Bruno Thomaz: novos negócios, atendimento ao cliente e inovação

Helena Dutra

Escrito por Helena Dutra

19 de fevereiro 2018| 10 min. de leitura

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Bruno Thomaz: novos negócios, atendimento ao cliente e inovação

Bruno Vieira Thomaz é gerente administrativo-financeiro e de controladoria da EBM Desenvolvimento Imobiliário, uma das maiores empresas do setor de Construção Civil do Centro-Oeste. Sediada em Goiânia, Goiás, a empresa é líder no segmento de alto padrão e, há alguns anos, começou a investir também em empreendimentos econômicos.

Thomaz é graduado em Administração de Empresas, com especialização em Finanças, Gestão Empresarial e Controladoria. Nesta entrevista, ele conversa com o blog do Sienge sobre a expansão da EBM, que envolve diversificação de portfólio, mudanças na cultura organizacional e adoção de novas tecnologias. Também compartilha conosco um pouco de sua visão do mercado da construção.

Acompanhe!

Perfil da Construção – Bruno Vieira Thomaz

perfil da construçãoQuando você começou a trabalhar no setor da construção?

Em 2009, na mesma época em que entrei na EBM.

Você está desenvolvendo algum projeto prioritário atualmente?

Hoje estou mais focado nas áreas de Tecnologia da Informação e Controladoria, implementando projetos de melhoria e inovação para maior produtividade das áreas de backoffice.

Na sua opinião, o que deveria ser feito para melhorar o ambiente de negócios no Brasil?

Estabelecer um equilíbrio macroeconômico e implementar reformas que criem ambientes mais competitivos. Para isso, precisamos de estabilidade política.

A EBM adotou alguma estratégia para enfrentar a crise?

Sim, a diversificação de portfólio de produtos, tanto em termos de segmento quanto geograficamente. Essa é nossa filosofia para minimizar riscos de mercado.

Como ocorreu essa diversificação de portfólio? Quais formam os investimentos realizados?

Em 2013, criamos a EA3 Urbanismo, loteadora formada por meio de uma joint venture entre a EBM Desenvolvimento Imobiliário e a empresa Água Santa. Lançaremos 12 projetos, entre condomínios fechados e loteamentos, em várias cidades brasileiras. Serão 15.933 lotes com VGV [Valor Geral de Vendas] previsto de R$ 2,140 bilhões.

Também constituímos um braço patrimonialista, a EBM Propriedades. Ele é focado em imóveis para locação. Um dos seus investimentos é o Complexo Metropolitan, que tem mall com 4.500 m² de ABL [Área Bruta Locável]. O empreendimento já conta com 25 lojas prontas e grandes operações em andamento.

A EBM Propriedades também tem participação no Shopping Mega Polo, em Goiânia, complexo atacadista lançado em 2017, com inauguração prevista para o segundo semestre deste ano.

Perspectiva do futuro Shopping Mega Polo – Fonte: Mega Polo Modas/Divulgação

No segmento econômico, tivemos o primeiro lançamento Minha Casa Minha Vida em 2017, com a linha de crédito imobiliário Apoio à Produção, da Caixa Econômica Federal. Agora, a EBM tem mais de R$ 200 milhões em VGV para lançamento nos próximos 12 meses, com empreendimentos previstos em Goiás e São Paulo.

A incorporadora também voltou a atenção para o interior de São Paulo, após oito anos sem investir na região. Em 2017, lançamos um empreendimento em São Carlos. Neste ano, lançaremos projetos em Araraquara e Campinas. Além disso, temos negócios em andamento nas cidades de Piracicaba e São José do Rio Preto.

A EBM é uma empresa tradicional no segmento de alto padrão. Quais os próximos empreendimentos direcionados a esse público?

Em Goiânia, tivemos o lançamento, em 2017, do Miami One LifeStyle, no Setor Marista. O VGV [Valor Geral de Vendas] do empreendimento foi de R$ 75 milhões.

perfil da construção
Torre residencial Miami One LifeStyle – Fonte: EBM/Divulgação

Também estamos desenvolvendo um empreendimento na localização mais nobre da cidade, em frente à Praça do Sol, com VGV de R$ 76 milhões. Além disso, adquirimos mais três terrenos para implantação de outros projetos.

Em Anápolis [Goiás] lançamos o Residencial Garden, que já está na primeira fase. O VGV do empreendimento é R$ 100 milhões.

perfil da construção
Apartamento do Residencial Garden, em Anápolis – Fonte:  EBM/Divulgação

Qual é o perfil da EBM no mercado?

Somos uma empresa que, por um lado, é cautelosa e conservadora – tanto que estamos há 36 anos no mercado. Por outro, estamos promovendo constantes mudanças e implementando novas tecnologias e processos com a finalidade de sermos mais produtivos e competitivos. Por isso, estão sendo realizadas algumas mudanças culturais internas.

Você poderia falar um pouco mais sobre essas mudanças na cultura da empresa?

Precisamos estar mais voltados ao consumidor do que a processos e burocracias internas.

No decorrer dos anos, a empresa foi criando padrões e processos, organizando-os e desenhando fluxos. Quando vimos, tínhamos formado uma “prefeitura”, burocrática e rígida.

Hoje o perfil do consumidor mudou. Ele quer respostas rápidas e não está disposto a esperar até que suas solicitações passem por um fluxo hierárquico. Para mudar essa cultura engessada e padronizada, as equipes de frente e backoffice precisam de autonomia e flexibilidade para resolver as demandas que surgem. É isso que queremos proporcionar.

Como é trabalhar à frente tanto da área Administrativo-Financeira quando da Controladoria?

São áreas complementares e atuar em ambas ajuda a ter uma visão macro da empresa. Mas, para alinhar os dois setores, é preciso acompanhar o dinamismo dos novos tempos.

Muitas vezes, o pessoal da Controladoria cobra a execução de planos de ação que, posteriormente, precisam ser modificados. Isso acontece, por exemplo, quando surge a necessidade de adiar o lançamento de um empreendimento. Ao contrário de ficar somente reclamando do retrabalho, é preciso desenvolver a flexibilidade que estamos tentando incorporar à cultura da empresa.

Como a EBM faz para ter um controle de custos eficiente?

Por meio do alinhamento de informações e do controle orçamentário por projeto. Para isso, criamos comitês trimestrais para análise dos desvios orçamentários e projeção orçamentária futura. Esses comitês estão nos ajudando a ter uma orçamentação mais precisa.

Cite uma ferramenta gerencial que não pode faltar em uma construtora. Por quê?

Um ERP [Enterprise Resource Planning, ou Sistema de Gestão Empresarial] para automatizar processos backoffice e um CRM [Customer Relationship Management, ou Gestão de Relacionamento com o Cliente] para melhorar o relacionamento com o cliente.

Como você vê a absorção de novas tecnologias pelo setor da Construção Civil?

O setor da construção civil era bastante conservador em relação à adoção de novas tecnologias, principalmente nas áreas de backoffice e atendimentos ao cliente. Sei disso porque já fiz muito benchmarking, analisando as práticas inovadoras de grandes construtoras.

Mas a partir de 2015, isso começou a mudar. As empresas passaram a se preocupar em implantar aplicativos para os clientes e a implantar BI [Business Intelligence, ou Inteligência de Negócios, em português].

A EBM busca investir em inovação?

Há quase dois anos, a EBM adotou o BI [Business Intelligence] , sistema capaz de coletar, reunir e compartilhar dados gerais de todos softwares da empresa de forma padronizada e em tempo real. Desde então, obtivemos muitos ganhos com automação de processos e maior velocidade no recebimento de informações.

Recentemente, lançamos um portal e um aplicativo que permitirá aos colaboradores acessarem todo o conteúdo disponibilizado via BI de qualquer lugar que estiverem, inclusive pelo celular, bastando estarem conectados à internet.

Isso dará mais ferramentas para que os consumidores façam suas solicitações de forma direta e para que quem os atenda tenha mais autonomia na resolução das demandas.

Agora a EBM implantou o Business Analytics [Análise de Negócios], acessível no portal de gestão. Por enquanto, a ferramenta faz simulações do cenário atual e análises futuras apenas com dados internos, sem comparação com o mercado geral, algo que ainda buscamos.

Neste ano, a empresa também pretende implantar o Robotic Process Automation [Automação de Processos Robóticos], ou RPA, para executar atividades operacionais, como conciliação bancária e pagamento de despesas. Tudo deverá ser por caminhos tecnológicos, sem a demanda de intermediários.

Dessa forma, queremos obter maior produtividade e agilidade, assim como soluções inteligentes para os clientes.

Em sua opinião, por que as empresas de construção deveriam investir em um softwares de gestão?

Porque proporciona maior controle de prazos e de custos, agilidade na obtenção de informações e embasamento para a tomada de decisões assertivas e ágeis. Isso torna qualquer empresa mais produtiva, competitiva e, consequentemente, lucrativa.

Em breve, o Perfil da Construção trará nova entrevista com um profissional de destaque do setor. Não perca!