Conceito de segurança patrimonial: confira as formas de se proteger

Helena Dutra

Escrito por Helena Dutra

4 de julho 2018| 14 min. de leitura

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Conceito de segurança patrimonial: confira as formas de se proteger

Você já deve saber que o conceito de segurança patrimonial vem ficando cada vez mais popular, não é mesmo?

Com os altos índices de violência, o dia a dia de grande parte dos cidadãos, infelizmente, mudou. A postura despreocupada cedeu lugar ao comportamento preventivo.

Podemos observar o mesmo na paisagem urbana. Há algumas décadas, eram comuns as edificações que possuíam muros baixos, onde jovens e crianças se sentavam para conversar.

Hoje, provavelmente, essas casas e prédios já contam com uma grade alta instalada em cima do muro. E talvez mais: câmeras de vigilância, alarmes, sensores e até botão do pânico. 

Medidas de segurança ainda mais ostensivas vêm sendo adotas pelo setor de comércio e serviços. Isso porque se tornou realmente arriscado manter um negócio sem integrar o conceito de segurança patrimonial ao orçamento e às rotinas diárias.

Como consequência,  as empresas de segurança privada não param de crescer no Brasil, mesmo com a crise.

Dada a importância da questão, neste post falaremos um pouco mais sobre o conceito de segurança patrimonial. Acompanhe! 

Conceito de segurança patrimonial

O conceito de segurança patrimonial refere-se a em um conjunto de medidas de prevenção para evitar perdas patrimoniais em empresas, instituições, condomínios e residências.

No Brasil, as atividades de segurança patrimonial estão regulamentadas pela Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983.

Empresas de segurança privada

Com a crescente criminalidade, a demanda por serviços de segurança patrimonial foi tanta que o setor passou longe da crise. Em 2015, seu faturamento chegou a R$ 50 bilhões no Brasil, conforme divulgado pela Federação Nacional de Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist).

Além disso, o Estatuto da Segurança Privada, que irá impulsionar e modernizar o segmento, está em fase de aprovação final no Senado.

A proposta regulamenta o funcionamento das empresas de segurança de eventos, segurança pessoal privada, escolta armada e monitoramento, entre outros. Também cria regras para segurança em bancos.

Além disso, estabelece que a prestação do serviço dependerá de autorização prévia da Polícia Federal. A medida prevê ainda que o Ministério da Justiça poderá instituir um conselho nacional de segurança privada, de caráter consultivo. O papel desse órgão será auxiliar o Ministério da Justiça no desenvolvimento de políticas para a área da segurança privada.

conceito de segurança patrimonial

Serviços de vigilância

Para a contratação de serviços de vigilância, existe a opção de contratar serviços próprios ou terceirizados. Atualmente, quando se trata de vigilância armada, o primeiro caso só é recomendável para as grandes organizações. O motivo disso são as muitas exigências legais e os custos elevados.

Por isso, a maioria das empresas terceiriza os serviços de vigilância armada e contrata diretamente os serviços de vigilância desarmada e portaria.

Mas não esqueça:

Para a contratação de serviços terceirizados de vigilância, exija o certificado de funcionamento emitido pela Polícia Federal.

Conceito de segurança patrimonial e tecnologia

O conceito de segurança patrimonial está diretamente relacionada ao desenvolvimento tecnológico. Hoje, os sistemas eletrônicos de segurança são indispensáveis a muitas empresas, condomínios e residências.

Para que esse investimento realmente valha a pena, é necessário fazer a análise de risco do imóvel, isto é, o levantamento de todos os seus pontos vulneráveis.

Com base nisso, a empresa de segurança irá propor um projeto para o local. Contudo, antes de contratá-la, certifique-se de suas qualificações e de que tenha um setor de pós-venda para  manutenção. Isso é essencial, pois a maioria dos sistemas de segurança que não conseguiram conter a ação de criminosos apresentava falhas de manutenção.

Além disso, ao contrário de que muitos pensam, a instalação do sistema de segurança eletrônico deve ser discreta. Sistemas muito sofisticados e ostensivos transmitem a mensagem de que há bens de alto valor no local. Dessa forma, o tiro pode sair pela culatra, e os equipamentos de segurança acabam virando chamariz para criminosos.

Veja agora os principais equipamentos de segurança eletrônica:

conceito de segurança patrimonial

Câmeras de vigilância

As câmeras de vigilância costumam ser instaladas principalmente na entrada da casa, na garagem e nos fundos. O ideal é que elas possuam sensores infravermelhos que possibilitem a captura de imagens mesmo no escuro.

Além disso, é muito importante que estejam vinculadas a um sistema de gravação, de preferência que possua backup remoto. Assim, você poderá monitorar as imagens a distância, por meio do computador ou celular. Além disso, as gravações não serão perdidas no caso de furto, roubo ou avaria dos equipamentos.

Sistema de alarme com sensores

Os sensores emitem sinais quando detectam movimentações suspeitas, acionando a central de alarme do sistema.

Conheça alguns tipos de sensores:

Sensores de movimento: Esses equipamentos, espalhados estrategicamente na área interna da residência, detectam a presença ou invasão de pessoas.

Sensores por infravermelho passivo (IVP): detectam movimentação por meio do calor gerado pelos seres humanos. Podem ser com ou sem fio.

Sensores por microondas: detectam o movimento quando há mudança na frequência do sinal de 10 GHz transmitido do emissor ao receptor, ativando a central de alarme.

Sensores por ultrassom: detectam movimento por meio de sinais acústicos de ultrassom com freqüência entre 22 kHz e 45 kHz.

Sensores magnéticos: detectam abertura ou arrombamento de portas e janelas por meio de um imã e um contato elétrico.

Sensores por vibração: capta a vibração causada após o impacto sofrido em janelas, por exemplo.

Sensores por ruídos: detecta, por meio de um microfone, a frequência do som do impacto ou da quebra de vidros de portas, janelas e vitrines.

Sensores por choques: capta o impacto sofrido em paredes ou estruturas metálicas.

Botão do pânico

O botão do pânico dispara um alarme silencioso que aciona a empresa de monitoramento. Ele pode ser fixo, instalado em um ponto estratégico da empresa ou residência, ou móvel, podendo ser transportado a vários lugares.

Cercas elétricas

As cercas elétricas transmitem uma descarga elétrica quando um intruso tenta pular o muro ou a grade de um imóvel. Elas estão ligadas a uma central eletrônica que emite pulsos de alta tensão (cerca de 8 mil volts), mas sem corrente elétrica (ou em uma intensidade baixa).

Por se tratar de um pulso de alta tensão e baixa corrente, o choque não representa risco de vida para pessoas e animais. Apenas atordoa o intruso.

Também existem as cercas monitoradas, integradas a uma central de alarme que pode ou não estar ligada a uma empresa de segurança.

Porteiro eletrônico com vídeo

A identificação por meio da voz não basta para evitar a entrada de intrusos. Com o porteiro eletrônico com vídeo, é possível identificar por meio de uma câmara de segurança instalada na entrada quem são as pessoas que querem ingressar no imóvel.

Controle de acesso biométrico

Com o controle biométrico, o acesso só é liberado mediante leitura da retina, da digital ou da estrutura facial.

FIQUE ATENTO!

Para garantir a segurança patrimonial e pessoal, não podemos confiar unicamente nos sistemas de segurança, por mais avançados que sejam.

É fundamental que os usuários ou moradores do imóvel estejam bem orientados sobre os corretos procedimentos de segurança.

Agora falaremos mais sobre isso.

Arquitetura contra o crime

No Brasil, a segurança patrimonial vem ganhando uma aliada: a Arquitetura contra o Crime. Esse conceito, muito difundido na Inglaterra, por exemplo, foi introduzido no Brasil em 2006, pelo coronel da Polícia Militar do Paraná Roberson Luiz Bondaruk. Para averiguar se a prática poderia ser aplicada à realidade brasileira, ele realizou o estudo ”A influência do espaço urbano nos índices de criminalidade”.

Para tanto, pesquisou os imóveis residenciais e comerciais com maior índice de furtos e roubos. Também avaliou as áreas públicas com altas taxas de criminalidade e entrevistou 287 presos que cumpriam pena por crimes contra o patrimônio.

Com base nesse estudo,  Cel. Bondaruk baseou a Arquitetura contra o Crime em três estratégias:

  1. Vigilância natural – “A visibilidade é a melhor política de segurança”. Isso foi o que afirmou o autor em matéria para o CREA-SC. Segundo ele, 71% dos criminosos entrevistados preferem assaltar casas cercadas por muros altos, pois assim podem invadir os imóveis sem ser vistos. Portanto, quanto maior a visibilidade do local, maior a segurança. Locais com visibilidade obstruída por muros, falta de iluminação e excesso de vegetação, entre outros, facilitam a ação do criminoso.
  2. Reforço territorial – Locais com aspecto de abandono atraem criminosos. Por isso, é importante cobrar dos órgãos responsáveis iluminação, recolhimento de lixo, manutenção das áreas de lazer do entorno, pavimentação, etc.
  3. Controle de acesso – controlar a entrada e saída de pessoas por meio de guardas, porteiros, vigilantes ou ferramentas de segurança, como trancas, inibe a entrada de intrusos.

Ameaças à segurança

Confira alguns fatores que representam ameaça a sua segurança de acordo com a Arquitetura contra o Crime:

  • Muros altos: como já vimos, eles impedem que se veja da rua o que está ocorrendo dentro do imóvel. Isso facilita a ação de delinquentes.
  • Locais escuros: no escuro, é mais fácil para que o criminoso se esconda e não seja identificado.
  • Acesso facilitado: equipamentos junto ao muro, como lixeiras e caixas de luz, podem facilitar a entrada no imóvel.
  • Telhado da garagem: pode servir de acesso para o pavimento superior.  
  • Janelas e sacadas sem grade, na lateral do imóvel: podem ser acessadas pelo muro ou pelo telhado do vizinho.

Livro

Caso você tenha interesse em conhecer mais sobre o tema, a editora Intersaberes lançou em 2016 o livro “Arquitetura contra o Crime – Prevenção, Segurança e Sustentabilidade“, de Marcelo Trevisan Karpinski. Ele é tenente da Polícia Militar, bacharel em Direito, especialista em Administração e mestre em Educação.

                Divulgação

Vizinhança solidária

Outro aliado da segurança patrimonial é o Programa Vizinhança Solidária, que vem sendo adotado em várias cidades do Brasil.

Ele busca incentivar a vizinhança a adotar medidas para prevenir delitos e auxiliar o policiamento, valorizando a vigilância natural e a troca de informações. Além disso, cria o sentimento solidariedade entre os participantes.

O papel da polícia consiste em promover reuniões de mobilização e palestras sobre prevenção para os moradores. Também fica a seu cargo afixar placas informativas sobre o programa em locais estratégicos e monitorar os índices de criminalidade da região.  

Para participar, os interessados devem buscar informações na delegacia de Polícia Militar mais próxima.

Conclusão

No decorrer deste post, vimos os principais recursos de segurança existentes no mercado. Também ficamos conhecendo algumas iniciativas para auxiliar organizações, condomínios e residências a implementar o conceito de segurança patrimonial.

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