas vezes, ficamos sujeitos a diversos órgãos de informação. Eles poderiam ser centralizados em um único sistema, que desse o suporte necessário para a correta execução das obras.  

Além disso, a Construção Civil está em um processo de melhoria contínua. Nos próximos anos,  acredito que a produtividade do setor possa aumentar por meio da inserção de robotização e outras tecnologias. Mas é claro que a economia precisa se recuperar para alavancar esses investimentos.

SIENGE – Em sua opinião, que tecnologias deverão se disseminar com mais rapidez no setor da Construção?

Acredito que a ampliação dos sistemas construtivos pré-fabricados irá não apenas reduzir a exposição da mão de obra, mas também diminuir o desperdício e aumentar a produtividade.

Existem tecnologias disseminadas no Exterior, como o banheiro pronto e os sistema de fachadas ventiladas, que precisam ser absorvidas pela indústria brasileira.

Além disso, a todo o momento surgem startups e estudos de inovação com novas soluções para o setor. A indústria da Construção está passando por uma verdadeira revolução.

SIENGE – Como você avalia a qualificação da mão de obra no setor da Construção Civil?

No Brasil, infelizmente, não houve o necessário investimento no treinamento de mão de obra. Nos preocupamos em abrir universidades em diversos municípios, mas relegamos o nível técnico.

No Exterior, não há tanta diferença, inclusive salarial, entre a formação em Engenharia e os níveis técnicos. Evidentemente, o grau de qualificação dos engenheiros é bem maior, porém os profissionais de nível técnico também possuem uma formação sólida.

Enquanto lá fora há técnicos eletricistas, ceramistas e encanadores, entre outros, aqui um eletricista muitas vezes aprende o ofício na obra e mal sabe ler uma planta.  

SIENGE – Você acha que o Brasil está absorvendo novas tecnologias para a Construção em um ritmo adequado?

A inserção de novas tecnologias no mercado nacional de Construção ainda é muito tímida. Além disso, há uma diferença desproporcional entre as técnicas utilizadas nas grandes capitais e no interior.

Enquanto nas metrópoles já podemos identificar empresas utilizando tecnologias de ponta, nas cidades menores é frequente encontrarmos obras sendo executadas “no olho”, sem nenhuma tecnologia e segurança. Esse mesmo tipo de disparidade existe entre as regiões do Brasil.

Além disso, a adoção de novas tecnologias nos empreendimentos também requer a conscientização do consumidor. Em outros países, os compradores já estão mais conscientes da importância de adquirir imóveis com soluções que proporcionam ecoeficiência. Eles sabem que, entre outros benefícios, obterão economia em longo prazo.

No Brasil, a população ainda precisa desenvolver essa percepção. Por enquanto, a maioria ainda opta pelo imóvel mais barato e não valoriza o ganho inserido com a utilização de técnicas, materiais e equipamentos mais modernos. Temos de evoluir nesse aspecto.  

SIENGE – Como diretor de Relações Trabalhistas do SINDUSCON/SC, qual é sua avaliação sobre a reforma trabalhista e a lei da terceirização?

A indústria da Construção é diferente de uma indústria convencional, na qual há uma fábrica assentada em espaço fixo. Nossa forma de produzir o insumo final, ou seja, o imóvel, é itinerante. Além disso, não há formatação para mão de obra perene. A cada etapa da obra, são necessárias especialidades diferentes.

Como representantes do setor formal da Construção, sempre defendemos uma adequação da legislação trabalhista à realidade da indústria, buscando mais flexibilidade tanto para a contratação de mão de obra quanto para a realização de negociações entre empregados e empregadores. Agora, teremos mais segurança jurídica e capacidade de geração de emprego.

SIENGE – Qual é a importância de Santa Catarina no mercado da Construção?

Santa Catarina possui uma indústria da Construção pujante. Temos diversos polos concentradores de empreendimentos, como Balneário Camboriú, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itapema, Joinville e Tubarão. Além disso, o Estado conta com 14 Sinduscons fortes e atuantes.

SIENGE –  A ASICc está realizando, em parceria com a CBIC, a 90ª edição do Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), dias 16, 17 e 18 de maio, em Florianópolis. Qual será a programação do evento?

O ENIC, que neste ano traz como tema central “Inovar e crescer, construindo um País melhor”, terá sua solenidade de abertura na quarta-feira [16/05] à noite.

A programação técnica é composta por duas plenárias e pelas reuniões de seis comissões e três fóruns. Nas manhãs de quinta [17/05] e sexta-feira [18/05], ocorrerão as plenárias “Inovação e tecnologia: o futuro da indústria da construção” e “O Brasil que queremos no futuro – a agenda estratégica para um crescimento sustentado”.

No turno da tarde, haverá reunião das comissões e fóruns a cada duas horas. Teremos o trabalho das comissões da Indústria Imobiliária; do Meio Ambiente; de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade; de Infraestrutura; e de Política de Relações Trabalhistas. Também haverá reunião do Fórum Nacional de Empresas Prestadoras de Serviços, do Fórum de Ação Social e Cidadania e do Banco de Dados.

A programação social contará com a Noite da Oktoberfest, na quinta-feira à noite, e com o show das bandas Fundo de Quintal e Stagium 10 (do Maestro Zezinho), na sexta-feira à noite.

Além disso, por meio do aplicativo ENIC 2018, é possível agendar passeios turísticos por Florianópolis e outras cidades do Estado.

perfil da construção

SIENGE – O ENIC 2018 terá alguma novidade?

Pela primeira vez, teremos uma feira de produtos do segmento, a Expo ENIC 2018. Ela será aberta ao público, e para participar, basta se inscrever pelo site, na categoria “Visitante”. Trata-se de uma oportunidade para que fornecedores de todo o Brasil apresentem seus produtos e serviços ao setor.

SIENGE – Você tem algum recado aos leitores sobre o ENIC 2018?

Estamos trabalhando com afinco para realizar um grande evento.

Além da aquisição de conhecimento, o ENIC proporcionará um networking fantástico. Serão empresários e profissionais de todos os segmentos da cadeia produtiva da Construção Civil, provenientes de todo o Brasil, trocando experiências e saberes.

Os participantes também poderão aliar trabalho, turismo e lazer. Para isso, contamos com a programação social e com opções de passeios turísticos.

Então, venham! É uma grande oportunidade de conhecer as novidades no mercado da Construção, fazer novas amizades, desenvolver negócios e crescer profissionalmente.