Mudanças climáticas e construção civil: é preciso se preparar

Mudanças climáticas e construção civil: é preciso se preparar

As mudanças climáticas podem trazer a necessidade de lidar com obras em condições especiais, veja como se preparar: 

As mudanças climáticas registradas nos últimos anos têm tido seus efeitos repercutidos em escala global. Estudos norte-americanos, realizados pela Nasa e pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa), apontaram que 2014 foi o ano mais quente da história. O recorde no entanto durou pouco, e já em 2015 a marca foi superada.

É inegável que nas últimas décadas o mundo tem se transformado pela ação humana e essa instabilidade climática levanta dúvidas quanto ao que se pode esperar de 2016 e também dos anos que virão a seguir. Para o ano de 2016, cientistas da Nasa preveem o fenômeno El Niño em seu auge, e seus impactos mudam de acordo com a localização. Em determinados pontos, são esperados momentos de calor extremo, em outros estiagem brusca, ou vendavais com precipitações acima da média.

De norte a sul do país, seus efeitos também são sentidos pelo setor da construção civil. Chuvas em excesso, temperaturas acima da média, ventos fortes, umidade e raios. É preciso que sua construtora se prepare para obras em condições especiais, de modo a garantir a segurança do empreendimento e a qualidade da entrega. Para isso, alguns cuidados devem ser tomados antes, durante e depois da construção!

Impactos das mudanças climáticas no planejamento da obra: relação entre mudanças climáticas e construção civil

A prevenção de possíveis efeitos de ordem natural deve começar já na primeira etapa do projeto. É fundamental que, ao planejar a obra, tenha-se em mente quais impactos a natureza pode exercer sobre o empreendimento. Por isso, é muito importante evitar construir em zonas de risco, por exemplo, como margens de rios ou manguezais, por serem regiões desniveladas, sujeitas a inundações e encostas de morros, onde a obra corre riscos de deslizamentos de terra.

No entanto, nem sempre isso é uma alternativa, e muitas edificações são construídas em encostas de morros ou zonas vulneráveis a alagamentos. Neste caso, ações que visam antecipar-se a essas eventualidades podem ser postas em prática. Um estudo do solo junto a um topógrafo identificará suas características.

Dessa forma, será possível pensar em ações alternativas que se antecipem a possíveis deslizamentos  e alagamentos. Entre elas, a construção de muros de arrumo e contenção, terraplanagem cuidados e também interferências no solo do empreendimento, como preparar o terreno com brito ou gesso.

Consultar o código de obras do município também pode reduzir as chances de mudanças climáticas interferirem em seu canteiro de obras. O código de obras do município indica quais áreas constituem maior perigo e é provável que o alvará para construção não seja liberado por estas circunstâncias.

Com o canteiro de obras instalado em um local seguro, o empreendimento também deve seguir à risca todas as normas de construção. Desse modo, reduzirá mais ainda as chances de qualquer acidente relacionado às condições naturais ou climáticas da região.

Mudanças climáticas e construção civil: a execução da obra

Os efeitos climáticos gerados pelo El Niño e outros fenômenos diferem de um lugar para o outro. Enquanto na região Sul registra-se um aumento de chuvas, ventanias e umidade, na Norte a seca prevalece, com pequenos períodos de chuva e forte calor. E já durante a execução da obra, os efeitos dessas intempéries são sentidos e trazem impactos diretos no planejamento realizado para entrega do empreendimento.

Um problema enfrentado pelas construtoras devido a estas mudanças climáticas está relacionado à umidade relativa do ar. Em regiões de maior umidade, por exemplo, um fenômeno como o El Niño dificulta a secagem do concreto. Isso afeta a obra em diversos pontos, desde gerar atrasos indesejáveis na entrega, desperdício de material de construção e, consequentemente, elevação dos custos do projeto.

Em contra partida, os mesmos fenômenos agravam as secas das regiões de menor umidade, como é o caso do nordeste brasileiro. Isso provoca dificuldades em se providenciar água e também impulsiona seu preço, sendo que toda obra demanda uma grande quantidade de água em diferentes processos, como a concretagem.

Áreas de maior umidade e que registram maiores períodos de chuvas podem estar mais sujeitas a inundações e enchentes. Dessa forma, é fundamental fazer um levantamento do histórico de inundações do terreno, contando com a orientação de um topógrafo. Além disso, construir edificações mais altas, estruturadas sobre pilares, é uma forma eficaz de proteger sua obra e também os futuros moradores, que estarão resguardados dos alagamentos após a entrega.

Não há muito o que se fazer a respeito das condições climáticas é importantíssimo levar em conta tais características para estar preparado para lidar com elas durante a execução da sua obra.

Mudanças climáticas e construção civil no pós-obra: reduzindo impactos

Contudo, a atenção com estes pontos críticos deve se estender além da conclusão do projeto. Mesmo com a edificação já entregue ao proprietário, a obra deve ser continuamente inspecionada, investigando possíveis fragilidades em sua estrutura que podem ser corrigidas antes de ocasionar maiores danos. Nesse caso, é essencial o acompanhamento de um especialista, que poderá  apontar as medidas mais assertivas para reparar a estrutura, preservando sua sustentação e prolongando sua vida útil.

Por isso, o acompanhamento de um engenheiro civil desde a etapa de planejamento da obra é fundamental para que a construção se torne mais resistente a tempestades e vendavais, uma vez que a forma da estrutura também pode influenciar em sua  vulnerabilidade.

Em regiões com maior tendência a tempestades e vendavais, é essencial que as telhas sejam fixadas ao telhado. Ventos fortes podem fazer com que se desprendam da estrutura e atinjam grandes velocidades, pondo em risco a vida de trabalhadores e pessoas que circulam próximas ao local. É preciso construir  telhados resistentes, de modo a evitar destelhamentos.

Além disso, é muito importante que a estrutura do telhado seja reforçada. Estruturas de madeira simples não são mais indicadas para regiões que registram ventos mais fortes, uma vez que as massas de ar incidentes sobre a estrutura geram vácuo, resultando no destelhamento. Uma das alternativas é o uso de travamento de vigas bem aglutinadas aos pilares devem manter a estrutura segura o bastante.

Para evitar o aumento da pressão interna do empreendimento, deve-se lacrar muito bem as portas e janelas. Algumas alternativas podem ser empregadas para evitar quebra de materiais devido às ventanias, que podem ser acompanhadas de queda de granizo. Uma delas seria construir janelas menores e mais numerosas, de modo a utilizar a mesma área de janela e reduzir os riscos de acidentes. Ou então, reforçar a estrutura das janelas com malhas de aço.

A responsabilidade não pode e nem deve recair toda sobre o sistema privado. A segurança das edificações também é de responsabilidade do proprietário, em garantir uma manutenção constante do imóvel e também do estado, em inspecionar e fiscalizar com maior rigor. No entanto, com essas medidas, sua empresa certamente estará mais segura e preparada para os efeitos da relação entre mudanças climáticas e construção civil, que marcam nosso tempo.