Gestão de pessoas na construção civil: equipe própria ou terceirizada?

Gustavo Prata

Escrito por Gustavo Prata

24 de outubro 2022| 15 min. de leitura

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Gestão de pessoas na construção civil: equipe própria ou terceirizada?

É muito fácil se preocupar com ferramentas, custos, projetos, terrenos e aprovações e se esquecer da gestão de pessoas na construção civil. Apesar de ser uma indústria complexa, que exige muitos processos e sofre com a burocracia, não dá para ignorar que tudo é feito por pessoas.

Quem se esquece disso acaba sem entender por que os resultados diminuem, o crescimento não vem e bons negócios escapam pelos dedos. Por outro lado, quem se dedica a gerenciar bem os talentos que tem à disposição colhe todos os frutos.

Daí surge a dúvida: é melhor montar uma equipe própria ou terceirizar o serviço para empreiteiros?

Neste artigo eu vou ajudar você a descobrir a resposta, além de mostrar por que é importante trabalhar a gestão de pessoas e como fazer isso.

Por que é importante trabalhar a gestão de pessoas na construção civil

A gestão de pessoas ganhou muita importância nos últimos anos, não só na construção civil, mas em todo tipo de negócio. O movimento Wellness, que preza pela saúde e qualidade de vida dos colaboradores, tem ganhado força e parece ter vindo para ficar.

gestão de pessoas na construção civil chega até o canteiro de obras

E isso é bom não só do ponto de vista pessoal, mas também profissional. Afinal, pessoas felizes e satisfeitas trabalham melhor. Aliás, existem vários benefícios em cuidar da gestão de pessoas na construção civil. Veja agora pelo menos 4 deles:

1. Retenção de talentos

Encontrar bons profissionais é um desafio em quase todos os setores hoje em dia, e quem o faz sofre com o assédio de outras empresas buscando gente qualificada para si. Por isso, quem não faz um bom trabalho de gestão de pessoas corre o sério risco de perder os maiores talentos para algum concorrente que se preocupe com isso.

Por outro lado, a boa gestão de pessoas na construção civil coloca você do outro lado da situação, em condições de manter seus maiores talentos. Além disso, fica até mais fácil atrair os melhores profissionais de outras empresas.

2. Produtividade

Outro ponto positivo de cuidar bem das pessoas que trabalham com você é que elas se tornarão mais produtivas por conta disso. Afinal, uma equipe bem gerenciada tem:

  • profissionais satisfeitos;
  • boa distribuição das tarefas entre as pessoas certas;
  • boa organização do tempo e dos recursos de cada um;
  • trabalho colaborativo e boa comunicação;
  • suporte tecnológico para boa tomada de decisão e execução de tarefas;
  • boas condições de trabalho para todos.
A gestão de pessoas aumenta a produtividade da equipe

Tudo isso aumenta o nível geral de produtividade e é resultado direto da boa gestão de pessoas.

3. Segurança

Quando pensamos em construção civil é impossível esquecer do alto nível de risco à segurança que uma obra apresenta. Mas quando todos os trabalhadores no canteiro e fora dele recebem o cuidado necessário, esse risco é muito reduzido.

E o mais interessante:

Quanto mais seguro o ambiente de trabalho, mais os dois benefícios anteriores se reforçam. Ou seja, a produtividade aumenta porque não há paradas, inspeções de acidentes nem investigações, e a retenção de talentos sobe, pois ninguém gosta de trabalhar com medo.

4. Redução de custos

Agora pense no efeito financeiro dos 3 benefícios acima e imagine quanto dinheiro você vai economizar com uma boa gestão de pessoas na construção civil.

Procurar, contratar e treinar pessoal custa caro, e quanto menos você precisar fazer isso, mais economia terá. O mesmo se aplica para a produtividade e a segurança. Quanto mais produtivos e seguros os empreendimentos, menor o custo indireto das obras.

E se os custos caem, mas o preço de venda não, isso quer dizer que a boa gestão traz aumento dos lucros.

Como fazer a gestão de pessoas na construção civil com sucesso

Talvez você já tenha ouvido dizer que lidar com pessoas é a tarefa mais difícil que existe, e isso é verdade. Por outro lado, como ficou evidente acima, nada produz tantos bons resultados quanto lidar bem com as pessoas ao seu redor.

Mas a pergunta é: como fazer uma boa gestão de pessoas na sua construtora ou incorporadora?

E a resposta está em olhar para as pessoas além dos cargos que ocupam. Como assim? Ao gerenciar uma equipe de funcionários, é importante dar atenção às necessidades de cada colaborador, de forma individual.

Ao gerenciar uma equipe de funcionários, é importante dar atenção às necessidades de cada colaborador

Além disso, criar um ambiente de colaboração, inclusive entre diferentes setores, e oferecer bons benefícios, que sejam justos e atrativos de acordo com o desempenho, faz diferença. Quando um profissional sabe que tem pelo que se empenhar e que será reconhecido pelo seu bom trabalho, tudo muda para ele.

Mas um dos elementos que afeta a gestão de pessoas é a escolha entre montar uma equipe interna ou trabalhar com parceiros terceirizados. Qual é melhor? Vamos falar sobre isso agora.

Prós e contras de montar uma equipe própria

Vamos começar com os prós, que são:

  • oportunidade de treinar e capacitar profissionais novos;
  • curva de aprendizado menor para novos membros da equipe;
  • estabilidade de contar com o mesmo time em todas as obras.

Já os contras incluem:

  • processo de contratação mais complexo e cuidadoso;
  • tempo de montagem da equipe costuma ser maior;
  • pode ser mais difícil manter a equipe versátil, a não ser por treinamentos contínuos.

Outro fator que pode ser tanto um pró quanto um contra é que a relação com uma equipe fixa é mais próxima. Por um lado, isso torna mais fácil saber como lidar com cada um. Por outro, se torna mais complexa, o que pode ser um desafio dependendo de como cada profissional se comporta.

Prós e contras de trabalhar com uma equipe terceirizada

Os benefícios de trabalhar com um time de empreiteiros são:

  • possibilidade de manter a equipe mais versátil, de acordo com cada projeto;
  • processo de contratação mais direto;
  • tempo de montagem da equipe pode ser mais curto.

Por sua vez, os desafios de trabalhar sempre com uma equipe terceirizada são estes:

Mas existe uma opção híbrida, que mistura os dois mundos:

Montar uma equipe fixa menor, e contar com empreiteiros terceirizados para cada projeto. Assim, você tem maior estabilidade enquanto mantém a equipe sempre versátil de acordo com a obra em questão.

No fim das contas, o que muda na relação entre uma equipe própria ou terceirizada, do ponto de vista da gestão de pessoas, é a proximidade e o tempo de relacionamento. Na primeira, a relação é fixa e, portanto, mais complexa. Já a segunda é temporária, de acordo com a necessidade do momento.

Conheça os impactos da terceirização na Construção Civil

Apesar de permanecer dez anos em tramitação na Câmara Federal, o projeto de lei que regulamenta a terceirização (PL 4.330/04) ainda divide muitas opiniões. De um lado, empresários fundamentam seu discurso na crença de que esse modelo possa gerar mais postos de trabalho diante do crescimento da informalidade no país. Ainda defendem que essa nova proposta poderá dar maior segurança contra calotes de empresas intermediárias, isto é, aquelas que são contratadas para prestação de serviço.

No outro lado da balança, estão as centrais sindicais, que temem a precarização das condições de trabalho. Trocando em miúdos: o receio de jornadas de trabalho mais extensas combinadas a remuneração e a direitos trabalhistas bem mais modestos do que é pago ao profissional contratado pela CLT (Consolidação das Leis de Trabalho). Hoje, só é aceita a contratação de empresas terceirizadas para realização de atividades de suporte, como informática, segurança e limpeza, por exemplo.

São as chamadas atividades-meio. Se aprovada a lei, todas as outras funções poderão também ser terceirizadas, mesmo aquelas que tenham a ver com a finalidade da empresa pela qual foi criada (chamadas de atividades-fim). A ausência de dispositivos que regulem o que são atividades-fim fez com que a PL 4.330/04 propusesse a ampliação do entendimento do que é permitido hoje pelo Código Civil Brasileiro: a terceirização de atividade-meio.  

O assunto é tão quente que obrigou o Supremo Tribunal Federal a também se envolver nas discussões, sob alegação de que se trata de tema de repercussão geral. Não é para menos. Só para se ter uma ideia, um pouco mais de um terço das 3,5 milhões de ações trabalhistas, ajuizadas por ano, está relacionado a atividades de terceirização, segundo o Tribunal Superior do Trabalho (TST). 

A terceirização vale a pena para a construção civil? 

Em qualquer época, a terceirização se apresenta como uma excelente alternativa para a construção civil. Especialmente nos dias de hoje, em que vivemos um período de forte retração econômica. Isso porque esse modelo favorece, entre outros fatores, ganhos na produção (otimizando tempo) e evitando os problemas ocasionados pela rotatividade (entre os quais uma eventual perda de qualidade).

Para você entender melhor como isso acontece, veja esse exemplo: ao contar com uma empresa especializada, a construtora não necessita admitir funcionários para as várias etapas da obra. Imagina se você tivesse que contratar um pedreiro que assenta tijolo e, depois, um outro que faz revestimento? Ao firmar acordo com a empresa terceirizada isso é evitado porque elas possuem estruturas montadas para atender a essas demandas específicas.

A construção civil necessita fortemente desse modelo de terceirização. Justamente porque carece de mão de obra altamente especializada, que terá função pontual e específica no empreendimento. E nem sempre há demanda suficiente para manter esse funcionário no quadro diante de outras funções. Por essas razões mencionadas, a terceirização se apresenta como uma saída fundamental para as empresas que atuam no ramo da construção civil. Só para se ter uma ideia do que isso representa: a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou balanço, no ano passado, em que mostra que quase 70% das empresas indústrias brasileiras (incluindo as de construção civil) utilizam serviços terceirizados.

Outro dado desse mesmo estudo impressiona: 84% das companhias que terceirizam pretendem manter (e até ampliar) esse tipo de serviço nos próximos anos. 

Quais cuidados tomar? 

Seguem, abaixo, alguns pontos necessários para redobrar atenção e não ter problemas ao firmar um acordo de terceirização na construção civil: 

Responsabilidades: mesmo com a responsabilidade da obra sendo do contratante, na modalidade da construção de empreitada há, sim, um compromisso assumido por quem executou o serviço terceirizado.

Esses pontos estão listados na Anotação de Responsabilidade Ténica (ART). Fique atento a isso

Ajustes no preço: ainda na empreitada, é prevista a execução de contrato por preço ajustado, independente de haver fornecimento de material ou uso de equipamentos. Atenção a esse item de preço ajustado, sobretudo, no atual cenário econômico.

É bom deixar claro ainda que o serviço pode ser realizado na empresa que contratou o serviço, na própria empresa terceirizada ou, ainda, em outros espaços definidos por quem requisitou a mão-de-obra.

– Clareza no objeto de contrato: um erro muito comum notado pelos orgãos fiscalizadores é a falta de clareza (ou erro mesmo) na indicação do objeto de contrato. Quando não se alinha essa descrição com a Nota Fiscal, por exemplo, muitas empresas acabam assumindo riscos tribuitários.

Ao haver necessidade de exigir judicialmente alguma obrigação da empresa terceirizada, esse campo também precisa estar claro sobre o que foi contratado e o que foi entregue. 

Bi-tributação: outro equívoco comum é que o modelo de contrato de empreitada prevê (ou não) fornecimento de material; se esse fluxo não estiver bem amarrado com outros setores, pode haver a dupla cobrança de tributos em cima de insumos utilizados (ou seja, tanto ser pago pela empresa contratante, quanto pela contratada).

Quer estar ainda mais preparado para enfrentar a crise econômica e crescer ainda mais nesse cenário desafiador? Fique de olho na série “Empresas do Futuro”, com recomendações valiosas para você preparar agora a grande empresa do amanhã.

Conclusão

Por fim, escolher entre montar uma equipe própria ou terceirizar o serviço é uma decisão que cabe a cada gestor tomar. Os pontos que destaquei aqui têm o que você precisa para fazer a sua escolha.

Mas não importa qual a sua decisão, não se esqueça que a boa gestão de pessoas na construção civil faz toda a diferença entre sucesso e fracasso.

E se você quer otimizar a sua gestão, tanto de pessoas quanto de processos, precisa contar com a ajuda da tecnologia. Veja como um software de qualidade voltado para a construção civil pode ajudar você!