Manufatura compartilhada: tendência que começa a chegar na indústria brasileira

Tomás Lima

Escrito por Tomás Lima

1 de agosto 2018| 8 min. de leitura

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Manufatura compartilhada: tendência que começa a chegar na indústria brasileira

A economia colaborativa vem ganhando cada vez mais espaço. Ainda que as empresas mais conhecidas do tipo sejam as gigantes Airbnb e Uber, pequenos negócios baseados no mesmo conceito estão crescendo.

Um bom exemplo disso são os empreendimentos ligados à sustentabilidade, como estabelecimentos de alimentos orgânicos, que unem os produtores primários ao consumidor final. Outro exemplo são empresas que visam à redução do desperdício de alimento, unindo restaurantes com sobra de ingredientes a pessoas que não têm o que comer.

Essa tendência do compartilhamento está ligada a outra: empreendimentos que tenham um grande propósito por trás, apoiados na sustentabilidade do planeta. 

Você já parou para pensar em quantas possibilidades existem seguindo esse raciocínio? Foi assim que surgiu o conceito de manufatura compartilhada.

Manufatura compartilhada nada mais é que a disponibilização de máquinas industriais que estão sendo subutilizadas, para empresas que não tem capital suficiente para adquiri-las.

Mas você deve estar se perguntando, como isso funciona na prática?

Quer saber mais? Então siga com a gente!

Manufatura compartilhada: tendência da economia colaborativa

Como sabemos, por causa da crise financeira do País, a indústria nacional tem atravessado um de seus períodos mais negros. Em 2017, estima-se que tenha sido utilizada apenas 76% da capacidade industrial, afetando principalmente as empresas de pequeno e médio porte. Desde 2003, os índices não tinham sido tão baixos.

No entanto, o que é péssima notícia para uns, pode soar como oportunidade para outros. Nesse contexto, surgiram as empresas de manufatura compartilhada. Ou seja, a empresa une fábricas com máquinas paradas a empresas que querem terceirizar ou reduzir o custo de compras, seja de máquinas ou de algum insumo para a produção.

A proposta é fazer com que empresas pequenas que não possuem muito capital para investir utilizem maquinário ocioso para viabilizar o seu negócio. Em contrapartida, as companhias que estão com os equipamentos parados terão uma fonte de renda assídua durante certo período de tempo.

manufatura compartilhada

Startup trouxe conceito para o Brasil

A startup de tecnologia Peerindustry, sediada em São Paulo, está liderando o movimento da manufatura compartilhada no País. Ela oferece uma plataforma na qual se cadastram as empresas com máquinas ociosas e as empresas interessadas no aluguel. Após o cadastro, é feita uma visita para homologação e os equipamentos ficam disponíveis no site e no aplicativo da empresa.

O cliente que necessita de uma máquina específica pode procurá-la por meio de uma barra de buscas, filtrando a pesquisa por cidade e período de uso. Quando a Peerindustry encontra o fornecedor adequado, dá “match” entre os interessados.

Feitos os acertos de contrato, não é necessário que as indústrias entrem em contato entre si. O pagamento é realizado para a Peerindustry. Descontado seu percentual por intermediar a negociação, ela repassa o montante ao produtor, que produz as peças segundo especificação da contratante.

Qualidade do serviço


Para garantir a qualidade das peças, a startup também faz todo o acompanhamento e logística do processo de fabricação. P
or meio de seu software, coordena o trabalho de cotação, a compra da matéria-prima, a produção e a entrega do item.

É como se a fábrica estivesse na nuvem: o contratante faz o pedido por meio da plataforma e recebe no prazo, dentro dos padrões de qualidade exigidos. O objetivo é que nenhum cliente saia insatisfeito e todos ganhem com o processo.  

Hoje em dia, a Peerindustry já conta com 560 empresas cadastradas, com mais de 2100 máquinas, para atender a 14 segmentos da economia.

Uma empresa de cunho similar é a Make Time, fundada nos EUA em 2014.

Vantagens na construção civil

manufatura compartilhada

Essa tendência de compartilhamento de espaços e bens de consumo tem atingido vários setores da economia, e com a construção civil não seria diferente. A oferta de serviços “on demand” está mudando bastante o cenário da construção civil mundialmente.

Ainda que no Brasil essa mudança seja muito incipiente, ela tem se apresentado bastante vantajosa para construtoras. Principalmente as de porte médio, que possuem mão de obra própria. Isto é, não complementam a mão de obra disponível no canteiro com empreiteiras de serviços especializados.  

Para essas empresas, o aluguel de máquinas como retroescavadeiras, por exemplo, representa uma grande redução no orçamento de obra, pois o custo de manter a máquina parada é muito alto. Logo, esse é um grande ponto a favor do compartilhamento.

Outros serviços oferecidos como usinagem e soldagem, seguem o mesmo raciocínio. Ao invés de você manter um serralheiro na obra, pode se utilizar desses serviços quando necessário.

Em suma, dependendo do porte da empresa, do número de funcionários contratados e do porte da obra, o compartilhamento pode ser vantajosos. Além disso, também pode ser um grande incentivo para quem tem a intenção de montar uma construtora do zero.

Mercado em expansão

Embora a maior parte das empresas que oferecem serviços de compartilhamento esteja mais voltada ao setor automobilístico, existem várias startups revolucionando o setor da construção civil ao redor do mundo.

Existem empresas voltadas para vários tipos de serviços compartilhados. Algumas disponibilizam equipamentos como retroescadeveiras, caminhões e tratores para aluguel. E tudo feito por aplicativo. Super fácil!

Outras aproximam empreiteiros de pessoas/empresas que procuram a execução de um serviço específico. Funciona como um banco de dados de profissionais, com descrição apurada das especialidades. No momento da busca, os três profissionais que mais se adequarem ao perfil solicitado são indicados à vaga.

Existem ainda empresas focadas apenas em impressão 3D para construção civil. Você envia o seu projeto modelado em uma plataforma BIM e a empresa orça a execução da obra, adequando-se ao seu cronograma e prazo de entrega.

Concluindo…

Como podemos perceber, a economia colaborativa, aliada ao uso de aplicativos, está fomentando novos negócios na indústria da construção civil. E ainda há muito espaço para inovação nesse cenário de transformações!

Você identifica alguma necessidade no mercado da construção que possa ser suprida por meio do compartilhamento? Conte para a gente!