Retomada dos investimentos em construção: necessária e urgente

Alonso Mazini Soler

Escrito por Alonso Mazini Soler

5 de agosto 2017| 3 min. de leitura

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É preciso promover a retomada dos investimentos em construção. Afinal, projetos de infraestrutura paralisados provocam o desaquecimento da economia, a manutenção de altos índices de desemprego e a perda de oportunidades ao país.
Ninguém nega que urge o destravamento dos investimentos em projetos de construção, principalmente pelos bancos públicos de fomento. Entretanto, a busca por uma solução adequada ao entrave deve passar, necessariamente, pela pauta da ética, da eficiência e da transparência.
Projetos em curso, congelados pelo impedimento das grandes construtoras nacionais, deveriam ser retomados após os devidos ajustes legais de leniência. Deveriam, ainda, ser seguidos de minucioso exame do sistema de governança e compliance adotado pelas empresas.

Necessidade de um novo panorama

Sistemas de gestão rigorosos e transparentes deveriam regular a relação entre contratante público e construtora responsável pela obra. Isso os distanciaria tanto quanto possível através da adoção do preposto intermediário (gerenciadora de obras). Além disso, esclareceria responsabilidades e riscos das partes. Com isso, permitiria a atuação interveniente contínua dos órgãos oficiais de fiscalização, bem como das seguradoras.
Avaliações da situação de desempenho dos projetos paralisados, realizadas por entidades externas e isentas, deveriam esclarecer de modo transparente os problemas havidos. Além disso, apontar suas responsabilidades sem deixar de apontar alternativas de soluções para a retomada. Isso estendendo essa análise às considerações acerca dos membros chave da equipe de gestão da obra, qualidade dos projetos de engenharia e suas compatibilidades, interferências com empresas concessionárias, situação de licenciamentos e desapropriações, situação financeira e de disposição de recursos, estratégia de suprimentos e produção de equipamentos, contratos com terceiros etc.  Do mesmo modo, novos projetos propostos deveriam passar por avaliações de seu grau de definição antes de se concretizar a adjudicação da construtora e do contrato.
Enfim, o país espera pela retomada dos investimentos em construção. Contudo, não admite que esta seja simplista e que repita os erros de um modelo histórico corrompido, mas sim, que venha sustentada consistentemente por um modelo de gestão mais ético, eficiente e transparente.
Por: Alonso Mazini Soler, D.ENG – Professor do Insper
amsol@j2da.com.br